Buffalo Killers: crítica de Dig. Sow. Love. Grow. (2012)

Eu poderia começar este texto dizendo que o quarto disco da banda norte-americana Buffalo Killers, Dig. Sow. Love. Grow., é uma grata surpresa. Mas o fato é que o nome do trio formado por Andrew Gabbard (vocal, guitarra e piano), Zachary Gabbard (vocal e baixo) e Joseph Sebaali (bateria) já é conhecido pelos mais antenados, que não se contentam apenas com o que lhes é vendido e gostam de pesquisar e ir atrás das boas novidades musicais. Ou melhor, deveria ser.

Lançado em 7 de agosto último, Dig. Sow. Love. Grow. tem cara de pérola perdida. Sabe aquelas matérias especiais que mergulham fundo nos porões mais empoeirados das décadas de 1960 e 1970 e saem com indicações certeiras de discos e bandas sensacionais e que pouquíssima gente ouviu falar? Aqui acontece a mesma coisa, mas com uma diferença: o Buffalo Killers é uma banda atual e está em pleno amadurecimento, construindo uma sonoridade cada vez mais rica e cativante.

Formada em Cincinnati, Ohio, em 2006, o trio já tem uma discografia de respeito. O primeiro play, batizado apenas com o nome do grupo, saiu em 2006 e chamou a atenção de Chris Robinson, que colocou os caras para abrir a turnê de 2007 do Black Crowes. O segundo, Let It Ride (2008), foi produzido por Dan Auerbach, vocalista e guitarrista do Black Keys. E o terceiro, intitulado apenas 3, saiu em agosto do ano passado mantendo o alto nível.

Há uma notável influência de Black Crowes em Dig. Sow. Love. Grow., mas também de diversos outros nomes do rock setentista. É possível ouvir ecos de Faces, James Gang e até alguma coisa dos Eagles em algumas passagens. Mas não espere ouvir um remake destas bandas, com uma sonoridade propositadamente saudosista, que apenas emula o que de melhor foi produzido durante a década de 1970. Não, o papo aqui é outro. O Buffalo Killers mostra talento e personalidade, entrando sem medo em uma máquina do tempo sonora e saindo de lá com composições fortes e criativas, repletas de timbres gordos e andamentos espertos, que conquistam quem quer, no final das contas, ouvir apenas aquilo que realmente importa: um bom disco de rock.


E Dig. Sow. Love. Grow. é um senhor disco, que alterna faixas mais agitadas com outras que se aproximam do blues, do country e da psicodelia multi-colorida. Aliás, a aproximação com o country dá um aspecto bem rural e agreste para a maioria das faixas. 

Sem um hype gigantesco, sem pressão por resultados, sem expectativas mirabolantes, Sebaali e os irmãos Gabbard gravaram um álbum repleto de ótimas canções, cheias feeling e autenticidade. Tudo soa orgânico e com alma.

Sem alarde e longe dos holofotes, o Buffalo Killers gravou outro ótimo disco. Dig. Sow. Love. Grow. não vai revolucionar nada, não vai figurar nas paradas e muito menos mudar o mundo. Porém, proporciona algo tão importante quanto: é daqueles trabalhos que vão nos conquistando aos poucos, com canções de qualidade e uma verdade que transborda pelos sulcos. 

Enfim, apenas um bom disco de rock. Simples assim.

Nota: 8

Faixas:
  1. Get It
  2. Hey Girl
  3. Blood on Your Hands
  4. Rolling Wheel
  5. Those Days
  6. I Am Always Here
  7. Farewell
  8. Graffiti Eggplant
  9. My Sun
  10. Moon Daisy

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