Bring Me The Horizon: crítica de Sempiternal (2013)

A mais proeminente banda do metalcore inglês, o Bring Me The Horizon despontou como um dos grandes nomes do estilo desde a sua formação, em 2004, ficando lado a lado em questão de popularidade com relação aos seus contemporâneos americanos. Apesar de seguir uma linha sem muitas diferenciações no primeiro trabalho, desde Suicide Season (2008) o quinteto liderado pelo vocalista Oliver Skyes vem agregando elementos que vão desde mathcore e post-hardcore até inimagináveis toques de rock progressivo e dubstep.

Sempiternal é o quarto disco dos ingleses, lançado três anos depois do consagrado There is a Hell, Believe Me I've Seen It. There is a Heaven, Let's Keep It a Secret, agora pela major RCA Records na Europa. Interessante notar que, apesar de a banda estar apreensiva com relação a possibilidade de a gravadora tentar interferir no direcionamento do álbum, foi dada ao Bring Me The Horizon total liberdade criativa, estimulando-os inclusive a compor o álbum mais extremo de suas carreiras. E talvez exatamente por isso, eles tenham seguido um caminho completamente diferente.

Lotada de elementos eletrônicos e com um andamento relativamente complexo, a lenta e arrastada "Can You Feel My Heart" já mostra que os britânicos realmente metamorfosearam o seu som de maneira brusca nesse novo registro, pois mesmo quando o lado mais agressivo se apresenta em "The House of Wolves", não chega nem perto da insanidade e do caos dos álbuns anteriores, ainda que o resultado aqui também seja bem interessante (encaixar mudanças de ritmos inesperadas é uma das mais notáveis características do BMTH). Com elementos mais atmosféricos e dois pés no hip hop - e porque não, no nu metal de uma década atrás -, "Empire (Let Them Sing)" é um destaque imediato por conta das melodias simples e facilmente absorvíveis, assim como em "Sleepwalking", aonde o equilíbrio do metalcore com música eletrônica se mostra extremamente eficiente.

E por falar em eficiência, "Go to Hell, For Heaven’s Sake" se mostra uma versão bem mais melódica (e com uma ligeira veia “post”) do estilo antes praticado, e a exemplo de "Shadow Moses", o primeiro single de Sempiternal, é uma excelente ponte entre a identidade musical da banda entre o disco anterior e esse. "And the Snakes Start to Sing" é o momento mais atmosférico do album, com passagens acústicas e os efeitos eletrônicos criando uma ambientação para uma das interpretações mais dramáticas e versáteis de Oliver Skyes, enquanto "Seen It All Before" retoma a utilização de tempos mais complexos e atinge o seu ápice com algo que poderia ser classificado como um plot twist lírico-musical no seu fim.

"Anti-Vist" resgata o espírito mais extremo da banda sob uma letra de protesto, em que é praticamente impossível não prever a reação do público nas apresentações ao vivo (“middle fingers up IF you don’t give a fuck”), enquanto a cadenciada "Crooked Young" acaba por soar como um crescendo prelúdio épico para o encerramento do álbum com "Hospital For Souls", faixa extremamente experimental, que esbarra no lado mais eletrônico do post rock e se mostra bem diferente em relação ao restante do disco, mais do que o suficiente para realmente deixar um ponto de interrogação pairando após o seu término.

Em todo caso, é mais um ótimo indício de como o Bring Me The Horizon está gradativamente se livrando de algumas possíveis limitações e arriscando nas mais diversas intervenções musicais. A atmosfera que paira por todo o trabalho se encaixou de forma perfeita com a temática lírica, muito mais reflexiva e subjetiva do que nos trabalhos anteriores o que torna a audição de Sempiternal uma experiência bem interessante, tanto para aqueles que já acompanham a banda, quanto para os que estão tendo o seu primeiro contato, pois é um caminho muito mais acessível do que os seus outros álbuns, principalmente aos não familiarizados com o estilo.

Nota 8,5



1. Can You Feel My Heart
2. The House Of Wolves
3. Empire (Let Them Sing)
4. Sleepwalking
5. Go To Hell, For Heaven’s Sake
6. Shadow Moses
7. And The Snakes Start To Sing
8. Seen It All Before
9. Anti-Vist
10. Crooked Young
11. Hospital For Souls

Por Rodrigo Carvalho, do Progcast

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