Metal Open Air: algumas questões sobre o “Wacken” brasileiro


Antes de mais nada, faço questão de deixar duas coisas bem claras. Em primeiro lugar, acho que já passou da hora de o Brasil ter um festival anual e exclusivo de heavy metal, nos moldes do Wacken Open Air e outros festivais europeus. Em segundo, não vejo problema algum em ele ser fora de São Paulo e da região sudeste. Muito pelo contrário, simpatizo com essa ideia.

Agora, vamos aos fatos. Como vocês sabem, todo mundo que consome heavy metal no Brasil só fala de uma coisa: a possível realização de um fesival em São Luís do Maranhão. A notícia surgiu no site da produtora do evento, foi amplificada através do maior e mais lido site de metal do país – o Whiplash – e alcançou até a página do Consulado Alemão em nosso país, que publicou uma matéria a respeito. Ou seja, tudo indica que o festival irá ocorrer, mas é preciso discutir alguns pontos.

Seria um sonho ter uma edição do Wacken, o maior e mais importante festival de heavy metal do mundo, em nosso país, mas algumas dúvidas fizeram com que surgissem umas pulguinhas atrás de cada uma das minhas orelhas. Por isso, entrei em contato com pessoas do meio, dei uma investigada nos bastidores e coletei algumas informações a respeito, que vou compartilhar com vocês.

A ICS, empresa que produz o Wacken na Alemanha, tem interesse em realizar uma edição do festival em nosso país há anos. Inclusive, diversos rumores surgiram ano após ano sobre uma possível versão do festival em nosso país, mas nunca saíram do papel. Dessa vez, no entanto, a própria ICS estava envolvida na realização. A ideia dos alemães era realizar um grande festival na região sudeste ou, em segundo caso devido aos custos, um festival menor e itinerante que passaria, a princípio, pelas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires e Santigo do Chile.

Aqui no Brasil, a ICS entrou em contato com a Negri Concerts, uma das mais respeitadas produtoras de shows de nosso país, responsável por inúmeros eventos na capital paulista e em outras cidades brasileiras. Além disso, o empresário maranhense dono da Lamparina Produções também estava envolvido desde o início, e não abriu mão de que o festival tivesse como local a sua terra natal. Até aí nenhum problema. As negociações entre a ICS, a Negri e o empresário evoluíram e se desenvolveram, mas chegaram em um ponto onde a coisa emperrou. Foi realizado um levantamento de custos para se chegar à quantia necessária para tirar o festival do papel, bandas foram sondadas – aquela enquete no Whiplash era, na verdade, uma sondagem informal para sacar quais dos grupos sugeridos pelos organizadores em um primeiro momento possuem mais público em nosso país -, mas, ao se chegar a um número final, aconteceu algo inesperado. Ao ver os custos estimados para a produção do Wacken aqui no Brasil – e sim, o festival iria se chamar Wacken Brasil -, a ICS desistiu do projeto por julgar que tudo ficou muito caro e seria inviável. A saída da ICS do jogo complica as coisas porque os caras, além de produtores do Wacken, são uma das empresas mais respeitadas do ramo em todo o mundo, o que garante a seriedade de qualquer evento junto não só às bandas, mas a todas as pessoas envolvidas. Ao deixar o projeto, a ICS também deixa um ponto de interrogação sobre a sua realização ou não.

Inegavelmente, os custos para realizar o festival em São Luís do Maranhão são mais baixos do que para realizar o mesmo evento em São Paulo. Mas então, como os caras se retiraram do projeto devido aos custos elevados? Por uma razão muito simples: segundo as informações que obti, não existe nenhuma empresa no Maranhão, ou naquela região, com experiência e know-how suficientes para tirar do papel um evento desse porte. Toda a mão de obra, equipe técnica e equipamento necessários teriam que ser trazidos de São Paulo, encarecendo – e muito – o custo final. Isso fez com que a ICS saísse do projeto.

Além disso, gente importante envolvida com o mercado heavy metal no Brasil foi sondada pelos alemães sobre a viabilidade de realizar o festival no Maranhão, e todos os consultados levantaram algumas questões que poderiam dificultar a produção do Wacken na região nordeste, como o clima extremamente quente e úmido, a falta de estrutura médica e hospitalar e outras ressalvas. Aqui, deixa eu fazer um comentário pra deixar uma coisa bem clara: essa não é uma opinião minha, mas das pessoas consultadas pelos gringos. Não conheço São Luís e não sei absolutamente nada sobre a estrutura da cidade. Não tenho nada contra os maranhenses e, por extensão, toda a região nordeste, muito pelo contrário, como já disse no início deste texto.

A questão atual é que o Wacken brasileiro, que, por essas razões, precisou mudar de nome e agora se chama Metal Open Air, está em uma situação delicada. A ICS publicou um comunicado no site oficial do Wacken dizendo que não tem nada a ver com o festival. Já a Lamparina e a Negri divulgaram também um comunicado oficial declarando que estão juntas a uma “grande produtora internacional”, mas não deram o nome dessa tal produtora. Pelo histórico do festival em nosso país, que já foi anunciado e cancelado algumas vezes nos últimos anos, é normal que, mesmo tomados pela empolgação, não só o público, mas também a imprensa brasileira especializada em metal, fique desconfiada com isso tudo.

