Por
Fabiano Negri
Uma
das tarefas mais fáceis do mundo é resenhar um show do Deep Purple,
afinal de contas uma banda que conta com músicos do gabarito de Ian
Gillan, Roger Glover, Ian Paice, Don Airey e Steve Morse só pode ser
garantia de boa diversão e excelente música. Não foi diferente na
Expo América em Nova Odessa, região de Campinas, no último sábado,
8 de outubro.
O
que mais impressiona em uma apresentação do Deep Purple – este é
o oitavo show do grupo que assisto – é a energia, o bom humor e a
vitalidade que esses senhores esbanjam no palco. Não se vê uma cara
fechada ou reclamação com o som, e nenhum “piti” como pseudos
rockstars derramam por aí. Apenas sorrisos e total interação com o
público, mostrando ausência de ego e muito prazer em cada momento.
Cada
músico é um show à parte. Ian Paice mostra como um baterista pode
envelhecer sem perder a pegada e a técnica. Roger Glover parece um
menino no palco, e com seu baixo firme e pulsante não deixa de
agitar um segundo sequer. Don Airey, que tem a missão nada fácil de
substituir o mítico Jon Lord, não carrega esse peso de forma
alguma, e possui bagagem suficiente para estar em qualquer banda do
mundo. Steve Morse, que ainda sofre com a sombra de Ritchie
Blackmore, não deixa pedra sobre pedra, mostrando, a despeito do
gosto pessoal dos fãs, o porquê de ser considerado um dos melhores
guitarristas do mundo. E, por fim, Ian Gillan, esse senhor de 66 anos
que nos anos setenta tinha a voz mais potente do rock, ainda continua
mostrando afinação, interpretação perfeita e uma simpatia única.
O
show contou com algumas surpresas no repertório. Nunca imaginei que
ouviria “Hard Lovin' Man”, do álbum In Rock (1970), ao
vivo. Outras surpresas foram “Mary Long” (do Who Do You Think
We Are, de 1973) e “Maybe I'm Leo” (Machine Head,
1972). No mais, foi um desfile de clássicos atemporais que a plateia
acompanhou em uníssono, com total destaque para a perfeita execução
do belíssimo blues “When a Blind Man Cries”. Ou seja, o que se
viu foi uma aula de como entreter e respeitar o público.
Para
a banda, só pontos positivos. Para a produção, a história não
foi bem essa. Pelo que pude perceber, os produtores não contavam com
a verdadeira multidão que compareceu ao evento. Segundo informações
da equipe de segurança mais de 5 mil ingressos foram vendidos, e às
20:30h gigantescas filas se formavam para entrar por duas estreiras
portas, que não se abririam até às 21:30h. Como esperado, isso
resultou em confusão, empurra-empurra, e, o pior de tudo, boa parte
do público não estava dentro do recinto quando o show começou. O
sistema de PA também não era dos melhores, proporcionando um som
baixo e sem peso, audível apenas para aqueles que estavam na área
vip. Houve muita reclamação e até mesmo algumas desistências por
parte de quem estava na pista simples. Realmente, uma organização
amadora para uma banda desse porte.
Nessa
noite especial pude levar a minha família para conhecer os membros
do grupo, em especial Ian Gillan. Ele nos recebeu de forma
incrivelmente simpática dentro de seu camarim antes do show. Pura
emoção!
Agradeço
a gentileza da assessoria de Gillan, que proporcionou todo o conforto
e excelentes condições para essa cobertura.
Viva
a boa música, viva o Deep Purple!
Muito legal meu caro Fabiano, estive nesse show com minha patroa e realmente a organização foi desastrosa, apesar de toda confusão e frustração com o evento em si, Deep Purple devolveu o animo e mesmo com o som ruim, que dificilmente se ouvia do meio pra trás do recinto foi brilhante em toda a apresentação. Grande banda, imortais.
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