Flávio Guimarães - Vivo (2008)


Por Ugo Medeiros
Colecionador e Jornalista
Coluna Blues Rock

Cotação: ****


Puta que pariu, ainda há esperanças para o Brasil!  Apesar de vivermos em um país que faz questão de não incentivar a cultura, ainda há quem luta contra a indústria do jabá e tenta produzir arte. Ao escutar o novo álbum do gaitista Flávio Guimarães, "Vivo" (Delira Blues), me bateu uma felicidade ao constatar que nem tudo está perdido.

O integrante fundador do Blues Etílicos, disparada a melhor banda brasileira de blues, lançou o primeiro registro ao vivo de sua carreira. O disco é um cruzado de direita no queixo do ouvinte. Esbanjando virtuosismo e técnica, Flávio mostra que sua música está madura. Ao lado da Blues Groovers,
sideband requisitada por nomes como Big Gilson e Maurício Sahady, nas primeiras nove faixas Flávio faz um tour pelos clássicos de alguns bluesmen.

Para a abertura, um
cover matador de "Wild Wild Woman" (Johnny Young), em que o gaitista executa um solo capaz de sacudir os ossos de Robert Johnson. "River Hip Mama" (Charles Musselwhite) é a resposta ideal aos que perguntam qual a grande influência do brasileiro. "Last Night" (Little Walter), um blues com bastante feeling, solos de gaita e slide recheadas de sentimentos. "Bad Boy" (Eddie Taylor) é um blues com groove e mostra o grande entrosamento entre Otávio Rocha (guitarra), Ugo Perrotta (baixo) e Beto Werther (bateria). "Bright Lights Big City" (Jimmy Reed) é uma agradável busca por um som vintage. "Blues Stu" (Robben Ford), com outra banda de apoio, tem uma deliciosa pitada de jazz.

Ainda há grandes surpresas, na verdade presentes ao público: duas faixas acústicas com participações especiais; "Darkest Hour" (Charles Musselwhite), conta com voz e violão do próprio Charles, e "Madcat’s Groove" (Guimarães/Ruth), com Peter “Madcat” Ruth, gaitista americano que teve a honra de tocar com a lenda Dave Brubeck e de ganhar o Grammy.

"Vivo" é a consolidação de Flávio Guimarães como um dos maiores gaitistas da atualidade. Seu disco derruba qualquer preconceito restante sobre a qualidade do blues brasileiro. Compre, copie, baixe, pegue emprestado, enfim, ESCUTE!

Faixas:
1. Wild Wild Woman
2. River Hip Woman
3. Just Your Fool
4. Last Night
5. Bad Boy
6. Big Boss Man
7. Bright Lights Big City
8. It Ain't Right
9. If I Should Have Bad Luck
10. Blue Stu
11. Darkest Hour
12. Madcat's Groove

Comentários

  1. Ugo, seu review está sensacional, exalando paixão. Dá vontade de sair correndo atrás do disco e devorá-lo!

    Ainda não vi esse álbum por aqui, mas encontrei no final do ano o novo do Blues Etílicos, também lançado pela Delira, e me pareceu ter um acabamento gráfico de primeira. Confere?

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  2. Valeu Cadão!

    Cara, eu sou suspeitíssimo para falar do Blues Etílicos. Eles são FODAS! Bicho, o último Cd deles é o melhor da carreira. DISCAÇO!

    Greg Wilson é americano do Mississipi (canta com o sotaque certo);
    Otavio Rocha tem um slide que pega fogo;
    A cozinha é muito boa;
    E o Flávio está entre os 5 melhores gaitistas do mundo (inclusive o próprio Charles Musselwhite falou que ele ja o superou)...

    Cara, vc tem que ir a um show deles... É de ficar boquiaberto...

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