Dark Passion Play (2007) marcou um dos capítulos mais turbulentos e decisivos da carreira do Nightwish. Após a polêmica demissão da vocalista Tarja Turunen em 2005, a banda finlandesa se viu em uma encruzilhada: seguir em frente ou ser engolida pelo peso de sua própria história. A escolha por Anette Olzon, até então pouco conhecida, trouxe uma mudança radical e colocou o grupo no centro de uma expectativa gigantesca.
O disco mostra um Nightwish ciente da responsabilidade de provar sua relevância sem a voz que havia se tornado sua marca. A produção é grandiosa, comandada por Tuomas Holopainen, com orquestra completa regida por Pip Williams, gravada em Abbey Road e explorando ainda mais as texturas cinematográficas que a banda já vinha experimentando.
Musicalmente, Dark Passion Play equilibra o peso do metal sinfônico com arranjos orquestrais exuberantes. O álbum abre com a épica “The Poet and the Pendulum”, uma suíte de quase 14 minutos que resume os dilemas pessoais de Tuomas e o espírito do trabalho: melancolia, drama e grandiosidade. Já “Amaranth” e “Bye Bye Beautiful” apresentam o lado mais acessível e direto, explorando refrões pop e guitarras pesadas.
O álbum também reserva espaço para o experimentalismo: “The Islander” surpreende ao apostar em uma atmosfera folk quase celta, com Marco Hietala assumindo os vocais principais. “Sahara” e “7 Days to the Wolves” mantêm a veia mais tradicional do Nightwish, enquanto “Meadows of Heaven” encerra o disco em tom quase gospel, reforçando a diversidade de influências.
Se, por um lado, houve críticas à voz de Anette por não carregar o peso lírico de Tarja, por outro o disco mostrou que o Nightwish poderia sobreviver e até expandir sua base de fãs. Comercialmente, foi um sucesso estrondoso, vendendo milhões de cópias e consolidando a banda como um dos maiores nomes do metal europeu do século XXI.
Com Dark Passion Play, o Nightwish conseguiu provar que era maior do que a polêmica em torno de sua vocalista original. O álbum inaugurou uma nova era, abriu caminhos para uma sonoridade ainda mais cinematográfica e manteve o grupo no topo da cena mundial. Ainda hoje divide opiniões, mas é inegável que foi um trabalho de coragem e reinvenção.
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