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Burn My Eyes (1994): o álbum que colocou o Machine Head no mapa do metal mundial


Um dos pilares fundamentais do groove metal dos anos 1990, Burn My Eyes, álbum de estreia do Machine Head, chegou em um momento de transição do metal: o thrash tradicional estava em declínio comercial, o grunge dominava as paradas e o metal precisava encontrar novas formas de se conectar a uma geração que cresceu ouvindo tanto Metallica quanto Pantera e Biohazard.

Formado em Oakland, na Califórnia, o Machine Head canalizou influências do thrash da Bay Area, da ferocidade do hardcore novaiorquino e da pegada arrastada do groove metal texano para criar um som denso, pesado e urbano. As guitarras afinadas em tons mais graves, a percussão seca e os riffs marcados transformaram Burn My Eyes em um manifesto de agressividade contemporânea. Ao lado de Vulgar Display of Power (1992), do Pantera, e Chaos A.D. (1993), do Sepultura, o álbum ajudou a definir a sonoridade que dominaria boa parte da década.

Entre as faixas, “Davidian” é um clássico absoluto, com o refrão eternizado como grito de guerra dos fãs. “Old” e “Ten Ton Hammer” (lançada no álbum seguinte, The More Things Change ..., de 1997, mas filha direta dessa fase) mostram a força dos grooves colossais que Robb Flynn e o guitarrista Logan Mader sabiam criar. “A Thousand Lies” e “The Rage to Overcome” mantêm a tensão, enquanto “Death Church” e “Blood for Blood” revelam o peso quase claustrofóbico que se tornaria marca registrada do quarteto – completado aqui pelo baixista Adam Duce e pelo baterista Chris Kontos. O álbum ainda traz letras carregadas de crítica social e observações sobre violência, religião e alienação, temas que dialogavam perfeitamente com o clima sombrio do início dos anos 1990.

Burn My Eyes pavimentou o caminho para que o groove metal se consolidasse como um gênero próprio, influenciando desde bandas emergentes da época até formações mais modernas que buscavam unir peso, groove e agressividade crua. Para muitos fãs e críticos, este é o auge criativo da banda — um disco em que a urgência de um grupo recém-formado e a habilidade de traduzir a fúria de uma geração se encontram de forma perfeita.

Mais de 30 anos depois, Burn My Eyes continua soando tão brutal e relevante quanto no dia de seu lançamento. Um clássico incontestável, não apenas do Machine Head, mas da história do metal.


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