Review: Demons & Wizards – Demons & Wizards (1999, reedição 2019)



Unindo o peso e a rifferama do Iced Earth com o acento épico e a grandiosidade do Blind Guardian, o Demons & Wizards foi um dos projetos mais incríveis que o metal presenciou nas últimas décadas. A união entre a voz de Hansi Kürsch e a guitarra de Jon Schaffer gerou dois discos: a estreia batizada com o nome da banda (1999) e Touched by the Crimson King (2005). Ambos trazem um power metal forte que entrelaça as características das bandas dos dois músicos e entrega um novo caminho cativante. Os dois ganharam edições nacionais na época: o debut saiu pela Rock Brigade Records e o segundo pela Hellion Records.

Hansi e Jon decidiram reativar o Demons & Wizards, estão trabalhando em um novo álbum e tocarão nos festivais europeus e em diversas datas pelos Estados Unidos até o final do ano. Marcando esse retorno, decidiram também remasterizar os dois álbuns da banda, tanto musical quanto artisticamente. O resultado são duas lindas edições em CD que saíram lá fora pela Century Media e ganharam versões nacionais caprichadíssimas pela Hellion Records.

Demons & Wizards, o disco, traz as faixas originais e mais a versão para “White Room” do Cream, uma versão alternativa de “The Whistler” e a demo de “Heaven Denies. Em relação às músicas, o tracklist é igual ao da edição da Rock Brigade Records, porém com tudo remasterizado. Já em relação à parte gráfica, tudo muda. A capa também passou por um tratamento de atualização, com novos tons mais escuros, tudo devidamente acondicionado em um box deluxe de encher os olhos. Como não tenho o CD original da época, também não possuo parâmetros para fazer uma comparação entre o som das duas edições.

Em relação à música, na sua estreia o Demons & Wizards entrega um power metal que foca muito na potência da música (cortesia de Mr. Schaffer) e carrega todas as composições com uma aura emocional e demoníaca que casa perfeitamente com o som (valeu, Mr. Kürsch). Livre de toda a pomposidade do Blind Guardian, Hansi contribui para imprimir um ar de desespero ainda maior amparado pelo peso dos arranjos de Jon, tornando as músicas mais orgânicas e diretas no sentido de que tudo soa mais limpo e, em muitos casos, mas efetivo quando comparado com a grandiosidade onipresente na obra do Blind Guardian a partir da metade da década de 1990 – que também adoro, diga-se de passagem, mas é outra praia.

Entre as músicas, merece destaque, primeiramente, a alternância de dinâmicas na abordagem conduzida por Jon Schaffer. A maioria das composições possui trechos acústicos que criam climas meio mágicos e sobrenaturais, e que são devidamente interrompidos pelas explosões conduzidas pelos riffs cavalgados do líder do Iced Earth. Essa abordagem “luz e sombra” funciona com eficiência, conduzindo o ouvinte por montanhas-russas emocionais intensificadas pela voz única de Hansi Kürsch. A bateria de Richard Christy (Death, Control Denied, e que integrou o Iced Earth entre 2001 e 2004, gravando álbuns como o ótimo Horror Show) é outro destaque, unindo técnica e peso com andamentos sempre criativos e um ótimo trabalho de bumbo duplo. As guitarras também entregam vários trechos melódicos, enquanto Hansi varia o vocal para momentos onde soa mais suave. Toda essa receita cria um disco único e que não parece ter duas décadas de vida. Canções como “Heaven Denies”, “Poor Man’s Crusade”, “Fiddler on the Green”, “Winter of Souls”, “Gallows Pole” e "My Last Sunrise" (a primeira música composta pela dupla e raiz do projeto) seguem cativando e convertendo novos admiradores, e mostram a força da parceria entre Hansi Kürsch e Jon Schaffer.

Relançamento obrigatório e indispensável.

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