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Master of the Rings (1994) e o início da fase Andi Deris no Helloween


Depois de revolucionar o power metal com os dois volumes de Keeper of the Seven Keys (1987 e 1988) e se arriscar em experimentações ousadas em Pink Bubbles Go Ape (1991) e Chameleon (1993), o Helloween enfrentava uma crise profunda na metade dos anos 1990: as saídas do vocalista Michael Kiske e do baterista Ingo Schwichtenberg, conflitos internos, perda de relevância e instabilidade com a gravadora. Parecia o fim. Mas Master of the Rings, lançado em 8 de julho de 1994, foi a resposta — e o renascimento.

Marcando a estreia de Andi Deris (ex-Pink Cream 69) nos vocais e Uli Kush (ex-Gamma Ray, banda de um dos fundadores do Helloween, o vocalista e guitarrista Kai Hansen) na bateria, o álbum representou uma guinada corajosa: abandonou o excesso de suavidade dos trabalhos anteriores e resgatou a agressividade, mas sob uma nova identidade. Mais ríspido, direto e moderno, Master of the Rings não tenta repetir os Keepers, mas constrói um novo alicerce sonoro para o Helloween. A produção mais crua valoriza riffs cortantes e performances enérgicas, enquanto Andi Deris imprime personalidade logo de cara, com um timbre mais rasgado e versátil que o de Kiske e uma entrega mais próxima do hard rock.


O impacto é imediato: "Sole Survivor" abre os trabalhos como um soco na cara, com guitarras afiadas e refrão pegajoso. "Where the Rain Grows" recupera o clima épico com leveza melódica. Já "Perfect Gentleman" traz uma dose de humor e carisma, revelando o novo vocalista como um showman nato. Outras faixas marcantes incluem a densa "The Game Is On", a pesada "Still We Go" e a emocionante balada "In the Middle of a Heartbeat", que mostra que o Helloween ainda sabia tocar corações sem soar piegas.

O título e a arte do disco — com os icônicos anéis flutuando — resgatam o simbolismo dos sete anéis, conectando o novo momento à mitologia própria da banda. É como se o Helloween dissesse: a jornada continua, mas com novas chaves e novos portadores do legado.

Master of the Rings é um marco na história da banda alemã. Ele manteve o Helloween vivo em um momento de transição, reacendeu a chama criativa do grupo e preparou o terreno para a fase Deris, que se provaria longa, produtiva e bem-sucedida. É o som de uma banda que recusou a própria extinção e escolheu renascer das cinzas. E o fez com dignidade, energia e personalidade.


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