Por
Ricardo Seelig
Nota:
8,5
Lenny
Kravitz deve ter parado para pensar sobre como andava a sua carreira
antes de gravar seu novo disco. Ao invés dos experimentalismos
eletrônicos presentes aos montes em seus álbuns mais recentes, o
que temos em Black and White America é um saudável retorno à
sonoridade dos seus primeiros trabalhos, Let Love Rule (1989) e Mama
Said (1991). Ou seja, um pop requintado banhado em generosas doses de
soul.
Produzido,
como sempre, pelo próprio Lenny, Black and White America é uma
deliciosa viagem aos anos setenta, cujo ingrediente principal é o
groove, o embalo, o balanço. Orgânico como há tempos um disco do
cantor e guitarrista não soava, o nono álbum de Kravitz
inicialmente iria se chamar Negrophilia, atestando o retorno às
raízes black music de seu som.
Estreia
do cantor pela Roadrunner Records, Black and White America pode ser
encarado como uma espécie de trabalho conceitual, com suas dezesseis
faixas levando o ouvinte por uma agradável jornada pela rica
história da música negra norte-americana. Há aqui elementos do já
citado soul, além de funk, rhythm and blues e o sempre bem-vindo
clima Motown.
O
início com a autobiográfica faixa-título e seus bem encaixados
metais sacanas já deixa o ouvinte com uma ótima impressão, que
apenas vai se solidificando no decorrer da audição. Fazia muito
tempo que Lenny Kravitz não surgia tão interessante quanto aqui.
“Liquid Jesus” e seu clima 'chill out' remetem a Marvin Gaye.
“Rock Star City Life” irá agradar quem curte a faceta mais
rocker de Kravitz, enquanto “Stand” é um pop perfeito para
começar o dia.
Há
momentos muito cativantes em Black and White America. Um dos
principais é “Superlove”, uma composição que navega naquela
linha tênue entre o soul e o funk e conforta o ouvinte com sua
atmosfera acolhedora. “I Can't Be Without You” é outra que se
destaca, baixando as luzes do ambiente com uma sexualidade tangível.
Apenas
duas faixas lembram os trabalhos recentes de Lenny. A parceria com
Jay-Z e DJ Military em “Boongie Drop” é apenas mediana, enquanto
“Sunflower”, com a participação de Drake, tem uma batida
nascida em uma roda de samba e é até passável.
Black
and White America é um disco muito bom, com uma sonoridade orgânica,
viva, pulsante, que não tem nada a ver com o que Lenny Kravitz
estava fazendo em seus últimos álbuns. Se você curtiu os primeiros
discos desse norte-americano mas perdeu o interesse pelo seu trabalho
devido ao direcionanento exageradamente pop que ele seguiu, Black and
White America é o disco que vai trazer você de volta.
Faixas:
- Black and White America
- Come On Get It
- In the Black
- Liquid Jesus
- Rock Star City Life
- Boongie Drop
- Stand
- Superlove
- Everything
- I Can't Be Without You
- Looking Back On Love
- Life Ain't Ever Been Better Than It is Now
- Tha Faith of a Child
- Sunflower
- Dream
- Push
Estava atrás da primeira critica em português deste disco de Lenny Kravitz e me esbarrei nas exatas visões que tive deste novo trabalho.
ResponderExcluirClaro que são visões claras a qualquer ouvinte, mas que dão esperanças a quem queria realmente ouvir um Kravitz soando como seus primeiros trabalhos retrô, mais soul, mais funk.
Por outro lado, eu até não acho que ele se distanciou tanto disso, apenas se repetiu na tendência rocker (que ainda vemos em faixas como "Rock Star City Life", da qual gosto, apenas acho uma formula demasiadamente repetida por ele).
Durante a gravação e mixagem do disco Lenny Kravitz ja havia soltado pequenos videos que mostravam este caminho mais negro de volta a sua música. A audição total do disco foi apenas uma comprovação disso. Aqui, nem suas baladas antes mais enjoadas, soaram chatas, pelo contrario foram grandes destaques deste trabalho, que pra mim é o melhor do cara desde Mama Said.
Mas discordo de ti que nos demais discos ele esta mais experimental e eletrônico, não acho que ele foi em algum momento eletrônico de fato. Deste disco, basta ouvir pra perceber a forte presença também dos sintetizadores e bateria eletrônica dos anos 80, mesclados ao som setentista. Esta formula ele ja havia usado no disco 5, e acho sempre bem vinda pra dar uma 'desviada da rota' e fazer o disco não cansar. Por tanto não tenho queixar da canção com Jay-Z por exemplo, acho que mistura eh bem do Lenny Kravitz. E tb não me surpreenderia se ainda ouvisse ela em rádio para conquistar ouvintes pops.
Minha favorita está sendo "Locking Back On Love", me lembra muito Mama Said.
Estava atrás da primeira critica em português deste disco de Lenny Kravitz e me esbarrei nas exatas visões que tive deste novo trabalho.
ResponderExcluirClaro que são visões claras a qualquer ouvinte, mas que dão esperanças a quem queria realmente ouvir um Kravitz soando como seus primeiros trabalhos retrô, mais soul, mais funk.
Por outro lado, eu até não acho que ele se distanciou tanto disso, apenas se repetiu na tendência rocker (que ainda vemos em faixas como "Rock Star City Life", da qual gosto, apenas acho uma formula demasiadamente repetida por ele).
Durante a gravação e mixagem do disco Lenny Kravitz ja havia soltado pequenos videos que mostravam este caminho mais negro de volta a sua música. A audição total do disco foi apenas uma comprovação disso. Aqui, nem suas baladas antes mais enjoadas, soaram chatas, pelo contrario foram grandes destaques deste trabalho, que pra mim é o melhor do cara desde Mama Said.
Mas discordo de ti que nos demais discos ele esta mais experimental e eletrônico, não acho que ele foi em algum momento eletrônico de fato. Deste disco, basta ouvir pra perceber a forte presença também dos sintetizadores e bateria eletrônica dos anos 80, mesclados ao som setentista. Esta formula ele ja havia usado no disco 5, e acho sempre bem vinda pra dar uma 'desviada da rota' e fazer o disco não cansar. Por tanto não tenho queixar da canção com Jay-Z por exemplo, acho que mistura eh bem do Lenny Kravitz. E tb não me surpreenderia se ainda ouvisse ela em rádio para conquistar ouvintes pops.
Minha favorita está sendo "Locking Back On Love", me lembra muito Mama Said.
Obrigado pelo comentário, N@ando. Estamos de acordo em grande parte das nossas opiniões então.
ResponderExcluirAbraço, e seja bem-vindo à Collector´s, aqui sempre tem coisa boa rolando.
Ricardo , o que dizer de um disco que todo o instrumental praticamente e tocado pelo dono e com maestria e virtuose das boas ? O rock anda uma bosta a decadas.....as musicas nao são mais musicas , e nos deparamos com um petardo desses : guitarras rasgando no wah wah , um baixão animal , bateria afiasissima , teclados , backing vocals maravilhosos , metais e a guitarra afinadissima de Craig ross , o bixo grilo cabeludo que toca muuuuuuuito mais que muito guitarrista de Heavy metal por ai...
ResponderExcluirLenny Kravitz é um dos unicos musicos da atualidade que faz musica de verdade !!! Parabens Lenny seu disco é 10 !!! ou melhor 11...
Eu tenho a versão com 4 bonus de estudio e 2 acusticos
E como se o Curtis Mayfield se associasse ao Jimi Hendrix e o james brown fizesse parte da banda....e o John Bonham na bateria....