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Tartarugas Ninja: o segundo volume da Coleção IDW aprofunda a mitologia, expande o universo e é diversão garantida (2025, Pipoca & Nanquim)


O segundo volume da Coleção IDW das Tartarugas Ninja, publicado no Brasil pela Pipoca & Nanquim, consolida a fase moderna das personagens com um equilíbrio entre nostalgia e reinvenção. Reunindo as edições #13 a #20 da série principal iniciada em 2011 e diversas minisséries paralelas — Casey Jones, April O’Neil, Fugitoide, Krang, Baxter Stockman e A História Secreta do Clã do Pé — a edição amplia o universo iniciado no volume anterior e aprofunda as relações e conflitos que sustentam essa nova mitologia das Tartarugas.

O material é resultado direto da parceria entre Kevin Eastman (co-criador original), Tom Waltz e uma equipe de artistas que inclui nomes como Andy Kuhn, Ben Bates e o brasileiro Mateus Santolouco, que assume a arte e o roteiro (ao lado de Erik Burnham) de A História Secreta do Clã do Pé — arco de quatro partes que é o grande destaque deste volume. Essa história, que revisita a origem do Clã do Pé com uma atmosfera de épico samurai, combina roteiro sólido com o traço dinâmico e expressivo de Santolouco, entregando uma das melhores sínteses de ação e mitologia de toda a fase IDW.

Nem tudo, porém, mantém o mesmo nível. A variação de artistas entre os capítulos principais provoca oscilações perceptíveis no ritmo e na qualidade das ilustrações. Alguns trechos têm um acabamento mais apressado, enquanto outros — especialmente os desenhados por Santolouco — elevam o padrão de forma notável. Ainda assim, o roteiro de Waltz mantém a coerência narrativa, e o resultado final é uma leitura envolvente, que não perde de vista o coração da franquia: a lealdade, a irmandade e a eterna tensão entre honra e vingança.



Em termos editoriais, a Pipoca & Nanquim segue entregando uma edição de altíssimo nível. São 420 páginas em capa dura, papel couchê de alta gramatura, acabamento de luxo com fitilho e verniz localizado — tudo no formato 17,5 × 28 cm, pensado para valorizar a arte e o peso visual das páginas. Destaque para o detalhe da lombada, cuja ilustração remete à empunhadura dos bastões das tartarugas. A tradução, assinada por Bernardo Santana, mantém o padrão de fluidez do volume anterior, e a ordem de leitura segue fiel à cronologia ideal sugerida pela própria IDW, incluindo todos os spin-offs e especiais que complementam o arco principal.

Comparado ao primeiro volume, este segundo tomo é mais ambicioso e denso. A trama se abre em múltiplas frentes — o conflito com o Destruidor, as maquinações de Krang, a jornada de Casey e April — e deixa clara a intenção dos roteiristas de transformar as Tartarugas em um universo coeso e expansivo, à altura das grandes franquias de quadrinhos. É, ao mesmo tempo, um livro de ação e um manual de world building. Para os fãs das Tartarugas Ninja, trata-se de um volume essencial. Pela relevância histórica dessa fase, a qualidade das histórias e o acabamento impecável, a edição da Pipoca & Nanquim oferece uma das melhores experiências possíveis tanto para leitura quanto para coleção.

Há altos e baixos, como em qualquer série longa, mas o saldo é amplamente positivo: o segundo volume da Coleção IDW reforça que as Tartarugas Ninja da IDW são, provavelmente, a encarnação mais sólida, adulta e bem construída das personagens desde sua criação nos anos 1980.

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