5
de março de 2013. 19h1min. Faltam cerca de 2 horas para Elton John
subir ao palco do estádio do Zequinha, em Porto Alegre. A primeira pessoa
que você se lembra quando pisa no tablado da pista é do velho amigo
Miguel Varella. Miguel foi o cara que lhe apresentou Elton em sua melhor
forma: os discos que compreendem sua carreira de 1969/1975. Muitos
vinculam o músico inglês ao lado mais sórdido do Pop. Sim, o cara fatura
milhões por ano. Sim, Elton emplacou dezenas de hits das paradas de
sucesso dos dois lados do Atlântico. Sim, Elton tocou pra caramba em
todas as estações de rádio AM/FM e escambau. E claro, ele é um dos
maiores milionários da música internacional. Aí, você se pergunta: “Que
mal há nisso?”. Os Beatles não fizeram o mesmo? Pois é, senhoras e
senhores, ele não tem dúvida – Elton John é merecedor de todo seu
sucesso. O homem é uma espécie de Pelé da música, craque.
Nessas
duas horas que antecederam o início do espetáculo, você pôde perceber
que o público tinha milhares de rostos diferentes. Adolescentes, casais
de todas as modalidades, veteranos e iniciantes, todos estavam ali para
ver o homem que comemora 40 anos do hit que o elevou definitivamente à
primeira divisão da música Pop.
20h40min.
O tecladista gaúcho Luciano Leães faz sua apresentação de abertura. Só
ele e o piano. Muito blues e clássicos como “Georgia on My Mind”, de Ray
Charles. Foi um ótimo aquecimento. 20 minutos que deixam a plateia
acesa. Às 21h10min a estrela principal pisa no palco. O público delira.
Elton veste um casaco azul repleto de um brilho prateado. Nas costas, o
nome de um de seus álbuns favoritos, Madman Across the Water. Esse
parecia ser um anúncio que o espírito dos anos 1970 iria retornar nas
próximas horas à Porto Alegre.
Você nunca tinha reparado de verdade em “Great Seal”, faixa dois do lado B de Goodbye Yellow Brick Road. E aí você se julga um idiota por nunca ter identificado o clássico que ela é! Ao vivo Elton ainda canta e toca muito. O homem não se poupa. “Levon”, uma das músicas de Madman Across the Water, mostra-se a canção perfeita para execução em estádios. É uma balada, mas também tem a energia do rock and roll. Já “Tiny Dancer”, dedicada por Elton a todas as garotas da plateia, tornou-se um dos temas mais aguardados em suas apresentações. Culpa do cineasta Cameron Crowe, que a incluiu em um dos momentos mais bonitos do filme Quase Famosos (2001). Dá pra ouvir o público cantando cada frase da história criada por Bernie Taupin.
“Believe” é uma das mais fortes canções de amor do músico. A letra e a melodia tem peso. Ao vivo ela também cresce. O público nas primeiras fileiras levanta cartazes com a frase “I believe in love”. “Mona Lisas and the Mad Hatters” é outras daquelas canções apenas conhecidas pelo público mais fiel de Elton. E essa audiência estava lá. “Philadelphia Freedom”, uma homenagem de Elton e Bernie ao som da Filadélfia dos anos 1970, também homenageia a tenista norte-americana Billie Jean King. É nesse som que percebo o quarteto vocal negro com toda sua força. Lisa Stone e Rose Stone, Tata Veja e Jean Witherspoon dão suporte vocal de primeira linha para canções como essa.
“Candle in the Wind”, música que Elton dedicou primeiramente a Marylin
Monroe e depois a Princesa Diana, é uma daquelas canções que sempre nos
colocam pra pensar. Você fica olhando para a compenetração do veterano
contrabaixista Matt Bissonette. Ele parece imerso pelo tema. Assim como
você. “Goodbye Yellow Brick Road” leva o público ao delírio. O refrão
ecoa Zequinha afora. “Rocket Man”, música que dá nome a atual turnê,
ganha um início ablusado. Elton consegue enganar a plateia por alguns
segundos, para logo em seguida, com um sorriso, entrar nos acordes
originais do tema. Você não tira os olhos do percussionista John Mahon.
Ele faz todos aqueles malabarismo que um bom percussionista gosta de
fazer, e acreditem, não deixa saudades de Ray Cooper, lendário músico
que acompanhou Elton por décadas. “Hey Ahab” é uma de suas últimas
canções. Está no álbum feito em parceria Leon Russel em 2010. “I Guess
That Why They Call It the Blues” é uma das melhores músicas de Elton na
década de 1980. E ela novamente soa fresquinha nos seus ouvidos. Elton
dá show no piano.
O medley “Funeral For a Friend / Love Lies Bleedin’” é o momento pra banda
mostrar seu viés de rock progressivo. Nigel Olsson toca sorrindo o
tempo todo. O tecladista Kim Bullard chega a lembrar Rick Wakeman com
seus efeitos e trejeitos. Johnstone toca com uma guitarra pintada com os
temas do álbum Captain Fantastic, de 1975. Será que alguém fez uma
foto dessa guitarra? “Honk Cat” começa com o piano de Elton e também é
embalada por um banjo. Esse é um daqueles sons que a banda parace
brincar de fazer música. “Sad Songs”, outra das canções dos famigerados
anos 1980, ganha força e um clima mais rock and roll nas apresentações
do atual tour. Novamente chama atenção a alegria do baterista Nigel
Olsson. Aos 64 anos, o músico ainda tem muita energia para dar e vender.
Você sabe que Elton vai tocar mais uma. Passa pela banca oficial onde vê uma baita camiseta oficial do tour. Lembra que o dinheiro na carteira dá contado para o táxi que o levará até a rodoviária. Antes de entrar no veículo, ouve os acordes iniciais de “Your Song”. Lembra-se da letra que fala de um homem que não consegue esconder o que sente. O protagonista se queixa da falta de grana e diz que tivesse condições, compraria uma grande casa para viver com seu amor. Você pensa - se fosse mágico, pararia o tempo na noite desta terça-feira, 5 de março, no Estádio do São José, em Porto Alegre.
Por Márcio Grings
Fico feliz de ver o Elton John fazendo uma turnê brasileira (serão cinco shows, um solo!), e triste porque o Rio de Janeiro não está na lista.
ResponderExcluirNão sei se o pessoal em Porto Alegre aprontou alguma coisa, mas em São Paulo a plateia tirou onda.
O fã clube Elton John Forever organizou a galera e distribuiu dezenas de balões amarelos, que foram agitados durante Goodbye Yellow Brick Road, e centenas de folhas de papel com 'LA' escrito neles, que foram levantados durante o la-la-la de Crocodile Rock.
A cena foi tão incrível que deixou até o Elton John com cara de "what the porra is that?".