Nota: 8,5
Hoje, 8 de junho, o novo álbum do Rush pousa nas lojas de todo o mundo. O décimo-nono trabalho de estúdio do trio foi gravado em Nashville e Toronto e tem produção da própria banda e de Nick Raskulinecz, o mesmo do disco anterior, Snakes & Arrows (2007). Clockwork Angels traz doze novas faixas para o amplo catálogo do grupo, sendo que as duas primeiras - “Caravan” e “BU2B” - já são conhecidas dos fãs por terem sido lançadas como single em 1 de junho de 2010 e executadas durante a última turnê dos caras, batizada como Time Machine e que passou pelo Brasil em outubro de 2010.
Acontece algo interessante com o Rush. Com 44 anos de carreira - a banda nasceu em 1968, mas só lançou o seu primeiro LP em 1974 -, Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart já experimentaram os mais variados caminhos sonoros. Do hard rock ao prog, passando pela new wave e por composições com excessos de teclados, a banda foi a extremos e acertou a mão na maioria das vezes. Hoje em dia, entretanto, o trio parece se contentar em manter o seu porto seguro dentro do universo do hard rock, explorando as infinitas possibilidades que o gênero permite. E a experiência de quem sempre ousou com flertes com outros estilos é aplicada de maneira cirúrgica em Clockwork Angels, um trabalho com qualidades para se transformar em um dos discos preferidos dos fãs.
Bastante pesado, Clockwork Angels traz o Rush soando moderno e cheio de energia. As faixas são longas, porém jamais cansativas. As composições são intrincadas, mas sem trechos desnecessários e auto-indulgentes. Todos essas características demonstram a maturidade do trio, ainda mais levando-se em conta que a própria banda produziu o play, ao lado de Raskulinecz.
Há pouco de prog em Clockwork Angels. Se você quer um termo para definir como o disco soa, poderia defini-lo como rock moderno, sem exageros e excessos. Tudo está no lugar e na quantidade certa.
Lee, Lifeson e Peart acertaram a mão violentamente. A faixa-título arrepia e é uma das melhores composições do Rush em décadas. “The Anarchist” tem um astral que remete aos tempos de Fly By Night (1975) e 2112 (1976) e uma trabalho sensacional de baixo e bateria - uma redundância em se tratanto de Rush, porém um elogio necessário. “Carnies” possui ecos de “The Spirit of Radio” em certas passagens - não sei se de forma intencional o não -, além de uma aula de Alex.
A inspiração é constante. O peso, onipresente. O feeling, inquestionável. As composições são fortes, donas de uma beleza que impressiona. Os flertes com o passado estão em todo o disco. A linda “The Wreckers” tem uma guitarra que remete à British Invasion e belas linha vocais de Lee e grandes melodias. “Headlong Flight” é, provavelmente, a melhor faixa de Clockwork Angels, e cheira a futuro clássico. Cheia de dinâmicas distintas, mostra o que de melhor o Rush sempre soube fazer: rock pesado e complexo, mas sempre audível.
Todas as faixas exploram o mesmo tema - a jornada de um jovem por um mundo alternativo, em busca de seus sonhos. Neil Peart se inspirou na obra Candide, escrita por Voltaire no século XVIII. E a coisa irá além: o escritor de ficção científica Kevin J. Anderson (Duna, Arquivo X, Star Wars), amigo de longa data de Peart, está escrevendo um livro explorando de maneira mais profunda toda a trama criada pelo baterista para o trabalho.
É possível afirmar, sem medo de errar, que Clockwork Angels será figura certa nas listas de melhores de 2012. O álbum é coeso, forte, cativante, e mostra um Rush focado no presente e com os olhos no futuro, porém sem renegar, em nenhum instante, o seu glorioso passado.
Envelhecer fazendo música de qualidade é difícil. Envelhecer produzindo rock de qualidade, mais ainda. O Rush, com mais de quatro décadas de carreira, segue relevante e surpreendente, passando por cima e atropelando nomes muito mais novos e, teoricamente, com muito mais energia e apetite para mostrar o seu trabalho.
O ditado “aprenda com os mais velhos” poucas vezes soou tão verdadeiro como aqui.
- Caravan
- BU2B
- Clockwork Angels
- The Anarchist
- Carnies
- Halo Effect
- Seven Cities of Gold
- The Wreckers
- Headlong Flight
- BU2B2
- Wish Them Well
- The Garden
Escutei esse álbum somente duas vezes e não fiquei tão empolgado, porém depois de ler esta coluna vou escutar com mais carinho. Bela resenha!
ResponderExcluirEscutei esse álbum somente duas vezes e não fiquei tão empolgado, porém depois de ler esta coluna vou escutar com mais carinho. Bela resenha!
ResponderExcluirEscutei esse álbum somente duas vezes e não fiquei tão empolgado, porém depois de ler esta coluna vou escutar com mais carinho. Bela resenha!
ResponderExcluirEscutei esse álbum somente duas vezes e não fiquei tão empolgado, porém depois de ler esta coluna vou escutar com mais carinho. Bela resenha!
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ResponderExcluirMuito bom o review, o ruim é que agora bateu a vontade de escutar o álbum. Esperar ele aportar pelas lojas para adquirir o meu.
ResponderExcluirSó em ver BU2B e Caravan, no DVD Time Machine, dá para imaginar o que vem de lá para cá, um "rock moderno" de fato.
Ficar agora na expectativa pela turnê, e torcer para que ela passe pelo Brasil.
Estou longe de ser um conhecedor e fã do Rush, conheço pouquíssimo o som deles, mas curti a resenha e resolvi ouvir o álbum novo deles. Achei um álbum excelente, talvez por não conhecer a discografia deles não posso fazer grandes referências, mas curti, soa moderno e coeso demais, um hard rock vigoroso e como você mesmo disse, mesmo com músicas longas, não soa nem um pouco cansativo. O trabalho do baixista Geddy Lee ficou fodastico. Com certeza um dos álbuns que irá figurar entre os melhores do ano.
ResponderExcluirDream Theater confirma 5 apresentações no Brasil em agosto
ResponderExcluir24/8 - Porto Alegre, Brasil - Pepsi on Stage
26/8 - São Paulo, Brasil - Credicard Hall
29/8 - Belo Horizonte, Brasil - Chevrolet Hall
30/8 - Rio de Janeiro, Brasil - Citibank Hall
01/9 - Brasília, Brasil - Ulysses Guimarães
http://www.heavymetalcenter.net/2012/06/dream-theater-confirma-5-apresentacoes.html?
Muito bom texto! Obrigado!
ResponderExcluirMais um excelente review!
ResponderExcluirEu achei um discaço, mas sou suspeito pra falar... rs
Ricardo, por favor, poderia tirar uma dúvida?
Você chegou a adquirir/encomendar a versão desse disco pela Classic Rock Magazine?
Estou pensando em adquiri-lo, mas não faço ideia se demora pra entregar aqui no Brasil (SP). Nunca comprei nada de fora.
Pode dar alguma dica por favor?
Abraço!
Tiago.