House of Lords: crítica do álbum 'Big Money' (2011)


Por Marcelo Vieira

Nota: 7

Eis aqui uma banda que não sabe o que é tirar férias. De 2006 pra cá, o House of Lords vem produzindo em ritmo quase industrial. Foram cinco álbuns neste período, sendo três de estúdio, um ao vivo e uma coletânea com material inédito. No próximo dia 23/09, a discografia da banda será oficialmente aumentada com Big Money. A formação é a mesma de Cartesian Dreams (2009), com James Christian (vocal), Jimi Bell (guitarra), Chris McCarvill (baixo) e BJ Zampa (bateria).

Em matéria de som, o House of Lords nunca se arriscou. Sempre foi hard rock melódico e ponto final. Em Big Money, a coisa não muda. A fórmula aqui é a mesma de seus antecessores. Tudo muito bem timbrado, gravado e mixado, guitarra distorcida na medida certa – é possível ouvir cada nota dos solos a mil por hora de Bell -, backing vocals funcionando melhor do que nunca e Christian mostrando que é um vocalista de peso – em todos os sentidos.

O problema é que nessa de não ousar o House of Lords acabou refém do som que é sua marca registrada. Por um lado isso é bom, os fãs agradecem e compram. Por outro, ainda que as músicas sejam fantásticas, a impressão de “já ouvi isso antes” vai e vem durante o álbum – a mesma sensação que tive ao escutar Cartesian Dreams pela primeira vez. “One Man Down”, por exemplo, é quase uma releitura de “Demons Down” (do álbum com o mesmo nome, de 1992), que, por sua vez, foi feita nos moldes de “Can't Find My Way Home” (presente em Sahara, lançado em 1990).

“First to Cry” cativa que é uma beleza e tem cheiro de hit das antigas, para o delírio dos saudosistas de plantão. A música de trabalho, “Someday When”, é outra que promete impressionar por sua superioridade melódica - sem contar que o timbre do teclado é puro Van Halen. “Searchin'”, com sua levada blueseira, vem embebida em malandragem e é um dos destaques, junto de “Living in a Dream World”, que é praticamente uma versão anos 2000 da faixa-título do álbum de 1990.

Calcinhas serão ensopadas e lágrimas irão rolar em “The Next Time I Hold You”, balada indefectível conduzida ao piano, com letra certeira e interpretação grandiosa de James Christian. “Hologram” é uma que funcionaria bem ao vivo, canção direta e fácil de assimilar. A guitarra mais pesada do disco talvez seja a de “Once Twice”, que prepara o terreno para o encerramento com a excelente “Blood”, onde o teclado, acertadamente, deixa a linha de frente.

No geral Big Money não empolgou e come poeira para o ainda imbatível Come to My Kingdom (2008), mas como isso não é um fator fundamental, provavelmente estará na minha lista dos dez melhores discos do ano. Não sou a favor do auto-plágio, mas quando este é feito por caras talentosos como James, Kimi, Chris e BJ, mudo de opinião.

Vale a pena conferir!



Faixas:
  1. Big Money
  2. One Man Down
  3. First to Cry
  4. Searchin'
  5. Someday When
  6. Livin' in a Dream World
  7. The Next Time I Hold You
  8. Run for Your Life
  9. Hologram
  10. Seven
  11. Once Twice
  12. Blood

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