Lançado cinco anos após A Matter of Life and Death e em meio à fase mais madura e ambiciosa da banda, The Final Frontier (2010), 15º álbum de estúdio do Iron Maiden, pegou muitos fãs de surpresa com seu clima mais denso, alongado e fortemente influenciado pelo rock progressivo — marca registrada da banda desde que Bruce Dickinson e Adrian Smith retornaram e o Maiden passou a ser um sexteto.
O contexto era peculiar: a banda, já consolidada como lenda do metal, podia se dar ao luxo de explorar composições mais complexas e narrativas épicas, sem a obrigação de buscar hits rápidos para as rádios. Produzido por Kevin Shirley, The Final Frontier apresenta um som encorpado, com camadas de guitarras e linhas de baixo que soam quase como instrumentos-guia para a construção das músicas. O álbum abre com a introdução atmosférica “Satellite 15”, que mergulha o ouvinte num clima espacial antes de explodir na faixa-título — um single direto, mas ainda impregnado pelo DNA dessa nova fase.
As influências progressivas ficam mais evidentes em faixas como “Isle of Avalon”, “Starblind” e “The Talisman”, todas com arranjos longos, mudanças de andamento e riffs que se desdobram como capítulos de uma história. “Coming Home” é um dos momentos mais emocionantes, com Bruce Dickinson cantando sobre a experiência de estar de volta após uma turnê, enquanto “When the Wild Wind Blows”, inspirada no livro homônimo de Raymond Briggs, fecha o álbum com seus mais de 11 minutos de clima melancólico e apocalíptico — e é uma das obras-primas ocultas dessa fase.
The Final Frontier ainda é alvo de debate: enquanto alguns o consideram longo demais, outros reconhecem que ele pavimentou o caminho para o monumental The Book of Souls (2015) e consolidou o Iron Maiden como uma banda que envelhece explorando novos territórios, sem abandonar sua identidade.
Com sua mistura de heavy metal clássico e progressivo elaborado, o álbum merece ser redescoberto e apreciado como um capítulo ousado e essencial na trajetória da Donzela de Ferro.
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