Sempiternal é o quarto disco dos
ingleses, lançado três anos depois do consagrado There is a Hell,
Believe Me I've Seen It. There is a Heaven, Let's
Keep It a Secret, agora pela major RCA Records na Europa.
Interessante notar que, apesar de a banda estar apreensiva com
relação a possibilidade de a gravadora tentar interferir no
direcionamento do álbum, foi dada ao Bring Me The Horizon total
liberdade criativa, estimulando-os inclusive a compor o álbum mais
extremo de suas carreiras. E talvez exatamente por isso, eles tenham
seguido um caminho completamente diferente.
Lotada de elementos eletrônicos e com
um andamento relativamente complexo, a lenta e arrastada "Can You Feel
My Heart" já mostra que os britânicos realmente metamorfosearam o
seu som de maneira brusca nesse novo registro, pois mesmo quando o
lado mais agressivo se apresenta em "The House of Wolves", não chega
nem perto da insanidade e do caos dos álbuns anteriores, ainda que o
resultado aqui também seja bem interessante (encaixar mudanças de
ritmos inesperadas é uma das mais notáveis características do
BMTH). Com elementos mais atmosféricos e dois pés no hip hop - e
porque não, no nu metal de uma década atrás -, "Empire (Let Them
Sing)" é um destaque imediato por conta das melodias simples e
facilmente absorvíveis, assim como em "Sleepwalking", aonde o
equilíbrio do metalcore com música eletrônica se mostra
extremamente eficiente.
E por falar em eficiência, "Go to Hell,
For Heaven’s Sake" se mostra uma versão bem mais melódica (e com
uma ligeira veia “post”) do estilo antes praticado, e a exemplo
de "Shadow Moses", o primeiro single de Sempiternal, é uma excelente
ponte entre a identidade musical da banda entre o disco anterior e
esse. "And the Snakes Start to Sing" é o momento mais atmosférico do
album, com passagens acústicas e os efeitos eletrônicos criando uma
ambientação para uma das interpretações mais dramáticas e
versáteis de Oliver Skyes, enquanto "Seen It All Before" retoma a
utilização de tempos mais complexos e atinge o seu ápice com algo
que poderia ser classificado como um plot twist lírico-musical no
seu fim.
"Anti-Vist" resgata o espírito mais
extremo da banda sob uma letra de protesto, em que é praticamente
impossível não prever a reação do público nas apresentações ao
vivo (“middle fingers up IF you don’t give a fuck”), enquanto a
cadenciada "Crooked Young" acaba por soar como um crescendo prelúdio
épico para o encerramento do álbum com "Hospital For Souls", faixa
extremamente experimental, que esbarra no lado mais eletrônico do
post rock e se mostra bem diferente em relação ao restante do
disco, mais do que o suficiente para realmente deixar um ponto de
interrogação pairando após o seu término.
Em todo caso, é mais um ótimo indício
de como o Bring Me The Horizon está gradativamente se livrando de
algumas possíveis limitações e arriscando nas mais diversas
intervenções musicais. A atmosfera que paira por todo o trabalho se
encaixou de forma perfeita com a temática lírica, muito mais
reflexiva e subjetiva do que nos trabalhos anteriores o que torna a
audição de Sempiternal uma experiência bem interessante, tanto
para aqueles que já acompanham a banda, quanto para os que estão
tendo o seu primeiro contato, pois é um caminho muito mais acessível
do que os seus outros álbuns, principalmente aos não familiarizados
com o estilo.
Nota 8,5
1. Can You Feel My
Heart
2. The House Of Wolves
3. Empire (Let Them Sing)
4.
Sleepwalking
5. Go To Hell, For Heaven’s Sake
6. Shadow
Moses
7. And The Snakes Start To Sing
8. Seen It All
Before
9. Anti-Vist
10. Crooked Young
11. Hospital For Souls
10. Crooked Young
11. Hospital For Souls
Por Rodrigo Carvalho, do Progcast
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