Dream Theater em Metropolis Pt. 2: Scenes From a Memory (1999): quando o prog metal alcançou a perfeição
Metropolis Pt. 2: Scenes From a Memory é o disco que consolidou o Dream Theater como o principal nome do metal progressivo. Depois da ótima recepção de Images and Words (1992) e do sucesso relativo de Awake (1994), a banda entrou em uma fase turbulenta com Falling Into Infinity (1997), um álbum pressionado pela gravadora e marcado por tensões internas. O quinteto sentia que havia se distanciado da essência criativa que o consagrou, e a resposta veio em forma de um épico conceitual que redefiniu sua trajetória.
O disco marca também a estreia do tecladista Jordan Rudess, que se juntou a John Petrucci, Mike Portnoy, John Myung e James LaBrie e completou a formação clássica do grupo. Com ele, o Dream Theater encontrou o equilíbrio entre virtuosismo e emoção, criando uma obra cinematográfica, coesa e tecnicamente impecável.
A história de Scenes From a Memory dá continuidade à canção “Metropolis Pt. 1: The Miracle and the Sleeper”, presente em Images and Words, e narra a jornada de Nicholas, um homem atormentado por visões de uma vida passada. Ao se submeter à hipnose, ele descobre ter sido Victoria Page, uma jovem assassinada em 1928 em um triângulo amoroso que envolve os irmãos Julian e Edward. A trama mistura reencarnação, culpa e redenção, conduzida com uma intensidade que faz o ouvinte mergulhar completamente no enredo.
Musicalmente, o álbum é um espetáculo. “Regression” e “Overture 1928” estabelecem o clima e apresentam os temas que serão revisitados ao longo da obra. “Strange Déjà Vu” e “Through My Words” conectam emoção e técnica com naturalidade. “Fatal Tragedy” e “Beyond This Life” exibem o Dream Theater em seu auge instrumental, com passagens que alternam peso e melodia de forma precisa. “Home”, talvez a faixa mais emblemática do disco, combina riffs orientais, grooves hipnóticos e uma narrativa intensa que conduz o ouvinte ao clímax da história. A sequência final — “The Spirit Carries On” e “Finally Free” — encerra o álbum com uma catarse emocional digna dos grandes momentos da música progressiva. E, no meio de tudo, a banda ainda entrega aquela que é provavelmente a sua composição instrumental mais conhecida, a intrincadíssima “The Dance of Eternity”.
O disco foi saudado como um clássico instantâneo, revitalizou o prog metal e influenciou toda uma geração de bandas progressivas dos anos 2000, de Symphony X a Haken. É um álbum que transcende o metal técnico e o virtuosismo — cada solo, cada virada de bateria e cada nota estão a serviço da narrativa.
Metropolis Pt. 2: Scenes From a Memory segue sendo o ponto de referência do Dream Theater. É o tipo de obra que resume tudo o que a banda representa: ambição artística, precisão técnica e emoção genuína. Um disco que não apenas contou uma história, mas entrou para a história ao criar um universo inteiro dentro da música.
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