Eu Sou Ozzy: A Autobiografia de Ozzy Osbourne


Por Ricardo Seelig
Colecionador
Collector´s Room

Disléxico, hiperativo e diagnosticado com a síndrome de distúrbio de atenção. Alcoólatra e viciado crônico. Estrela do rock com vinte e poucos anos. Doses cavalares de cocaína, um laboratório ambulante que experimentou todo tipo de drogas, devidamente acompanhadas, é claro, por oceanos de conhaque, whisky, cerveja, vodka e qualquer outra bebida que você possa imaginar. Um dos maiores ícones do heavy metal, membro fundador da banda que definiu o som pesado como gênero musical. Uma figura mitológica que parece saída de um filme de terror, e que se transformou em uma mega estrela de TV. Esse é Ozzy Osbourne, um dos maiores músicos de heavy metal de todos os tempos, e um dos poucos que romperam os limites do gênero, sendo reconhecido em todo o mundo por pessoas das mais diferentes idades, religiões e países.

A vida de Ozzy, repleta de histórias deliciosas que muitas vezes beiram o absurdo, acaba de ganhar o seu documento definitivo.
Eu Sou Ozzy, biografia do cantor escrita pelo próprio com a ajuda de Chrys Ayres, é uma leitura prazerosa tanto para os fãs do Madman quanto para qualquer pessoa que ousar se aventurar por suas páginas.


O livro divide a vida de Ozzy em quatro fases: a infância e adolescência antes de ficar famoso, os anos ao lado do Black Sabbath, o estouro da carreira solo e a exposição maciça proporcionada pelo programa de TV
The Osbournes. Em todas elas temos um texto redondinho construído sempre com frases curtas e diretas, que, ao lado das aventuras surreais vividas por Ozzy, tornam a leitura pra lá de empolgante. Quando você vê já está no final e nem percebeu. E olha que o livro não é pequeno: são 384 páginas contagiantes.

As lembranças de Ozzy – ou melhor, o que sobrou delas -, somadas às de seus familiares, amigos, músicos e quem mais tenha tido a experiência de conviver ao seu lado, são a principal fonte em que o livro se baseia. Ozzy não se esquiva de assuntos polêmicos, falando abertamente de sua relação profunda com as drogas e a bebida e de como isso afetou negativamente a sua vida; do relacionamento nem sempre amistoso com Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward, seus companheiros no Black Sabbath; de assuntos delicados como a morte de Randy Rhoads e a briga jurídica com Bob Daisley e Lee Kerslake, músicos de sua banda que acabaram o processando e tiveram suas partes regravadas nos discos que produziram ao lado do cantor; dos problemas de saúde enfrentados por ele e por Sharon, sua esposa; de sua repulsa pelo programa
The Osbournes; e de muitos outros assuntos.


O relato da infância e da adolescência em Aston, interior da Inglaterra, mostra que desde o início o pequeno John Michael Osbourne enfrentou problemas de relacionamento. Pobre, de família humilde, Ozzy patinou na escola e no convívio com as pessoas devido a sua dislexia e inquietude, que mais tarde foi diagnosticada como hiperatividade. As aventuras do cantor pelos mais variados empregos (de testador de buzina a funcionário de frigorífico) são uma das partes mais interessantes do livro, e deixam claro que Ozzy só poderia ser compatível mesmo com o mundo da música – se não fosse ela, provavelmente estaria preso ou morto.

Os primeiros passos na carreira musical em algumas bandas locais ao lado do baixista Geezer Butler, e o nascimento do Black Sabbath algum tempo depois, são contados de forma transparente e sincera, mostrando os medos e a incredulidade quando a banda começou a dar certo. No livro há uma passagem bastante esclarecedora, que mostra o quanto a curta passagem de Tony Iommi pelo Jethro Tull (onde ficou por poucos dias mas teve esse momento guardado para o posteridade, já que justamente nesse período o Jethro se apresentou no
Rock and Roll Circus dos Rolling Stones com Iommi na guitarra – pegue o seu DVD e confira) foi fundamental para a profissionalização e o futuro do Black Sabbath.


