Por
Marcelo Vieira
Nota:
7
Eis
aqui uma banda que não sabe o que é tirar férias. De 2006 pra cá,
o House of Lords vem produzindo em ritmo quase industrial. Foram
cinco álbuns neste período, sendo três de estúdio, um ao vivo e
uma coletânea com material inédito. No próximo dia 23/09, a
discografia da banda será oficialmente aumentada com Big Money. A
formação é a mesma de Cartesian Dreams (2009), com James Christian
(vocal), Jimi Bell (guitarra), Chris McCarvill (baixo) e BJ Zampa
(bateria).
Em
matéria de som, o House of Lords nunca se arriscou. Sempre foi hard
rock melódico e ponto final. Em Big Money, a coisa não muda. A
fórmula aqui é a mesma de seus antecessores. Tudo muito bem
timbrado, gravado e mixado, guitarra distorcida na medida certa – é
possível ouvir cada nota dos solos a mil por hora de Bell -, backing
vocals funcionando melhor do que nunca e Christian mostrando que é
um vocalista de peso – em todos os sentidos.
O
problema é que nessa de não ousar o House of Lords acabou refém do
som que é sua marca registrada. Por um lado isso é bom, os fãs
agradecem e compram. Por outro, ainda que as músicas sejam
fantásticas, a impressão de “já ouvi isso antes” vai e vem
durante o álbum – a mesma sensação que tive ao escutar Cartesian
Dreams pela primeira vez. “One Man Down”, por exemplo, é quase
uma releitura de “Demons Down” (do álbum com o mesmo nome, de
1992), que, por sua vez, foi feita nos moldes de “Can't Find My Way
Home” (presente em Sahara, lançado em 1990).
“First
to Cry” cativa que é uma beleza e tem cheiro de hit das antigas,
para o delírio dos saudosistas de plantão. A música de trabalho,
“Someday When”, é outra que promete impressionar por sua
superioridade melódica - sem contar que o timbre do teclado é puro
Van Halen. “Searchin'”, com sua levada blueseira, vem embebida em
malandragem e é um dos destaques, junto de “Living in a Dream
World”, que é praticamente uma versão anos 2000 da faixa-título
do álbum de 1990.
Calcinhas
serão ensopadas e lágrimas irão rolar em “The Next Time I Hold
You”, balada indefectível conduzida ao piano, com letra certeira e
interpretação grandiosa de James Christian. “Hologram” é uma
que funcionaria bem ao vivo, canção direta e fácil de assimilar. A
guitarra mais pesada do disco talvez seja a de “Once Twice”, que
prepara o terreno para o encerramento com a excelente “Blood”,
onde o teclado, acertadamente, deixa a linha de frente.
No
geral Big Money não empolgou e come poeira para o ainda imbatível
Come to My Kingdom (2008), mas como isso não é um fator
fundamental, provavelmente estará na minha lista dos dez melhores
discos do ano. Não sou a favor do auto-plágio, mas quando este é
feito por caras talentosos como James, Kimi, Chris e BJ, mudo de
opinião.
Vale
a pena conferir!
Faixas:
- Big Money
- One Man Down
- First to Cry
- Searchin'
- Someday When
- Livin' in a Dream World
- The Next Time I Hold You
- Run for Your Life
- Hologram
- Seven
- Once Twice
- Blood
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