Discos Injustiçados: Badlands – Voodoo Highway (1991)!


Por Fabiano Negri

Uma das melhores bandas de hard rock do final dos anos 1980, o Badlands é um dos grupos mais subestimados da história. O quarteto capitaneado pelo espetacular Jake E. Lee (Ex-Ozzy Osbourne Band) e pela voz maravilhosa do falecido Ray Gillen (ex-Black Sabbath) passou praticamente em branco para o grande público.

Após o primeiro e ótimo trabalho – Badlands (1989) – que tem uma sonoridade atualizada para a época, a banda resolveu investir num som totalmente calcado nos grandes nomes da década de 1970 em seu segundo álbum, Voodoo Highway. Nele você ouve claramente as influências da banda: Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Free, Black Sabbath e Nazareth. Uma mistura que só poderia dar certo.

A bolacha começa com “The Last Time”, faixa perfeita para a abertura, com clima empolgante e uma vocalização surpreendente de Ray Gillen. Ele alcança notas muito agudas, sem machucar os ouvidos! Ray Gillen tinha tudo para ter um futuro brilhante. Formado pela escola de Robert Plant, Paul Rodgers e David Coverdale, Gillen poderia facilmente se firmar como um dos grandes mestres do gênero!



Jake E. Lee apresentava seu auge técnico, com uma rítmica fenomenal – alguém já parou pra prestar atenção no swing da mão direita desse cara? – e solos que só ele poderia reproduzir daquela maneira. Jake possui uma maneira muito peculiar de tocar. Foge dos padrões e digitações convencionais criando bases e licks que carregam seu DNA. Apesar de ser bem conhecido, Jake sumiu da mídia e hoje se apresenta em bares com bandas que não comportam sua grandeza musical e histórica. Sabe se lá porque …

A cozinha formada por Greg Chaisson (baixo) e Jeff Martin (bateria) – que substituiu o lendário Eric Singer – não deixam por menos e constrói um massa sonora forte e precisa para os altos vôos e Lee e Gillen.

Todas as faixas são excelentes, mas merecem destaque as violentas “Silver Horses”, “Soul Stealer” e “Love Don’t Mean a Thing”, a dançante “Whiskey Dust” e o maravilhoso cover para “Fire and Rain”, de James Taylor – música que o Badlands reinventou de maneira soberba, sendo ao mesmo tempo totalmente diferente e tão boa quanto a original!

O grande momento fica para o final com a emocionante interpretação de Gillen para “In a Dream”. Com a voz comandando sob uma simples base de violão, Gillen mostra o porque de todos os adjetivos que eu usei acima.

O disco foi um verdadeiro fiasco em termos de venda, o que agravou ainda mais os já crescentes desentendimentos entre Jake E. Lee e Ray Gillen, que acabou por causar a saída do vocalista no final de 1992. Lee ainda tentou seguir em frente, mas ficou claro que seria difícil sem o talento de Gillen. Nessa época eles já estavam trabalhando num novo álbum, que viria a ser o lançamento póstumo Dusk (1998).

É uma pena um álbum tão bom não ter tido o destaque que deveria. Mas ainda existe tempo para você correr atrás e conhecer esse trabalho que, com certeza, agradará aos fãs mais exigentes do bom e velho hard rock.


Faixas:
1 The Last Time 3:41
2 Show Me the Way 4:12
3 Shine On 4:22
4 Whiskey Dust 4:18
5 Joe's Blues 0:57
6 Soul Stealer 2:58
7 3 Day Funk 3:52
8 Silver Horses 4:40
9 Love Don't Mean a Thing 4:01
10 Voodoo Highway 2:22
11 Fire and Rain 3:40
12 Heaven's Train 3:58
13 In a Dream 2:14


Comentários

  1. Confesso que tinha um pé atras com esta banda por ela ser meio Glam Metal, meio AOR e meio Hard Farofa ... mas é muito boa... os caras realmente sabiam fazer o negócio

    agora to tentando curtir o winger...mas esta está mais dificil...normalmente estes vocalistas de Glam são muito técnicos e talentosos, mas o tom de voz deles me enjoa....

    ResponderExcluir
  2. Uma banda excelente, que teve muito menos do que merecia, infelizmente... Apesar de, particularmente, não achar esse album tão bom quanto o primeiro, com certeza é muito melhor do que muita coisa feita na época... Comparar com grande parte do que é feito hoje em dia, então, chega a ser covardia...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.