Começando a coleção: Ramones


Por Ale Cubas
Colecionador

Começando a coleção é a sessão que eu mais gosto de escrever aqui na Collector’s Room, mas devo admitir que existem algumas bandas que nos deixam em um beco sem saída na hora de escolher apenas três álbuns para representar sua discografia. O Ramones é uma delas. Mesmo dividindo sua carreira em fases distintas, alguns álbuns mais do que indispensáveis acabam ficando de fora, como foi o caso de Animal Boy (1986), Pleasant Dreams (1981), Brain Drain (1989), Too Tough to Die (1984) e End of the Century (1980), que tive que acabar deixando de lado.

A banda Ramones foi fundada em Nova York, Estados Unidos, e influenciou várias gerações, com músicas simples e com poucos acordes. Seja com a formação tradicional, que contava com Jeffry Ross Hyman (Joey), John Cummings (Johnny), Douglas Glenn Colvin (Dee Dee) e Marc Bell (Marky) ou também com Richard Reinhardt aka Beau (Richie), Tamás “Thomas” Erdélyi (Tommy) ou Christopher Joseph Ward (CJ), o quarteto é sem dúvida nenhuma uma das bandas mais queridas do rock e, com esse seu estilo totalmente descompromissado, conseguiu reconhecimento e admiradores muito além do público do rock.

Bom, então ficam aí minhas sugestões de alguns belos registros gravados por esta verdadeira entidade do rock and roll.

Ramones (1976) ****1/2

Apesar da dificuldade em escolher apenas três discos como citei anteriormente, este debut não tinha como ficar de fora. Além de ter sido o álbum que apresentou os Ramones pela primeira vez, este registro também pode ser considerado como o primeiro disco punk da história. Sem solos, poucos acordes, letras simples, músicas curtas, mas com muita, muita energia.

Apesar da simplicidade, e porque não da agressividade, as músicas eram basicamente baseadas no rock dos anos 50 - inclusive o quarteto gravou uma versão para "Let’s Dance", de Jim Lee.

São muitos os clássicos que formam este LP, como "Blitzkrieg Bop", que é uma das principais composições da banda e que imortalizou a frase “Hey ho let’s go”, que identifica o grupo e virou uma espécie de grito de guerra de seus fãs. O tracklist continua com grandes faixas como "Beat on the Brat", "Judy is a Punk", "Now I Wanna Sniff Some Glue", "I Don’t Wanna Do Down to the Basement", "Havana Affair", "56rd & 3rd", "Today Your Love Tomorrow the World", entre outras pérolas.

A formação original contava com Joey Ramone no vocal, Johnny Ramone na guitarra, Dee Dee Ramone no baixo e Tommy Ramone na bateria.

No ano seguinte, 1977, o grupo lançou o também excelente
Leave Home, que eu considero uma perfeita continuação deste primeiro álbum.

Só em termos de curiosidade o nome do conjunto foi inspirado em uma alcunha fictícia que o Beatle Paul McCartney utilizava em hotéis para não ser identificado tão facilmente pelos fãs e jornalistas de plantão.

Uma verdadeira referência para as próximas gerações do punk e do rock.

Rocket to Russia (1977) *****

Rocket to Russia é um dos álbuns, se não o álbum, que mais nos traz clássicos dos Ramones, e é o trabalho favorito da grande maioria dos fãs do conjunto nova-iorquino. Encontramos neste disco sonzeiras como "Rockaway Beach", a balada "Here Today Gone Tomorrow", "I Don’t Care", "Sheena is a Punk Rocker", "We’re a Happy Family", "I Wanna Be Well", "Teenage Lobotomy", além dos covers para "Surfin’ Bird" e "Do You Wanna Dance?". Essas composições serviram durante muitos anos como base nos sempre empolgantes shows da banda pelo mundo afora.

Este álbum também foi a despedida do baterista Tommy Ramone, que foi substituído por Marky Ramone, que veio do grupo de hard rock setentista Dust e que se tornou um nome muito importante dentro do conjunto, fazendo sua estreia no próximo disco, intitulado de
Road to Ruin (1978).

Adios Amigos (1995) ***1/2

Como o próprio título já entrega, Adios Amigos foi o último disco de estúdio gravado pelos Ramones, e a escolha do idioma para o título foi uma homenagem aos fãs sul-americanos, pois países como Brasil, Argentina e Chile, além de serem os lugares onde a banda mais tinha fãs, eram primeiramente locais onde eles gostavam de tocar e estar.

Obviamente com uma produção muito mais moderna do que os citados anteriormente,
Adios Amigos ainda traz uma banda afiada como nos velhos tempos. Apesar de não tocar mais no grup, a maioria das músicas e letras ainda são de composições de Dee Dee Ramone.

O álbum abre com o cover de "I Don’t Wanna Grow Up", canção de Tom Waits e que ficou muito boa na versão dos Ramones, parecendo até que a música havia sido composta por eles, transformado-se assim no grande destaque do disco. Ainda temos faixas como "It’s Not for Me to Know", que Dee Dee já havia gravado em um álbum solo; "She Talks to Rainbows", composta por Joey e que o restante da banda não gostava, pois achavam a letra meio hippie demais; "Take the Pain Away"; "Have a Nice Day"; "Born to Die in Berlin", entre outras, mas outro ponto alto do play são as faixas cantadas também pelo baixista CJ, que tem uma grande performance neste álbum, como em "Makin´ Monsters for My Friends", "The Crusher", "Cretin Family" e "Scattergun". Até poderia parecer que CJ cantou tantas músicas pois Joey já estava ficando doente, mas esta teoria já pode ser descartada, pois na sequência a banda ainda lançou alguns álbuns ao vivo em que Joey continuou detonando.

Talvez a escolha deste disco para esta sessão se deva ao fato de ele ter marcado minha vida, pois veio em uma época de muitas festas e curtição, mas o que não pode ser negado é que
Adios Amigos foi uma despedida em grande estilo.


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