Quase Famosos: o hard viciante do Dirty Sweet



Estreia de uma nova seção aqui na Collectors Room. Nela, trataremos de bandas que fizeram (ou ainda fazem) um som de grande qualidade e mereciam ser muito mais conhecidas do que são. Por essa razão a coluna se chamará Quase Famosos, uma homenagem a um dos melhores filmes sobre música já lançados - Almost Famous, de Cameron Crowe, que chegou aos cinemas em 2000.


Para dar início ao nosso papo, escolhi a banda norte-americana Dirty Sweet. O grupo foi formado em San Diego em 2003 e encerrou as suas atividades em 2011. Durante esse período lançaram dois ótimos discos, ... Of Monarchs and Beggars (2007) e American Spiritual (2010), verdadeiras pérolas perdidas para quem curte hard rock.


O Dirty Sweet era formado por Ryan Koontz (vocal), Nathan Beale (guitarra), Mark Murino (guitarra), Shaun Cornell (baixo e teclados) e Chris Mendez-Vanacore (bateria). O som dos caras é basicamente um hard rock, mas que variou bastante nos dois discos gravados pela banda.




A estreia trouxe um som calcado nos anos setenta, com uma produção mais crua e bastante influenciado por Led Zeppelin e Lynyrd Skynyrd. As dez faixas do play são bem na cara, sem firulas ou elementos desnecessários. O timbre de Ryan Koontz, agudo mas jamais excessivo como alguns vocalistas de vozes similares teimam ser, dá um clima ainda mais empoeirado para a música do quinteto, característica que, algumas vezes, faz o som entrar sem bater no rico universo zeppeliano.


O country e um certo ar caipira permeiam todas as canções de ... Of Monarchs and Beggars. O clima estradeiro, a sensação de liberdade, são onipresentes. Melodias simples, linhas vocais certeiras, guitarras afiadas e uma cozinha cheia de groove conquistam o ouvinte em dez faixas muito bem construídas. Destaque para o quase hit “Delilah”, “Come Again”, “Goldensole”, “Born to Bleed”, “Man’s Ruin”, “Red River” e a acústica “Isabel”, que parece saída de um disco do Allman Brothers.


Resumindo: se você curte Led Zeppelin, Lynyrd Skynyrd, Black Crowes e southern rock vai adorar ... Of Monarchs and Beggars. O álbum é, em certos aspectos, semelhante e na mesma linha de Pressure & Time, o segundo disco dos também californianos Rival Sons e um dos melhores CDs de 2011.




Após um intervalo de três anos, o Dirty Sweet soltou em 6 de abril de 2010 o excepcional American Spiritual. A banda soa bastante diferente em seu segundo trabalho. Com uma produção muito melhor - Doug Boehm (The Vines, Booker T. Jones, Drive-By Truckers) foi o responsável - e com canções mais diretas, American Spiritual faz o som do quinteto soar ainda mais eficiente. As composições, mais curtas, são também bem mais focadas que as do play anterior. Há um certo clima chicano nas onze faixas de American Spiritual. A maioria das faixas tem grande refrões, daqueles que puxam o ouvinte para cima e fazem a gente cantar junto.


Algumas faixas são tão inspiradas e possuem melodias tão redondas que é de se espantar que não tenham se transformado em hits. É o caso de “You’ve Been Warned”, “Get Up, Get Out” e “Marionette” (que faria bonito em um filme de Robert Rodriguez ou Quantin Tarantino). Outra vez o trabalho de guitarras se destaca, assim como a performance de Ryan Koontz.


Mas o grande momento de American Spiritual é a composição que dá nome ao disco. Última faixa do álbum, “American Spiritual” mostra o quinteto trazendo para o nosso tempo a tradição centenária dos spirituals, os cantos de lamentação dos escravos norte-americanos. Linda, a canção é arrepiante, climática, sombria. O arranjo vocal é sublime, assim como o solo de violão, simples e por isso mesmo belo.


Infelizmente, o Dirty Sweet encerrou as suas atividades em 2011. Pelo menos é isso que a página oficial da banda no Facebook dá a entender. Uma pena, pois os dois discos do grupo são ótimos, bastante distintos entre si e repletos de grandes canções.


Se você nunca ouviu a banda, seguem abaixo alguns vídeos para você conhecer o som dos caras e ir já atrás dos álbuns do grupo.

Comentários

  1. virei orfão do Dirty Sweet. eles tinham potencial pra ser uma das grandes bandas de rock da atualidade.

    o projeto do guitarrista (Silver Strands) é muito bom também, mais country.

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  2. Conheci o Dirty Sweet aqui no Collector's, realmente, uma pena ter acabado, mas, mudando de assunto, parabens pela nova iniciativa, nome bem sugestivo, adoro esse filme, ansioso pelo proximo "quase famosos".....

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  3. Mais que recomendado e som de qualidade. Melhor que muita banda grande e que ainda faz sucesso com o nome.

    Belos discos para se apreciar... dirigindo na estrada fica ainda melhor.

    Excelente início da nova sessão!

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  4. eu ja tinha ouvido essa banda um tempo atras, ja tinha até esquecido dela, uma pena que acabou. irei ouvir novamente, pois a sonzera é de qualidade.

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  5. Essa nova seção é demais, não conhecia a banda e curti pra caramba.valeu a dica

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