Kadavar: crítica de ‘Kadavar’ (2012)



Este trio é muito interessante. O Kadavar é natural de Berlim e é formado por Christoph “Wolf” Lindermann (vocal e guitarra), Mammut (baixo) e Tiger (bateria). O disco de estreia do grupo, batizado apenas com o nome da banda, saiu em fevereiro deste ano pela gravadora alemã This Charming Man e desembarcou recentemente nos Estados Unidos através do sempre antenado selo Tee Pee.



A diferença do Kadavar em relação a maioria dos grupos de stoner ou que exploram uma sonoridade baseada no hard setentista é um ingrediente pra lá de esperto: o krautrock. Para quem não sabe, o termo surgiu durante a década de 70 para classificar as bandas mais experimentais que nasciam aos montes na Alemanha. Tendo como elemento comum a busca pela criatividade e novos caminhos, os grupos do gênero exploraram diversas sonoridades, notadamente o hard e o progressivo.

O que temos nessa estreia do Kadavar é um som diferente, dono de uma personalidade ímpar. Para efeitos de comparação, é como se o Black Sabbath tivesse um relacionamento com o Birth Control, desse umas puladas de cerca com o Armaggedon (não a banda de Keith Relf, mas sim o quase homônimo grupo alemão liderado pelo vocalista e guitarrista Frank Diez), e dessa suruba toda viesse ao mundo o Kadavar.

O som é pesado, baseado totalmente em riffs. As seis faixas são longas, um tanto arrastadas, com diversas passagens instrumentais. A produção deixou tudo bem na cara e sem maiores requintes. E, ainda bem, a banda não dobra a guitarra na hora dos solos, deixando a base somente com o baixo e a bateria.

O Kadavar não reinventou o mundo com o seu primeiro disco, mas soube encontrar soluções diferentes, que fogem do comum, para se destacar. O som tem momentos onde é mais espacial, psicodélico, e outros onde pisa fundo no peso. Essa alternância de movimentos torna o álbum sempre surpreendente, colocando novas cartas na mesa a cada faixa.

Em certos aspectos, há uma similaridade com o disco de estreia do grupo sueco Graveyard, que tinha uma cara mais bruta que o segundo trabalho dos caras, o excelente Hisingen Blues, de 2011. Resumindo em apenas uma palavra, o que temos aqui é a tradicional “sonzeira”, o hardão setentista puro e cristalino, só que produzido em 2012.

Entre as faixas, destaque para “Forgotten Past”, “Creature of the Demon”, “All Our Thoughts” e “Black Sun”, composições muito fortes que externam o entrosamento entre os músicos e o comprometimento do trio com a estética explorada.

Um disco muito bom, que irá agradar em cheio quem curte o verdadeiro hard rock - ou seja, aquele produzido durante a década de setenta e retomado sistematicamente por diversas bandas ao longo das décadas. Se esse é o seu caso, ouça sem medo.


Nota: 8




Faixas:
  1. All Our Thoughts
  2. Black Sun
  3. Forgotten Past
  4. Goddess of Dawn
  5. Creature of the Demon
  6. Purple Sage

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