Por João Renato Alves
Jornalista e Colecionador
Collector´s Room
Cotação: ***1/2
Muitos ficaram surpresos quando, no fim de 2008, os ingleses do Tank anunciaram sua nova formação. Juntavam-se a Mick Tucker, Cliff Evans e Mark Brabbs o vocalista Doogie White (Rainbow, Yngwie Malmsteen, Cornerstone) e o baixista Chris Dale (Bruce Dickinson). Na sequência, Mark sairia para a entrada do baterista Dave Cavill. Os fãs se dividiram nas opiniões, especialmente depois que Algy Ward, baixista e vocalista por 28 anos, declarou em recente entrevista para a revista inglesa Classic Rock que o grupo não tinha o direito de utilizar o nome e o logotipo, que o pertencem legalmente. Provavelmente uma batalha judicial terá início logo, especialmente agora que a banda lança War Machine, primeiro trabalho com o line-up atual.
Uma intro tipicamente NWOBHM anuncia “Judgement Day”, cadenciada e com melodia marcante, chegando a lembrar o Picture dos velhos tempos. O ‘tradicionalismo metálico’ impera em “Feast of the Devil”, com seu riff pesado e um belo solo, com Cliff e Mick alternando seus timbres e mostrando entrosamento. “Phoenix Rising” funciona como uma pisada no acelerador, trazendo evidentes resquícios do power metal oitentista – aquele que contava com mais punch e menos firulas. A faixa-título tem um ritmo mais arrastado, com passagens alternadas de guitarra limpa e backing vocals bem colocados no refrão. Remete ao Black Sabbath da era Tony Martin, sem soar como mera cópia.
“Great Expectations” vai fazer a alegria dos saudosistas, misturando a pegada característica com um balanço mais puxado para o hard rock que a transforma em um dos melhores momentos do álbum. A balada heavy “After All” traz a inevitável sensação de déjà vu ao ouvinte, que vai identificar semelhanças com vários outros exemplares da espécie. A velocidade moderada volta a tomar conta em “The Last Laugh”, com seu refrão para os fãs cantarem com os punhos erguidos. “World Without Pity” cai em referências setentistas, mas passa sem marcar seu espaço, apesar das ótimas guitarras. Encerrando o disco, “My Insanity” tem um começo que lembra algumas recentes do Iron Maiden, mas logo se transforma em um metal com a legítima marca de décadas passadas.
Um bom disco, que tem tudo para agradar os fãs, polêmicas sobre a formação que o gravou à parte. Mas se você ainda não conhece o trabalho da banda, recomendo que comece por algum dos mais antigos, como Filth Hounds of Hades (1982) ou This Means War! (1983). Esses sim, verdadeiros clássicos do estilo. Para uma retomada após oito anos sem lançar um álbum de inéditas, War Machine desempenha um papel de respeito na história do Tank.
Faixas:
1 Judgement Day
2 Feast of the Devil
3 Phoenix Rising
4 War Machine
5 Great Expectations
6 After All
7 The Last Laugh
8 World Without Pity
9 My Insanity
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