Torche: crítica de 'Harmonicraft' (2012)



Nota: 9


O Torche foi formado em Miami em 2004 e é um dos nomes mais interessantes do heavy metal norte-americano. Executando um som que se equilibra entre o sludge e o stoner, a banda sabe balançar com competência inquestionável o peso e a harmonia. Harmonicraft, terceiro disco dos caras, é uma usina de riffs impressionantes, mas com uma onipresente doçura em suas composições.


Steve Brooks (vocal e guitarra), Andrew Elstner (guitarra), Jonathan Nuñez (baixo) e Rick Smith (bateria) trazem uma boa dose de pop para o seu heavy metal, que também tem uns lances de punk na mistura. O resultado é um disco com composições curtas, diretas e com muita energia. Ouvir o trabalho tem o mesmo efeito que tomar uma dose de adrenalina na veia: o coração bate mais forte, as pupilas dilatam e você tem vontade de bater em tudo a sua volta!


Faixas como "Kicking" e "Walk It Off" extravasam a veia punk do quarteto, mas é quando mergulha no heavy metal que Harmonicraft emerge em toda a sua plenitude. A abertura com a arrebatadora "Letting Go" mostra uma inegável influência de Jane´s Addiction. A cadenciada "Reverse Inverted" faz o blues rock e o metal conviverem sem maiores problemas. A ótima "In Pieces" é de cair o queixo, com uma pegada meio space rock  plainando acima dos riffs pesadíssimos. "Snakes Are Charmed" mostra como o U2 soaria se fosse uma banda de metal.


O Torche é divertido e ao mesmo tempo sombrio, extremamente pesado e melodicamente pop. Opostos teoricamente distantes se aproximam na música do grupo, construindo uma sonoridade originalíssima, forte e muito cativante. Muito distante de lances épicos, magos e duendes, o Torche transita por um mundo atual bastante próximo daquele que o ouvinte habita, transformando os medos, obsessões, conquistas e vitórias do dia a dia no combustível inesgotável e poderoso de sua música. 


Beirando o espetacular em diversos momentos, a banda liderada por Steve Brooks - um dos mais atuantes músicos gays da atualidade - sobe vários degraus com seu novo trabalho, passando a fazer parte do seleto número de bandas que estão transformando e revolucionando o heavy metal bem agora, na sua frente, no seu tempo.


Harmonicraft é uma obra-prima, um disco especial, um trabalho diferenciado, inteligente e atual. Provavelmente, o seu lançamento no último dia 24 de abril marcou também o nascimento de um clássico.


Exagero? Ouça a você perceberá que não.




Faixas:
1. Letting Go
2. Kicking
3. Walk It Off
4. Reverse Inverted
5. In Pieces
6. Snakes Are Charmed
7. Sky Trials
8. Roaming
9. Skin Moth
10. Kiss Me Dudely
11. Solitary Traveler
12. Harmonicraft
13. Looking On

Comentários

  1. É realmente um disco sensacional. Tenho a impressão de que "Snakes are Charmed" tem alguma coisa de Big Country também. O disco alia o peso do metal setentista às melodias do pop rock da década de 80, e o faz com muita classe. Virei fã! Ricardo, obrigado por manter o blog, só assim mesmo para conhecer propostas diferenciadas na música e, especialmente, no metal, como as que são apresentadas aqui. Longa vida à Collectors Room!

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  2. Respondendo o post sobre o Huntress neste aqui: AÍ SIM! Eis uma bela banda, mostra algo diferente, ou a vontade de tentar algo neste sentido, é mais variada como a própria resenha apontou. Estou para ouvir o trabalho todo, mas as faixas que já havia ouvido instigaram minha curiosidade.

    Já acho que fazem parte de outro time, saca? Não estão no top da nova vanguarda metálica, mas estão passos à frente do "mais do mesmo" reinante e que tanto criticamos na cena...

    abço!

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