Pular para o conteúdo principal

Alice in Chains em Live (2000): o retrato cru de uma banda impossível de domar


Lançado em dezembro de 2000, Live é um registro que captura o Alice in Chains em seu estado natural: intenso, sombrio, irregular e profundamente humano. Não se trata de um show completo, mas de uma compilação de performances gravadas entre 1990 e 1996 em um recorte de palcos diferentes, formações de momento e atmosferas que oscilam entre o explosivo e o instável. Justamente por isso, o álbum funciona como uma espécie de diário aberto da banda em sua fase clássica.

As primeiras faixas mostram o grupo ainda faminto, com “Bleed the Freak” e “Man in the Box” reafirmando a força dos riffs de Jerry Cantrell e o impacto imediato da voz de Layne Staley. Já nos momentos mais densos, como “Love, Hate, Love” e “Angry Chair”, as performances mergulham no território emocional característico do AIC, oscilando entre a catarse e a vulnerabilidade, duas palavras que definem bem o legado da banda.


A recepção ao álbum sempre foi dividida entre a crítica e os fãs. Enquanto alguns elogiam o clima hipnótico e a crueza das gravações, outros apontam a inconsistência técnica e vocal de certas faixas, especialmente da fase final com Layne. Mas enxergar isso como um defeito é ignorar o verdadeiro valor de Live: ele não tenta esconder nada. É um documento fiel de uma banda que nunca existiu para ser perfeita, e sim para ser real.

Para quem coleciona a banda, Live ocupa uma posição curiosa. Não é tão celebrado quanto o MTV Unplugged (1996) nem tão direto quanto os álbuns de estúdio, mas guarda uma importância única por registrar, sem filtros, o impacto do Alice in Chains sobre um palco, algo raro, considerando o quão pouco a banda excursionou.

Live não é um disco para iniciantes. É para quem já viveu a obra do Alice in Chains e quer entender melhor o que acontecia entre as frestas dos trabalhos de estúdio. Um registro imperfeito, intenso e essencial, exatamente como a banda era ao vivo.


Comentários