Por Ricardo Seelig
Tonho Crocco, ex-vocalista do Ultramen, uma das melhores bandas a surgir nos últimos anos no Rio Grande do Sul, gravou um vídeo com um rap criticando os deputados gaúchos, que votaram um aumento de 73% para os seus próprios salários.
O resultado? Um dos deputados, Giovani Cherini, abriu um processo contra Tonho devido à letra da música. Ou seja, regressamos ao tempo da ditadura militar, ou, para usar uma analogia mais contemporânea, é como se estivéssemos vivendo em um país como a Líbia, onde não se pode ter opinião própria.
Esse autoritarismo arrogante dos deputados da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul - um comportamento tipicamente gaúcho, que posa de macho e quer sempre estar no comando de tudo - não pode ser tolerado. O motivo é simples: se o Ministério Público realmente levar o processo adiante será aberto um precedente perigoso em nosso país, reativando a censura e fazendo com que não só a classe artística – da qual Tonho Crocco faz parte -, mas todos nós, não possamos discordar do que os nossos tão competentes políticos e autoridades em geral fazem ao seu próprio gosto.
Cherini e seus comparsas perderam uma ótima oportunidade de ficar calados. Já eu, você e todo mundo temos mais é que divulgar o que achamos errado em nosso país. Matéria-prima para isso não falta, não é mesmo?
P.S.: e aí Cherini, vai me processar também?
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