O material saiu em diferentes formatos: uma versão simples em CD, CD duplo standard, box em CD duplo e até um box especial com quatro LPs. Essa multiplicidade reforçava a tentativa de alcançar desde o fã casual até o colecionador mais dedicado. Mais do que um “greatest hits”, Best of the Beast funciona como um verdadeiro retrato da trajetória da banda até então, cobrindo desde os primeiros singles com Paul Di’Anno até as composições inéditas gravadas com Blaze.
A seleção de músicas é robusta e dá uma visão clara da evolução do Maiden. Clássicos como “The Number of the Beast”, “Run to the Hills”, “Aces High” e “Fear of the Dark” dividem espaço com faixas menos óbvias, caso de “Strange World” (na versão presente no clássico EP The Soundhouse Tapes, de 1979) e “Sanctuary”. A presença de inéditas como “Virus” – carregada de crítica social e com uma pegada mais sombria, uma das melhores composições da fase Blaze – e a versão ao vivo de “Afraid to Shoot Strangers” com Bayley nos vocais mostram que a banda ainda tentava se reinventar.
Musicalmente, Best of the Beast reafirma as principais influências do Iron Maiden: o peso e a velocidade herdados do heavy metal setentista do Judas Priest e do Deep Purple, misturados ao lirismo épico que dialogava com literatura, cinema e história. É possível perceber como o grupo, faixa a faixa, foi expandindo seu escopo narrativo e sonoro, criando uma identidade única que influenciaria incontáveis bandas pelo mundo.
O impacto de Best of the Beast foi imediato. Para quem estava chegando ao universo da banda, servia como um resumo perfeito de quase duas décadas de carreira. Para os fãs antigos, era uma oportunidade de ouvir registros inéditos e, claro, de adquirir um item de coleção com diferentes versões e encartes caprichados. Com o tempo, o álbum se tornou um marco dentro da discografia do Iron Maiden, ainda que posteriormente fosse substituído por coletâneas mais enxutas como Edward the Great (2002) e Somewhere Back in Time (2008).
O legado de Best of the Beast está justamente na forma como conseguiu congelar no tempo a história do grupo até meados dos anos 1990. Ele mostra não apenas os hinos que moldaram o heavy metal moderno, mas também um período de transição, quando a banda buscava reafirmar sua relevância em meio a mudanças internas e às transformações no cenário musical. Hoje, a compilação é lembrada com carinho pelos fãs, especialmente pelos colecionadores, já que várias de suas edições estão fora de catálogo e se tornaram peças cobiçadas.
Mais do que um simples best of, este disco é um testemunho da força e da longevidade do Iron Maiden – uma banda que, mesmo nos momentos mais conturbados, nunca deixou de olhar para sua própria história como fonte de energia e inspiração.
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