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Por Fabiano Negri
Nota:
7,5
Alice
Cooper é um artista que dispensa apresentações. Chocou o mundo nos
anos 1970, sofreu com o declínio artístico e pessoal durante os
anos oitenta, voltou a encontrar o sucesso no final da mesma década
com o platinado Trash (1989) e depois disso estacionou o carro,
gravando e fazendo tours para os fãs sem emplacar um trabalho que o
colocasse em evidência.
Após
o bom Along Came a Spider (2008), Alice, que a princípio pensava em
fazer uma continuação para o disco, resolveu reviver o pesadelo que
o assolou em 1975 e deu origem a uma das obras mais emblemáticas e
inspiradas daquela década, Welcome to My Nightmare, seu primeiro
álbum fora do Alice Cooper Group.
Pois
é, Alice se cercou de vários de seus antigos comparsas. Bob Ezrin
na produção, os colegas do ACG Michael Bruce (guitarra), Dennis
Dunaway (baixo) e Neil Smith (bateria), mais Steve Hunter e Dick
Wagner, guitarristas que estiveram no álbum original, além de uma
grande lista de convidados.
A
comparação entre as duas obras é inevitável, e é aí que mora o
perigo. Welcome 2 My Nightmare, apesar de contar com ótimos
momentos, não possui o mesmo brilho da primeira parte, incluindo
ainda alguns momentos de saia justa. A abertura fica por conta da
balada “I Am Made of You”, que usa citações ao piano da
clássica “Steven” durante toda sua estrutura. Apesar do susto
pelo pavoroso efeito do Auto-Tune – que deixa a voz robótica e é
bastante utilizado por pseudo cantores de dance music -, a faixa não
faz feio, com uma boa dose de dramaticidade e um ótimo refrão.
O
clima esquenta na excelente “Caffeine”, um hard rock de primeira
linha que faz o disco, e as expectativas, crescerem em doses
cavalares! “The Nightmare Returns” é uma pequena ponte para a
melhor faixa do álbum, “A Runaway Train”. Não à toa, toda a
banda original – menos o falecido guitarrista Glen Buxton –
participa da música, e soa exatamente como nos anos setenta. Uma
contagiante base acelerada, com um trabalho impecável de todos os
envolvidos, coloca o ouvinte em contato com o que de melhor foi feito
na década mais frutífera para o rock em todos os tempos.
Numa
clara referência à “Some Folks” do primeiro volume, “Last Man
on Earth” segura a onda, mesmo não possuindo o brilhantismo de sua
inspiração. Com uma melodia bem ao estilo de Ozzy Osbourne, “The
Congregation” traz outro bom momento.
Todo
fã deve ter ficado feliz em ouvir uma faixa tão 'roots' quanto
“I'll Bite Your Face Off”. Totalmente Rolling Stones, mostra o
grande cantor que o mestre Alice continua sendo, e como a
simplicidade é a chave para fazer uma boa música nesse estilo.
Adivinhem quem toca nela novamente?
Infelizmente,
a partir desse momento o caldo dá uma entornada. Apesar de fazer
parte do contexto, a dançante “Disco Bloodbath Boogie Fever” é
uma audição sofrida, com uma melodia previsível e andamento
cansativo. No final temos uma mudança interessante com um bom solo
de John 5, mas que não salva a laboura. “Ghouls Gone Wild” traz
uma melodia meio “My Generation”, mas com uma produção e um
refrão irritantes, que chegam a lembrar esse rock adolescente
praticado por nomes como Avril Lavigne. Daí não dá, né?
A
tradicional balada está bem representada em “Something to Remember
Me By”, com uma bela melodia e um ótimo solo de guitarra, com um
timbre fantástico! “When Hell Comes Home” conta com a última
participação do Alice Cooper Group em mais uma excelente
composição. Porque Alice não gravou o álbum inteiro com seus
antigos companheiros? Teria sido um clássico! Com clima tenso e a
sempre certeira e caótica interpretação do mestre do horror, é um
dos pontos altos do disco.
“What
Baby Wants” é uma faixa comercial no pior sentido do termo. Um
momento vergonhoso na carreira de Alice Cooper e que nunca poderia
estar em um trabalho que carrega um título como esse. Para piorar,
conta com a participação de uma das piores aberrações produzidas
nos últimos tempos, a tenebrosa Ke$ha.
Depois
do susto, “I Gotta Get Outta Here” fecha o ciclo com uma pegada
meio The Who – ninguém melhor do que Pete Townshend para
influenciar uma ópera rock. “The Underture” é uma instrumental
que conta com citações de músicas dos dois pesadelos e que deixa
uma grande certeza: o original foi muito mais marcante e assustador!
Welcome
2 My Nightmare não é um esforço em vão, mas a evocação dos
espíritos do passado não serviu para trazer de volta a inspiração
de outrora. Quer um conselho, Titia? Reúna a banda original e grave
um álbum completo. As faixas com os antigos parceiros são
simplesmente brilhantes.
Uma
dica: a audição do disco fica muito mais interessante com o auxílio
das letras. Como sempre, a história ficou bem construída e amarrada
com o tema original, e ajuda também a tirar o peso dos equívocos
musicais presentes no trabalho.
Faixas:
- I Am Made of You
- Caffeine
- The Nightmare Returns
- A Runaway Train
- Last Man on Earth
- The Congregation
- I'll Bite Your Face Off
- Disco Bloodbath Boogie Fever
- Ghouls Gone Wild
- Something to Remember Me By
- When Hell Comes Home
- What Baby Wants
- I Gotta Get Outta Here
- The Underture
Comentários
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Kkkkkkk o cara que redigiu essa matéria não conhece a discografia do Alice. Ele fale que cooper passou os anos 90 sem chamar atenção kkkkk e os fabulosos e elogiadissimos Constrictor, raised your fist e Hey stupid????? Kkkkk cara quer pagar uma de crítico descolado e nem conhece a discografia do artista.
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