Ozzy revela detalhes das gravações dos discos com o Sabbath, e de como a relação entre os integrantes do grupo foi se deteriorando na mesma proporção que a cocaína (e outras dezenas de drogas) inflava os egos dos músicos. Todo esse processo teve o seu ápice com a expulsão de Ozzy Osbourne por abuso de drogas e álcool.

Nesse ponto, na transição entre a passagem épica e histórica pelo Black Sabbath e a futura carreira solo, percebe-se o quanto Sharon Osbourne foi importante para a vida de Ozzy. Filha do lendário e truculento empresário Don Arden (com quem sempre viveu às turras, diga-se de passagem), Sharon literalmente tirou Ozzy da sarjeta e o trouxe de volta para o mundo da música. Ela foi fundamental para o surgimento da banda de Ozzy – sem Sharon, os discos solo de Ozzy provavelmente não existiriam.


Um dos momentos mais tocantes do livro ocorre, como era de se esperar, no relato sobre o acidente que tirou a vida do guitarrista Randy Rhoads. Ozzy conta em detalhes a sua visão dos acontecimentos, sem esconder a raiva e a tristeza que sente até hoje. E diz mais: segundo ele, Randy provavelmente sairia da banda logo, pois já havia contado a Ozzy esse seu desejo.

O livro fala também do quanto a saúde de Ozzy foi se deteriorando com o tempo, com os anos de toneladas de drogas e litros de álcool cobrando o seu preço. Além disso, mostra como surgiu o discutível
The Osbournes, programa veiculado pelo MTV americana e odiado pela maioria dos fãs.


Enfim, são histórias e mais histórias de um artista que uma grande quantidade de fãs considera o maior ícone da história do heavy metal. Confesso que eu, que sempre tive uma má vontade com Ozzy por entender que um cara como ele, que não tem que provar nada para ninguém, não deveria se expor ao ridículo como fez em
The Osbournes, mudei de opinião após ler o livro. A influência e a importância de Ozzy Osbourne na música pesada é inquestionável. Ozzy é um ícone, uma lenda vida e um dos maiores rockstars da história, e merece ser tratado como tal.

Eu Sou Ozzy é uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que gosta de música. Se você é uma delas, compre já que você irá adorar.

Comentários

  1. Não aguentei esperar uma edição em português e comprei a edição em inglês, pouco depois que saiu (é certo também que eu aproveitei o módico preço de 40 paus cobrado na Livraria Cultura).

    Achei o livro sensacional naquilo a que se propõe, em certos momentos cria-se a impressão de que o Madman está ali na frente do leitor contando despudoradamente suas histórias e seus podres. Tocante de fato a passagem sobre a morte do Randy Rhoads, impressionante a parte em que ele fala do relacionamento com a Sharon e de como ele não se lembra do episódio em que tentou matá-la, hilária a história de como ele foi tocado da casa de uma "namorada" depois de ser pego marchando pela casa dela vestido em um uniforme nazista (que pertencia ao pai da menina).

    Leitura obrigatória, enfim. Torço para que a tradução brasileira faça jus ao conteúdo.

    ResponderExcluir
  2. Vi a edição gringa essa semana na Saraiva, e ela realmente é superior à nacional, pois vem com capa dura e uma sobrecapa. No mais, a texto traduzido é muito bom, e acho que não ficou devendo nada ao original.

    Abraço.

    ResponderExcluir
  3. terminei de ler o livro esta semana e tb achei muito bom...

    mas como o proprio o ozzy disse ele não escreveu nada, ele contou pro ghost writer as historias em entrevistas e o gente fina escreveu tudo..

    o livro parece ser bem sincero, mas nas partes em q ele diz q escreveu letras pros discos dele foi demais..

    o cara mal sabe escrever o nome e ele vem dizer q escreveu as letras e não o bob daisley e o lee kerslake??

    nem fudendo...

    adoro todos os discos do ozzy até o ozmosis (os outros eu ainda não ouvi) e acho o cara um puta entertainer, mas ele dizer q escreveu as letras dos discos é de doer o saco..

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.