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Oceanborn (1998): quando a Nightwish aprendeu a soar como Nightwish


Oceanborn (1998) é o primeiro grande voo do Nightwish. Se a estreia Angels Fall First (1997) ainda soava tímida, dividida entre folk e metal melódico, o segundo álbum transforma essa hesitação em pura ambição. Aqui a banda descobre não apenas como quer soar, mas o tamanho exato de sua própria grandiosidade. E decide abraçá-la sem medo.

O disco marca a consolidação do que, anos depois, seria reconhecido como a espinha dorsal do symphonic metal: guitarras rápidas e melodias de power metal, arranjos neoclássicos de teclado e a voz operística de Tarja Turunen ocupando o centro do palco com uma segurança que já anunciava uma carreira única. Tudo é mais veloz, mais dramático e mais cinematográfico do que antes, como se Tuomas Holopainen tivesse encontrado, de repente, a chave do seu mundo interior.

“Stargazers” abre o álbum sem pedir licença, uma avalanche power metal que expõe de cara a nova proposta: velocidade, técnica e melodia convivendo com naturalidade. “Gethsemane” e “Sacrament of Wilderness” sustentam a força do início, mostrando uma banda que equilibra peso e fantasia com precisão surpreendente. Já “The Pharaoh Sails to Orion”, com participação de Tapio Wilska (vocal da banda de metal finlandesa Sethian) entrega um dos momentos mais teatrais da história do grupo, praticamente um mini épico dentro do próprio disco.


Mesmo a escolha de “Walking in the Air” como cover revela a intenção estética: não é apenas reinterpretar uma canção, mas transportá-la para esse universo grandioso que a banda estava construindo. E funciona: o resultado é delicado, melancólico e cheio de atmosfera, colocando a composição do inglês Howard Blake em um nível que ela nunca tinha alcançado.

Oceanborn foi o primeiro álbum do Nightwish a ganhar reconhecimento internacional, o ponto em que o grupo deixou de ser apenas promissor e se tornou referência. Não é difícil entender por quê: embora a produção ainda carregue alguns traços do fim dos anos 1990, o disco impressiona pela clareza da visão. Existe urgência, juventude e um impulso criativo quase ingênuo, mas também uma confiança rara e aquela certeza de que algo grande está sendo moldado.

O disco segue mantendo a mesma força. É o registro em que o Nightwish descobre sua própria identidade e, ao mesmo tempo, inaugura um caminho que influenciaria uma geração inteira de bandas. Um daqueles álbuns em que dá pra ouvir não apenas um grupo em ascensão, mas um estilo inteiro tomando forma. Para quem acompanha rock e metal buscando narrativas, evolução e personalidade, Oceanborn segue sendo um daqueles discos que não se esquece. Porque nele, finalmente, o Nightwish aprendeu a soar como o Nightwish.


Comentários

  1. Me recordo do impacto quando escutei esse disco no ano do lançamento. Dou nota 10.

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