Unindo o peso e a rifferama do Iced Earth com o acento
épico e a grandiosidade do Blind Guardian, o Demons & Wizards foi um dos
projetos mais incríveis que o metal presenciou nas últimas décadas. A união
entre a voz de Hansi Kürsch e a guitarra de Jon Schaffer gerou dois discos: a estreia
batizada com o nome da banda (1999) e Touched by the Crimson King (2005). Ambos
trazem um power metal forte que entrelaça as características das bandas dos
dois músicos e entrega um novo caminho cativante. Os dois ganharam edições
nacionais na época: o debut saiu pela Rock Brigade Records e o segundo pela
Hellion Records.
Hansi e Jon decidiram reativar o Demons & Wizards,
estão trabalhando em um novo álbum e tocarão nos festivais europeus e em
diversas datas pelos Estados Unidos até o final do ano. Marcando esse retorno,
decidiram também remasterizar os dois álbuns da banda, tanto musical quanto
artisticamente. O resultado são duas lindas edições em CD que saíram lá fora
pela Century Media e ganharam versões nacionais caprichadíssimas
pela Hellion Records.
Demons & Wizards, o disco, traz as faixas originais e
mais a versão para “White Room” do Cream, uma versão alternativa de “The
Whistler” e a demo de “Heaven Denies. Em relação às músicas, o tracklist é
igual ao da edição da Rock Brigade Records, porém com tudo remasterizado. Já em
relação à parte gráfica, tudo muda. A capa também passou por um tratamento de
atualização, com novos tons mais escuros, tudo devidamente acondicionado em um
box deluxe de encher os olhos. Como não tenho o CD original da época, também
não possuo parâmetros para fazer uma comparação entre o som das duas edições.
Em relação à música, na sua estreia o Demons &
Wizards entrega um power metal que foca muito na potência da música (cortesia
de Mr. Schaffer) e carrega todas as composições com uma aura emocional e
demoníaca que casa perfeitamente com o som (valeu, Mr. Kürsch). Livre de toda a
pomposidade do Blind Guardian, Hansi contribui para imprimir um ar de desespero
ainda maior amparado pelo peso dos arranjos de Jon, tornando as músicas
mais orgânicas e diretas no sentido de que tudo soa mais limpo e, em muitos
casos, mas efetivo quando comparado com a grandiosidade onipresente na obra do
Blind Guardian a partir da metade da década de 1990 – que também adoro, diga-se
de passagem, mas é outra praia.
Entre as músicas, merece destaque, primeiramente, a alternância de dinâmicas na abordagem conduzida por Jon Schaffer. A maioria
das composições possui trechos acústicos que criam climas meio mágicos e
sobrenaturais, e que são devidamente interrompidos pelas explosões conduzidas
pelos riffs cavalgados do líder do Iced Earth. Essa abordagem “luz e sombra”
funciona com eficiência, conduzindo o ouvinte por montanhas-russas emocionais
intensificadas pela voz única de Hansi Kürsch. A bateria de Richard Christy
(Death, Control Denied, e que integrou o Iced Earth entre 2001 e 2004, gravando
álbuns como o ótimo Horror Show) é outro destaque, unindo técnica e peso com
andamentos sempre criativos e um ótimo trabalho de bumbo duplo. As guitarras
também entregam vários trechos melódicos, enquanto Hansi varia o vocal para
momentos onde soa mais suave. Toda essa receita cria um disco único e que não
parece ter duas décadas de vida. Canções como “Heaven Denies”, “Poor Man’s
Crusade”, “Fiddler on the Green”, “Winter of Souls”, “Gallows Pole” e "My Last Sunrise" (a primeira música composta pela dupla e raiz do projeto) seguem
cativando e convertendo novos admiradores, e mostram a força da parceria entre
Hansi Kürsch e Jon Schaffer.
Relançamento obrigatório e indispensável.
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