On the Road: Dave Matthews Band - US Tour 2008 - Parte Final


Por Rodrigo Simas
DMBrasil

Depois da difícil noite anterior, nosso ânimo para o dia seguinte não era dos melhores. A programação era sair, comer alguma coisa e chegar o mais cedo possível no Staples Center, dar uma relaxada no lounge (local onde convidados da banda tem comida e bebida de graça), comprar o poster do dia e esperar o show começar. Era a primeira apresentação sem Leroi Moore e tudo era muito recente para não pensar nisso o tempo todo.

A chegada foi tranquila. Retiramos nossos ingressos e fomos ver onde estávamos sentados dessa vez. Chão ... teoricamente um lugar melhor do que o da noite anterior, mas a visão era definitivamente pior, já que o palco era um pouco baixo. Com o poster na mão, fomos para o lounge, tomamos algumas cervejas e decidimos passar no backstage para dar oi a todos.

Falamos com Rashawn, Tim passou algumas vez sem nenhum contato e Stefan estava jantando. Quando estávamos quase indo embora, encontramos Dave. Conversamos sobre Roi e sobre a dor da perda que todos estavam sentindo – disse que provavelmente vai usar as partes já gravadas pelo saxofonista no novo CD da Dave Matthews Band. Lhe desejamos um bom show e fomos direto para nossas cadeiras, sabendo que ia ser difícil assistir a tudo mais uma vez.


A banda novamente se superou. O começo foi emocionante com "Seek Up" e "Warehouse". Além delas, "Rapunzel", "Jimi Thing", "#41" e "Crush "marcaram uma apresentação memorável. Dave ainda mencionou Leroi, dizendo o quanto ele odiava a música "Old Dirt Hill", antes de tocá-la. O bis, com "Sledgehammer" e "Stay" encerrou a noite com um particular clima alegre – mostrando que a Dave Matthews Band tinha realmente decidido homenagear o amigo da melhor maneira possível: tocando.

Mochilas arrumadas, a última parada da viagem era em Chula Vista, bem perto de San Diego, também na Califórnia. Depois de horas viajando de carro começamos a ver placas avisando que estávamos nos aproximando do México. Nossa saída (que chegamos a errar e ter que voltar de ré) era exatamente a última antes de chegar na fronteira com o país vizinho. Fomos avisados: sair é fácil, o difícil é voltar – era melhor não perdermos de nenhuma maneira essa saída.

Um calor infernal em Chula Vista. Dirigimos para o local do show, o Cricket Wireless Amphitheatre, que ficava literalmente no meio do nada. O lugar era lindo. De todos os anfiteatros que já fui nos Estados Unidos esse foi de longe o mais belo. A natureza ao redor ajuda bastante, mas o anfiteatro em si já é bastante bonito, com as cadeiras montadas subindo a colina e sem a cobertura usual. O público fica totalmente descoberto. Chegamos a tempo de ver o final da passagem de som, que é sempre uma hora especial, já que a banda prepara e ensaia os últimos detalhes do show nesse momento. Nos avisaram no hotel que a noite ficaria muito frio e fomos preparados para isso – mas muito antes de anoitecer a temperatura começou a cair radicalmente.


Era o dia de dizer tchau e fomos direto para o ônibus do Carter para dar um abraço e “até mês que vem” (só pensar nisso era uma sensação boa). Chegando lá fomos – como sempre – muito bem recebidos. Daryl (o segurança) estava vendo TV e Tim estava no corredor arrumando suas malas. Conversamos bastante, Carter falou mais um pouco sobre LeRoi e contou que ele começou tocando teclado, quando os dois eram ainda crianças. No meio da conversa Dave Matthews entrou para fechar o set list. Já adiantou que ia rolar "Sugar Will" (foi tocada na passagem de som), mas preferimos ficar com a surpresa do restante. Depois de mais um tempo conversando (e eles dizendo que também não acham nada demais de Los Angeles), era hora de ir para nossos lugares. Na saída do ônibus, Daryl perguntou se queríamos assistir uma parte do show do palco. Lógico que sim!  Combinamos quando e fomos embora.

Mais uma vez a abertura foi com "Bartender". Sempre um bom começo. Durante o show (quase sempre acontece, mas dessa vez foi demais) muitas pessoas jogaram cigarros de maconha no palco. Dave sempre pega e mostra para a platéia. Uma hora, com uns cinco baseados na mão, disse no microfone "you are trying to make me high" ("vocês estão tentando me deixar doidão"). Até que tacaram um tijolo de maconha: Dave pegou e levou diretamente para Jeff Coffin, que ria sem parar.

"Don’t Drink The Water", "Crush" e "Lover Lay Down" foram alguns dos destaques, mas o melhor ainda estava por vir: Daryl apareceu e nos levou para o palco, onde assistimos seis músicas usando o fone de retorno da banda – onde você ouve inclusive a conversa deles entre as canções. Sensacional!   Dave acenou algumas vezes e alterou na hora o set list, encaixando "Ants Marching" entre "Everyday" e "The Dreaming Tree". Não tinha como acabar melhor. Foi uma sensação indescritível ficar um tempo no palco, vendo o show por um ângulo completamente diferente e ainda ouvir o próprio retorno da banda.

A apresentação acabou e corremos para o backstage para pegar o grupo antes de entrarem em seus respectivos ônibus. Nos despedimos de todos prometendo nos encontrar em um mês em São Paulo, para o segundo show da Turnê Sul Americana – eles se mostraram felizes por voltar para o Brasil, já que o próprio Leroi Moore adorava o país e era o mais empolgado para tocar por aqui. Saímos com a certeza que voltaremos em 2009 e com a promessa de grandes emoções por aqui.



Comentários

  1. Ótima história. Interessante a descrição do Rodrigo Simas de até onde se deve (pode) aproximar dos caras. Bom saber que agora, definitivamente, eles sabem aonde fica o Brasil.

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  2. Marcello, esses textos do Simas são realmente fantásticos. E, com certeza, é preciso se policiar na convivência com nossos ídolos.

    Aguarde que em breve teremos mais textos do Rodrigo aqui no site.

    Abração.

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  3. Desde q o leroi (na minha opinião o músico mais sensível da banda) morreu estou com um certo "bloqueio" qdo tento ouvir DMB. Soa estranho. A morte dele pegou todos de surpresa. Por outro lado, tenho curiosidade em saber como o substituto está se virando. Tá ae uma coisa que eu gostaria de saber da opinião do Simas: o q banda deveia fazer? lançar um ao vivo já, com a nova formação, para estabeler uma ponte entre Roi e o jeff? Ou manter as coisais como estão, pois o legado de Roi nunca se perderá?

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  4. Marcello, esse seu questionamento sobre a DMB é muito interessante. Acho que nem os caras sabem muito bem pra que lado correr, já que, como você bem disse, a morte do Leroi pegou todos de surpresa. Vamos ver no que vai dar.

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