Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room
Cotação: ***1/2
Desde seu retorno ao Judas Priest, Rob Halford sempre deixou claro que não abandonaria sua banda solo, para a alegria de quem aprovou os ótimos Resurrection (2000) e Crucible (2002). Ano passado, gravou um péssimo álbum de canções natalinas. E agora, o Metal God ressurge fazendo o que sabe melhor. A banda é a mesma que fez a tour do segundo trabalho, com o sempre eficiente Metal Mike Chlasciak e o encara-todas Roy Z nas guitarras, além de Mike Davis e Bobby Jarzombek – esse último, assim como Metal Mike, junto de Rob desde o início dessa empreitada.
Halford IV: Made of Metal abre com “Undisputed” e sua cadência cavalgada, tipicamente britânica em um som que poderia facilmente estar em Resurrection ou até mesmo em algum clássico do Judas da primeira metade dos 1980’s. A acelerada e curta “Fire and Ice” convida o ouvinte a bangear acompanhando a melodia, que chegou a me lembrar – pasmem – as músicas mais rápidas do Helloween fase Andi Deris. A faixa-título me remeteu ao outrora odiado por todos, Turbo. O riff principal de “Speed of Sound” faz com que se pense automaticamente no de “Futureal”, do Iron Maiden. A canção é um heavy típico, sem muitas novidades, porém eficiente.
A pegada de Crucible ressurge no começo de “Like There’s No Tomorrow”, um dos destaques, com a melhor performance vocal de Halford em todo o play. “Till the Day I Die” é uma das mais curiosas. Ou alguém conseguiria imaginar Rob cantando um típico hard com influências southern? E não é que ficou muito bacana? Sua voz casou perfeitamente com o clima em outro momento digno de nota. Chegando na metade, temos um heavy rock direto e cadenciado em “We Own the Night”, com um teclado muito bem posto ao fundo e um refrão marcante. Na mesma linha vem “Heartless”, que está um degrau acima em peso mas um abaixo em inspiração.
Uma curta entrada na bateria traz “Hell Razor”, música que remete aos primórdios do heavy metal, com certa aura setentista. Dá até para fechar os olhos e imaginar o bolachão rolando na vitrola. “Thunder and Lightning” é outro hard rock, na mesma linha de “Heart of a Lion”, b-side do Priest e regravada em estúdio como faixa bônus do ao vivo Live Insurrection (2001). Piano e violões iniciam a mais longa de todas, “Twenty-Five Years”, balada que, não fosse a diferença vocal entre Halford e Klaus Meine, poderia facilmente se passar por algum daqueles momentos dramáticos que o Scorpions adora oferecer aos fãs.
Guitarras elétricas soando como se estivessem no velho oeste preparam o terreno para “Matador”, outra que poderia rolar em um dos antigos trabalhos do Judas Priest. Ideia interessante, mas poderia diminuir um pouco a duração que não faria falta. “I Know We Stand a Chance” começa com um jeito de música lenta, mas a primeira impressão logo se dissipa, transformando-se em algo mais mid-tempo que soa agradável, mas ao mesmo tempo não acrescenta nada ao álbum. Para encerrar, “The Mower”, que mais parece uma trilha para um filme de ficção científica. É o único momento em todo o play que Rob retoma o registro mais agudo, no estilo Painkiller /Resurrection.
Se tivesse que fazer comparação com um trabalho solo de outra lenda, diria que, guardadas as devidas proporções, Made of Metal está para Rob Halford como Tattooed Millionaire esteve para Bruce Dickinson. Ambos deram uma simplificada na sonoridade, se aproximaram do hard rock e fizeram, acima de tudo, um trabalho descontraído. Musicalmente, ainda acho que o trabalho do vocalista do Iron Maiden possui mais relevância e, principalmente, identidade. Já esse aqui, em certos momentos, fica parecendo uma colcha de retalhos. Ainda assim é uma boa pedida para todos os admiradores do Metal God!
Faixas:
1 Undisputed
2 Fire and Ice
3 Made of Metal
4 Speed of Sound
5 Like There's No Tomorrow
6 Till the Day I Die
7 We Own the Night
8 Heartless
9 Hell Razor
10 Thunder and Lightning
11 Twenty-Five Years
12 Matador
13 I Know We Stand a Chance
14 The Mower
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