Os melhores discos de 2011 na opinião de Regis Tadeu



Um dos críticos musicais mais respeitados do Brasil - e, pelas suas opiniões francas e sem papas na língua, odiado na mesma proporção por fãs dos mais diversos estilos -, Regis Tadeu é uma sumidade quando o assunto é música. Aqui, ele lista aqueles que foram os 10 melhores discos lançados em 2011 na sua opinião, em uma lista que, segundo o próprio Regis, "foi extremamente difícil de fazer e mudava a cada dia, devida a fartura de ótimos lançamentos durante o ano".


Acomode-se na cadeira, leia e comente as escolhas do Mestre Regis. E, se ainda não ouviu algum dos discos indicados por ele, corra já atrás!


Charles Bradley - No Time for Dreaming


É inacreditável que este sujeito tenha lançado seu primeiro disco aos 62 anos de idade. Com um vozeirão de trincar paredes de concreto e um modo arrebatador de cantar letras muito tristes, ele gravou um daqueles discos de soul / R&B que faria o próprio Hitler chorar como um adolescente emo. Os arranjos são sensacionais e a voz do cara... Meu Jesus na cruz!


Machine Head - Unto the Locust

A brutalidade sonora mostrada aqui não impediu que o grupo abrisse mão de melodias quase perfeitas, harmonias interessantíssimas e uma estranha tensão entre luz e sombras dentro de um enorme labirinto sonoro. Que sirva de “iniciação” para toda uma nova geração de headbangers, uma molecada que tem tudo para ser menos tradicionalista e mais inteligente que os “ogros da Galeria do Rock” e seus “guerreiros, dragões, feiticeiros” e outras babaquices ... 


Adele - 21


Depois de uma estreia não mais que razoável, esta cantora inglesa finalmente “achou o seu ponto” neste disco. A maneira como coloca a sua voz sexy dentro de composições brilhantes, que emanam o melhor do “neo soul orgânico britânico” que fez a fama de Amy Winehouse enquanto ela esteve sóbria, é estonteantemente simples e, por isto mesmo, perfeita. Um discaço!  


Noel Gallagher - Noel Gallagher’s High Flying Birds


Aqui está outro disco com arranjos relativamente surpreendentes em sua simplicidade, mas que exibem uma grandiosidade sônica fenomenal, encorpado em grau máximo. A autoridade com que o ex-guitarrista do Oasis revisita suas influências não dá margem a dúvidas: há muita confiança naquilo que ele está fazendo.


Tedeschi Trucks Band - Revelator


Logo em seu disco de estreia, a banda liderada pelo casal Susan Tedeschi e Derek Trucks – ela, ótima guitarrista e cantora; ele, um excepcional prodígio da guitarra, que toca ao lado do grande Warren Haynes nos Allman Brothers – conseguiu criar um disco sublime, com portentosas dosagens de southern rock, blues, funk e soul.


Black Country Communion - 2


Aqui está um dos raros casos em que um segundo disco suplanta o álbum de estreia em todos os sentidos. Conciso e ainda mais certeiro em relação à proposta da banda, é uma paulada atrás da outra.


Trombone Shorty - For True


Já faz certo tempo que este trombonista de New Orleans vem oxigenando o universo deste instrumento com composições repletas de influências de soul, funk e hip hop. Mas foi neste álbum que o cara atingiu o equilíbrio perfeito entre cada vertente, com composições magistrais, impossíveis de se ouvir sem balançar o esqueleto – caso consiga fazer isto pode assinar o seu atestado de “vegetal ambulante”. Para “piorar”, tem as participações espetaculares de ninguém menos que Jeff Beck e Warren Haynes (Gov’t Mule, Allman Brothers), mais os Neville Brothers e o Kid Rock. Outro discão!


Beady Eye - Different Gear, Still Speeding


Uma das mais agradáveis surpresas de 2011. O ex-vocalista do Oasis, Liam Gallagher, manteve os outros integrantes da banda e gravou um disco com uma aura sessentista que não é novidade para quem o conhece, mas acrescida de melodias belíssimas e até mesmo um peso surpreendente para os amantes do brit pop.


Chickenfoot - III


Neste disco ficou mais evidente que isto aqui é realmente uma banda e não um amontoado de roqueiros milionários entediados com suas respectivas carreiras. O disco todo é uma sequência de canções contagiantes e sem o menor pudor de soarem divertidas.


Joe Bonamassa - Dust Bowl


O mais recente disco solo deste estupendo guitarrista traz uma maneira personalíssima na hora de abordar o blues/rock com uma linguagem moderna e malemolente. Sem contar a sua habilidade em compor canções repletas de frescor e alto astral, além de solos memoráveis. Este é um disco que oferece uma ótima degustação.

Comentários

  1. Interessante da listagem, há pouco ou nenhum dos artistas indies pretensamente inovadores que é dominante nos tops de outros veiculos e jornalistas americanos. Em contraste, tem algumas boas opções de material que passou um tanto obscurecido no decorrer do ano. É tremendamente reconfortante que ainda exista musica como desse Tedeschi Trucks Band em tempos hodiernos, o único que ouvi desses por inteiro há algum tempo. Os melhores álbuns que escutei no ano são Undun do The Roots, Bad as Me Tom Waits e Stone Rollin' do Raphael Saadiq.

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  2. Gostei da lista principalmente por ter incluído o Charles Bradley, coisa que mesmo nas listas mais ecléticas ainda não tinha visto. O cara é ótimo!
    E esse Machine Head...caramba, quase unânime. Até eu (que não sou chegado a metal) tô me sentindo "forçado" a ouvir o disco! hahahahaha...
    Abraço!
    Ronaldo

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  3. a lista tbm tem muita coisa fraca, machine head é uma delas, como o próprio regis costuma falar, é um show de canastrisse

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