Por Ricardo Seelig
Cotação: ****
O culto ao hard rock setentista cresceu tanto em todo o mundo que deu origem até a um estilo musical, o chamado stoner metal, que tem nos suecos do Spiritual Beggars, indiscutivelmente, o seu maior representante. Capitaneado pelo multiuso Michael Amott (Carcass e chefão do Arch Enemy), o grupo lançou em 2010 seu sétimo álbum, Return to Zero, cujo título sistemático aponta para uma significativa mudança de formação: o competente Janne “JB” Christofferson deixou a banda para se dedicar ao seu grupo principal, o igualmente ótimo Grand Magus, sendo substituído por Apollo Papathanasio, vocalista do Firewind.
As desconfianças naturais em relação à performance de Apollo se apagam com o simples toque no botão de play. Assim que o CD começa a rodar somos levados através de uma viagem vertiginosa pelo que de melhor o hard rock setentista produziu. Guitarras com muito peso, riffs inspirados, passagens instrumentais ricas e viajantes, grandes melodias e um vocal que honra a tradição dos monstros sagrados que fizeram a história do gênero são condensados nas doze faixas do disco – que tem como faixa bônus a cover ao vivo de “Time to Live”, do Uriah Heep.
Return to Zero tem uma dose maior de melodia em relação aos álbuns anteriores do Spiritual Beggars. O timbre de Apollo, mais limpo que o de JB, faz com que o novo cantor soe como uma amálgama entre David Coverdale e Ronnie James Dio – e isso é um elogio! Os solos de Amott mostram toda a versatilidade do músico inglês, já que soam totalmente diferentes dos que ele executa com o Arch Enemy, carregados de feeling e melodias que bebem no infinito oceano setentista. Outro destaque são as intervenções certeiras de Per Wiberg (Opeth), seja no Hammond ou no piano, como é o caso de “The Road Less Travelled”.
As músicas soam como se o Black Sabbath da primeira metade da década de 1970 tivesse gravado um disco de inéditas em 2010. Após uma breve introdução, “Lost in Yesterday” abre os trabalhos com um riff que é puro Tony Iommi, e parece saída de Master of Reality, de 1971. “Star Born” traz Apollo soltando a voz de maneira deslumbrante, e é uma das melhores do álbum.
Os bons momentos se sucedem em verdadeiras cascatas sonoras. Os riffs pesadíssimos de Amott dão as cartas em “We Are Free”, enquanto “Spirit of Mind” é uma viagem atmosférica que poucas bandas seriam capazes de conceber hoje em dia.
“Coming Home” conta com grandes melodias de guitarra e um ótimo refrão. Já “Concrete Horizon” parece saída de qualquer um dos três clássicos discos que Dio gravou com o Rainbow de Ritchie Blackmore nos anos setenta. Excelente é pouco! O mesmo vale para “A New Day Rising”, onde o Hammond de Wiberg divide os holofotes com a sempre ótima guitarra de Amott. Enfim, ficar elencando as faixas é um puro exercício em busca de adjetivos que as apresentem ao leitor. O recomendado é ouvir o disco e sentir na pele todo o poder da música do quinteto.
Return to Zero marca um recomeço para o Spiritual Beggars, e esse novo ponto de partida é simplesmente sensacional. Um retorno espetacular, que compensa os longos cinco anos desde o álbum anterior, Demons, de 2005. Agora é torcer para que o sangue novo de Apollo Papathanasio e o fogo que ele injetou na banda façam com que Michael Amott e seus asseclas arrumem um espaço na agenda de suas bandas principais para gravar logo mais um ótimo disco como Return to Zero.
Compre, porque a ausência desse álbum gerará uma lacuna enorme em sua coleção!
1 Return to Zero 0:52
2 Lost in Yesterday 4:48
3 Star Born 3:06
4 The Chaos of Rebirth 5:21
5 We Are Free 3:23
6 Spirit of the Wind 5:51
7 Coming Home 3:25
8 Concrete Horizon 6:01
9 A New Dawn Rising 4:41
10 Believe in Me 6:40
11 Dead Weight 4:51
12 The Road Less Travelled 3:45
13 Time to Live 4:15
Cara, tem tanta gente elogiando esse disco que não vou nem ouvir, vou é comprar direto!
ResponderExcluirValeu, abraço!
Ronaldo
O disco é muito bom Ronaldo, não tem erro.
ResponderExcluirAbraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirDiscaço que só fica melhor a cada audição.
ResponderExcluirAté aquela baladinha que chega a ser chata de tão comum (The Road Less Travelled)- que eu execrei no início porque não tem nada de Spiritual Beggars nela - já estou curtindo. É o poder do vício, hehehehe...
Mas mantenho minha posição: é um baita disco, mas é um dos mais fracos do grupo...
Esse disco já estava programado para ser minha próxima aquisição. Vou aprocveitar minha visita à Galeria do Rock essa semana para comprar...
ResponderExcluiro disco é muito bom mesmo e o vocal me surpreendeu, muito diferente do que ele faz no Firewind. mas, sei lá, Spiritual Beggars é com o JB, o cara é foda.
ResponderExcluirVendi uma parte da minha coleção de action figures pra comprar uns CDs e DVDs.
ResponderExcluirEsse Return to Zero está na lista. Nem precisei ouvir duas vezes, de primeira ele já engatou a 100 por hora. Fazia tempo que eu não me empolgava logo de cara.
Fernando... o disco está barato lá na galeria...fui lá faz duas semanas...creio que está 25 R$ ... não sei se você curte mas a Dunno Records recebeu a edição deluxe importada do disco do P Kossof... está saindo uns 65 reais e tem também uns europeus remasterizados do Free maravilhosos a 30 R$.... to falando isso pq vc curte 70´s então talvez você se anime
ResponderExcluirAbração
Fábio
ResponderExcluirObrigado pelas dicas. Vc lembra qual loja tem esse material? Sei que esse disco do SB está 22 R$ na Die Hard
Se esse do Paul Kossoff for o Backstreet Crawler, compre de olhos fechados, Fernando, que vale cada centavo.
ResponderExcluirSim !!!!
ResponderExcluirÉ o Backstreet Crawler !!!
O SB vc acha em um monte de lojas...
Os do Free...eu não lembro muito bem...comprei a maioria dos meus no segundo andar... acho que na Paranoid Records...mas tinha varias lojas com estes discos....
Não sei se faz tempo que vc não vai a galeria...se for cuidado pra não tomar um susto.... tem mais loja de roupa do que de CD agora...