Eu, sinceramente, espero que tudo se resolva e que nós possamos ter um grande evento totalmente dedicado ao heavy metal aqui no Brasil, porém, devido a tudo o que aconteceu nos últimos dias, recomendo que a alegria e o entusiasmo que tomavam conta de todos dêem lugar a uma visão mais cautelosa até segunda ordem. No momento, o que temos é um grande ponto de interrogação sobre o assunto, portanto deixo aberto esse espaço para que os envolvidos na realização Metal Open Air possam nos dar a real sobre como está o andamento da produção. E, claro, peço que todos vocês que lêem o blog compartilhem nos comentários tudo o que souberem ou vierem a descobrir sobre o Metal Open Air, para que juntos a gente consiga lançar um feixe de luz sobre tudo isso.

Comentários

  1. Cara tenho a dizer que existem vários fatores que este ano vão complicar a execução deste tão salutar projeto:
    Primiero a volta do Sabbath, muitos , e inclusive eu , estão ja juntando grana para ver os caras naquela que pode ser a última oportunidade de ver os País do Metal ao vivo.
    Seugundo pouco tempo para os Bangers se prepararam, em abril é muito perto.
    Por fim este vai e vem de informações gera descredibilidade principalmente para pessoas de longe como eu que sou do R.S.
    Mas mesmo assim quero dizer que, seja em qualquer lugar do Brasil, que venha este festival devemos todos nós unirmos para que tudo dê certo.
    Obrigado

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  2. Vale observar que - mesmo com a saída da marca Wacken - a bandeira da alemanha continua presente em todo material de divulgação do festival, o que não faz o menor sentido já que a única grande associação que alguém poderia fazer entre festival de Heavy Metal e Alemanha, é com o próprio Wacken Open Air mesmo.

    Então, ou os realizadores deste Metal Open Air estão sendo oportunistas e picaretas, ou o material sofreu um descuido absurdo antes de sair ou, realmente, ainda tem algum gringo misterioso por trás da organização.

    Vamos ver como essa novela continua...

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  3. Não tem nenhum outro festival grande na Alemanha, certo?

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  4. Acho que o Negri não colocaria seu nome e toda a sua reputação em um evento que não pudesse acontecer.

    Acredito também que, nos que diz respeito à parte financeira, não tem apenas as duas produtoras envolvidas no projeto.
    Prefeitura e Governo do estado junto com uma cervejaria têm interesse em arcar com alguns custos a fim de dar visibilidade à cidade, sem contar que no próximo ano teremos eleições para prefeito e essa pode ser uma boa oportunidade do atual prefeito tentar uma reeleição.

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  5. Ok, mas essa é a versão da Roadie Crew... certo? :)

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  6. O "material de divulgação" que leva a bandeira da Alemanha nada mais é do que uma montagem feita por fãs, que começou como sendo uma do Wacken Open Air e foi sofrendo alterações. não é oficial. a produtora ainda não lançou logotipo, marca, merchandisingo oficial e line-up, temos apenas as informações de que serão dois palcos paralelos, nomeados como "Dio Stage" e "Cliff Burton Stage", não terá pista Premium e o passaporte para os três dias custará 350 reais. informações vindas do João Paulo, editor e mastermind do Whiplash.net. Como num comentário que vi no Facebook, "Pode se chamar Tiririca Open Air que eu vou!" xD

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  7. Erlk, entendo seus argumentos, mas o próprio Whiplash! começou divulgando essas imagens e pelo interesse que eles tem do festival, acho estranho divulgarem um "fanmade" e ninguém dando um posicionamento oficial para esclarecer a situação.

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  8. A informação é que amanhã, dia 23/11, serão divulgadas as primeiras bandas para o festival, de forma oficial.

    Vamos aguardar com ansiedade.

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  9. Independente de onde, quando e quem, espero que seja um festival bem feito. Que nem os produtores nem os fãs façam merda pra queimar a imagem do heavy metal.

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  10. Po Bruno, Alemanha deve ser o país com mais festivais de metal no mundo! Tive a alegria de ir pro Wacken 2008 e conviver com a galera, não só são muitos festivais, como varias pessoas preferem eles ao Wacken, já q são mais focados em estilos específicos.

    Podem ser um pouco menores e menos famosos por aqui, mas os line-ups são de respeito e vários DVDs bem legais são gravados neles!

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  11. Andei pesquisando aqui. A Alemanha tem vários festivais de heavy metal, e os principais são o Headbangers Open Air (só com bandas cult dos anos 80), Summer Breeze e o Rock Hard Festival, esse último organizado pela revista Rock Hard.

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  12. Mais informações aqui:

    http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_heavy_metal_festivals#Germany

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  13. Será bem feito. A empresa contratada para montar os palcos é a mesma do SWU! e aqui está a logomarca oficial do Metal Open Air! http://www.suacidade.com/logomarca-oficial-do-metal-open-air-é-divulgada

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