Cinco discos para conhecer Glenn Hughes!


Por Igor Miranda

Direto de nosso parceiro Van do Halen, Igor Miranda estreia na Collector´s Room apontando para os nossos leitores os cinco discos que servem de porta entrada para a carreira do baixista e vocalista Glenn Hughes, um dos maiores músicos da história do rock.

Acomode-se na cadeira, aumente o volume e delicie-se!

Trapeze - Medusa (1970)

Lançado ao fim de 1970, Medusa é o segundo álbum do Trapeze, primeira banda em que Glenn Hughes tocou profissionalmente. O debut, lançado no mesmo ano, é bem confuso e diferente do que se é encontrado nos trabalhos posteriores. Por sorte, os responsáveis por isso (o vocalista John Jones e o guitarrista e tecladista Terry Rowley) logo caíram fora para sua banda de origem e o Trapeze se tornou um power trio, constituído por Hughes nos vocais e baixo, Mel Galley (Whitesnake, Phenomena) na guitarra e Dave Holland (Judas Priest) na bateria.

Medusa traz um blues rock com fortes influências de funk e soul, sempre carregadas por Glenn. Bateria precisa, guitarras que destilam excelentes riffs, baixo pulsante e vocais extraordinários. Algo que, em 1970, deveria ter chamado a atenção, mas por não estarem no cast de uma grande gravadora no momento do lançamento trata-se de um álbum subestimado e que nunca atingiu o merecido sucesso.

Os três integrantes conseguiram seus lugares ao sol posteriormente, mas Medusa, além de ser o verdadeiro início desses três, é um baita disco de rock!

Deep Purple - Burn (1974)

No auge de sua formação clássica, o vocalista Ian Gillan decidiu abandonar o Deep Purple, e com ele foi o baixista Roger Glover. Para substituí-los, foram escalados David Coverdale (vocal) e Glenn Hughes (baixo e vocal). Inicialmente, apenas Hughes seria convocado, permanecendo como vocalista principal e baixista, como fazia na sua antiga banda, o Trapeze. Mas os caras optaram por ter alguém só para os microfones, daí a entrada de Coverdale, que dividia as vozes constantemente com o baixista.

Mesmo com tantas feras em uma só banda, ninguém se ofuscou. Glenn exerceu forte influência na nova sonoridade adotada, principalmente pelas doses de funk, boogie e soul music, enquanto David intensificou a veia blueseira das composições, e os três remanescentes, competentes como sempre, deram o peso e a precisão necessária para que Burn se tornasse um clássico do rock, sem fronteiras ou rótulos.

Black Sabbath - Seventh Star (1986)

Seventh Star foi todo concebido e gravado com a intenção de ser o primeiro disco solo do guitarrista do Black Sabbath, o lendário Tony Iommi. No entanto, por pressão dos magnatas da gravadora, levou o nome da banda - por isso contém o "featuring Tony Iommi".

Para a empreitada, nenhum ex-integrante do conjunto. A cozinha foi emprestada por Lita Ford, noiva de Iommi na época, com Dan Spitz no baixo e Eric Singer na bateria, enquanto Geoff Nicholls assumiu os teclados e Glenn Hughes, os vocais.

Por conta disso, há o estranhamento no que diz respeito a sonoridade aqui empregada, muito diferente do que se é conhecido do Sabbath. A influência de blues é muito forte - cortesia de Tony Iommi, um blueseiro de primeira -, e há a enorme presença de elementos do hard rock oitentista nas canções, sendo o single de divulgação do play, "No Stranger to Love", a maior prova disso.

Mas toda a formação arregaça, o peso é mantido como deve em todo o álbum, e Hughes, mais uma vez, faz a diferença, provando a razão do humilde apelido The Voice of Rock.

Um dos melhores da discografia da trupe de Iommi.

Glenn Hughes - From Now On ... (1994)

Depois de ter sua vida ferrada pelo uso contínuo de drogas, Glenn Hughes tomou vergonha na cara e largou seus vícios. Devidamente limpo lançou L.A. Blues Authority Volume II, álbum repleto de participações especiais, em 1992. Dois anos depois, The Voice of Rock coloca um excelentíssimo trabalho nas prateleiras: From Now On... . A intenção desse disco era sair apenas na Suécia, mas acabou sendo lançado no Japão e nos Estados Unidos também.

O direcionamento do registro é curioso, pois é bem orientado para o AOR e o hard rock melódico. A banda de apoio colaborou para tal direção, já que conta com dois ex-integrantes do Europe: o baixista John Levén e o tecladista Mic Michaeli. Há uma participação de Ian Haugland, mas apenas nas faixas bônus, tendo as baquetas assumidas por Hempo Hildén. Todos, inquestionavelmente, fazem muito bem, assim como os guitarristas suecos Thomas Larsson e Eric Bojfeldt, e o próprio Glenn, que nunca decepciona - até fazendo AOR, o cara brilha muito!

