Por Ronaldo Rodrigues
Colecionador
Collector´s Room
Apresentador do programa Estação Rádio Espacial
Solid Rock Radio
No final dos anos sessenta e ínicio dos setenta, o Guess Who era o que havia de mais popular vindo do Canadá em se tratando de rock. A banda, apesar de ficar razoavelmente famosa apenas no fim dos sixties, já vinha na estrada desde os idos de 1964-1965, com seu som beat-garageiro. Já tinha feito um sucesso grande com a canção “These Eyes” entre 1968 e 1969. O estouro veio mesmo em 1970 com o disco American Woman, uma coleção de pérolas musicais em se tratando de composições inspiradas. O grupo, naquele ano, era formado por Burton Cummings, Randy Bachmann, Jim Kale e Gary Peterson.
A música surgiu a partir de uma base improvisada em um show e foi gravada ainda em 1969. “American Woman”, faixa de batismo do disco, vinha logo de cara na bolacha e já dava as cartas, começando com um blues safado soletrando A-M-E-R-I-C-A-N. A letra da música, que só pelo título pode até parecer um ode sexual às mulheres do lado de lá da fronteira, na verdade é um tremendo esculacho provocativo do letrista com as garotas estadunidenses – “go, gotta get away” ; “american woman get it away from me” ; “I don’t wanna see your face no more!” (devemos lembrar que existe entre os Estados Unidos e o Canadá aquelas infundadas rivalidades fronteiriças). Randy Bachmann já chegou a afirmar que a citada “american woman” seria a estátua da liberdade e, por consequência, a letra assumiria até um tom anti-guerra.
Depois do ínicio acústico (podado nas versões radiofônicas e no single), vem um riff simples baseado em dois acordes que acompanha a música por toda sua extensão, com característicos efeitos tremolo que dão uma base cadenciada para os viscerais vocais de Cummings (na minha opinião um dos maiores vocalistas da época) e para o fuzz da guitarra de Randy Bachmann (futuro Bachmann-Turner Overdrive), soprando forte para reacender as últimas brasas do acid rock. Na canção, tudo soa simples, mas a interpretação do Guess Who é indiscutivelmente boa e sua pegada é incomparável. Magia pura, como as canções dos Beatles. A singeleza bem aplicada e a alma entregue no balanço sensual da música tornam-a memorável.
O single de “American Woman” tinha no lado B a canção “No Sugar Tonight”. O disco vendeu muito bem e a música foi hit naquele ano, ficando três semanas no top#100 da Billboard, dividindo o top da parada com os Beatles e o Jackson Five. Chegou a fazer sucesso também na Europa, alcançando a 19º posição nas paradas do Reino Unido. A banda até participou do programa de TV Beat Club da emissora Bremen, na Alemanha (lamentevelmente em playback, o que não era comum acontecer naquele período nas gravações do programa).
Ao vivo, o grupo fazia longas e incríveis versões de "American Woman" em clima de jam session e com solos individuais, tal como registrado no essencial Live at Paramount de 1972 (em suspirantes dezessete minutos de duração).
A música já figurou em várias listas das melhores canções de rock e voltou a ficar famosa (e a ser conhecida por novos rockers) pela releitura de Lenny Kravitz, integrando a trilha sonora do filme Austin Powers – The Spy Who Shagged Me. Do mesmo disco também saiu outro hit do grupo – “No Time”, regravada com uma versão um pouco diferente da primeira registrada no álbum Canned Wheat.
Faixa excelente de um álbum excelente. Discordo apenas que todas as músicas dos Beatles são cercadas de magia, mas iso é questão de gosto. Poderia ter citado também a participação de American Woman em uma amosa cena do multi-premiado filme Beleza Americana, o qual teve uma de suas inspirações na letra da canção.
ResponderExcluirColegas, corrijam: 'Guess' e não 'Ghess', ok??
ResponderExcluirFábio, valeu pelo toque. Já corrigido. Abraço.
ResponderExcluirGrande banda cheia de discos muito bons. Ótima resenha.
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