Unisonic: crítica de 'Unisonic' (2012)


Nota: 8

O Unisonic não toca heavy metal. É preciso deixar isso claro logo de saída, pois a união do vocalista Michael Kiske e do guitarrista Kai Hansen, antigos parceiros naquela que é considerada a fase de ouro do Helloween – completam o time o guitarrista Mandy Mayer (Gotthard, Krokus), o baixista Dennis Ward (Pink Cream 69) e o baterista Kostas Zafiriou -, gerou a expectativa de que a dupla iria lançar algo na linha dos clássicos Keeper of the Seven Keys, o que não acontece.

O som do Unisonic se equilibra entre o hard rock, o AOR e o melodic rock. A produção, a cargo de Ward, deixou a sonoridade bem limpa. O disco tem doses moderadíssimas de peso, e pisa fundo na melodia e no clima oitentista em certos momentos.

A faixa que abre o play, dá nome à banda e ao álbum é a mais pesada de todo o trabalho. Já conhecida do público por ter ganhado um clipe antes do lançamento do álbum, é um hard inspirado, com grande performance vocal de Michael Kiske. Mas, apesar de ter sido lançada como primeiro single, ela não dá a tom do trabalho.

Como já dito, as músicas variam entre o hard, o AOR e o melodic rock. A melodia é onipresente em todo o disco, e em alguns momentos até de maneira açucarada demais. Há boas ideias ao longo do play, como em “I've Tried”, com uma batida meio dançante, e “Star Ride”, com ótimo instrumental e outra grande participação de Kiske.

“Souls Alive” e “My Sanctuary” - essa última excelente – são os momentos mais agressivos – ainda que de maneira comedida – do álbum, ao lado da faixa título. Esse trio deverá agradar de imediato os fãs. Já “Never Too Late” leve o ouvinte de volta aos anos oitenta, e parece retirada da trilha sonora de algum filme daquela década.

Os momentos mais AOR são percebidos em “Never Change Me”, “Renegade” e “King for a Day”, que mostram uma faceta até então desconhecida dos músicos. Aliás, é interessante perceber que não apenas Kiske, Hansen e seus parceiros de banda se aproximaram do estilo, mas também outros ícones do metal melódico andam experimentando nessa área, como é o caso de Tobias Sammet e seu Avantasia.

O único momento baixo é a faixa de encerramento, a balada “No One Ever Sees Me”. Maçante e com uma melodia piegas, é um desafio a qualquer pessoa ouvi-la até o final. Uma faixa desnecessária, que contrasta com as demais músicas do disco.

Esse primeiro álbum do Unisonic está longe de ser o clássico instantâneo que os fãs mais afoitos imaginavam, mas é um trabalho consistente e forte, que mostra alguns dos maiores nomes da história do heavy metal – acompanhados por gente não tão nova assim, mas de inegável talento – experimentando novos caminhos sonoros e acertando a mão na maioria das vezes.

Lançamento nacional via Hellion Records.


Faixas:
  1. Unisonic
  2. Souls Alive
  3. Never Too Late
  4. I've Tried
  5. Star Rider
  6. Never Change Me
  7. Renegade
  8. My Sanctuary
  9. King for a Day
  10. We Rise
  11. No One Ever Sees Me

Comentários

  1. Ricardo você acha que as participações de Kiske no Avantasia inspiraram algumas canções? Principalmente por essa tendência AOR e Hard Rock observada nos trabalhos de Tobias Sammet.

    Algumas faixas que eu ouvi aqui me lembram um pouco o Avantasia. E sobre a balada, eu não acho ela tão insuportável assim, mas é realmente uma das faixas mais fracas do disco.

    As minhas preferidas foram: "Unisonic", "My Sanctuary", "Star Ride", "Never Change me" e "Souls Alive", mas as outras faixas também são muito boas.

    Ótima resenha e excelente disco.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.