Um dos melhores álbuns de sua (extensa) carreira solo.

Black Country Communion - Black Country (2010)

Após um jam entre Glenn Hughes e o guitarrista Joe Bonamassa (conhecido principalmente por sua carreira solo altamente influenciada pelo blues) no Guitar Center's King of the Blues, evento ocorrido em Los Angeles, os dois decidiram que precisavam tocar juntos em um novo projeto. O Black Country Communion estaria formado pouco depois, quando o produtor Kevin Shirley sugeriu a adesão de dois caras que dispensam comentários: Jason Bonham e Derek Sherinian, respectivamente para a bateria e os teclados. Shirley acabou ficando para produzir o primeiro registro.

Black Country saiu na segunda metade de 2010 e impressionou. Pode-se esperar tudo de um supergrupo, mas o resultado não poderia ser melhor: um trabalho versátil e fora de qualquer rótulo. Ora funk rock, ora hard rock, ora rock clássico, ora blues rock, ora moderno. O quarteto simplesmente detona em mais de 70 minutos de boa música, com destaques a todos os instrumentos, mas principalmente a Hughes, que com quase 60 anos canta com a mesma disposição que tinha há mais de trinta anos.

Comentários

  1. Acho o Medusa um discaço, prefiro o Stormbringer e o Come Taste the Band ao Burn, e na minha opinião o Seventh Star é um disco injustiçado.

    E vocês?

    ResponderExcluir
  2. Para mim o Stormbringer tem um significado especial por ter sido o primeiro dessa fase do Deep Purple que tive. Gosto muito do Seventh Star, mas até consigo entender que os fãs do Sabbath à época tenham estranhado, pois é algo totalmente diferente. É um disco que precisou de tempo para ser absorvido.

    ResponderExcluir
  3. Eu prefiro o Strombinger também. O Burn sempre ficou em segundo plano para mim, e o Come Taste the Band tem sido redescoberto nos últimos anos aqui em casa.

    ResponderExcluir
  4. Boa lista, embora eu também prefira o Stormbringer e o Come taste the Band. E o "Seventh Star" é realmente pouco comentado, e um disco que eu tenho de reouvir com urgência.

    ResponderExcluir
  5. Fala pessoal! Ricardo e cols, primeiro parabéns ao blog, que pra mim já se tornou referência ("descobri" o blog há cerca de 1 mês só, e vou tentar ler TUDO o que perdí desde então).
    Eu já tive o primeiro contato com o Glenn Hughes com o Burn... do que conheço até agora, também acho o Seventh Star fodástico!! O BCC ainda não ouvi, mas só ouço falar bem deste disco! Aliás pessoal, porque ele veio sozinho (e não com o Black Country) ao Brasil esse final de ano? Alguma previsão de show do BCC ou solo dele novamente em 2011? Grande abraço a todos!

    ResponderExcluir
  6. Cara, valeu pelos elogios. Provavalmente o Glenn veio sozinho ao Brasil esse por conflito de agendas com os outros caras do BCC, afinal todos tem carreiras parelelas. E imagino que o custo de trazer o GH sozinho seja mais barato do que trazer todo o BCC ...

    ResponderExcluir
  7. Verdade... O cara sozinho, aliás, já é um espetáculo no palco... ah, e esquecí de mencionar que também tenho e curto muito o primeiro solo dele (Play Me Out junto ao EP Four on the Floor), um álbum de música funk, com muitos metais, wah-wha´s, "slaps" no baixo, teclados... mas igualmente majestoso (ouçam "I found a Woman" e "LA Cuf Off" e comprovem!). Aliás, esse EP "Four on the Floor" parece que é meio raro, e tem uma faixa de 16min com um medley de covers (entre eles as versões funkeadas e animalescas de "Under My Thumb" e "Let´s spend the night together" dos Rolling Stones). Muito recomendado!

    ResponderExcluir
  8. muito boa a lista! só não ouvi ainda esse disco aí de 2010. glenn hughes é um cara sensacional. e o burn não só é o melhor do purple como um dos grandes álbuns dos anos 70.

    curto muito, também, os discos do cara mais recentes, modernos e muito bem produzidos.

    abraço

    ResponderExcluir
  9. Em relação a matéria só uma correção: referente ao "Seventh Star" o baixo é de Dave Spitz, e não Dan Spitz (ex-Anthrax, atual Red Lamb)... se bem que está tudo em família... são irmãos!

    Abs.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.