Device: Crítica de Device (2013)


Logo após o Disturbed comunicar que entraria em hiato por tempo indeterminado, o vocalista David Draiman anunciou que formaria um novo projeto ao lado do guitarrista Geno Lenardo (que já fez parte da banda Filter), voltado mais para o lado eletrônico e industrial do heavy metal.

Durante seis meses a dupla compôs e gravou no próprio estúdio do vocalista as dez faixas que viriam a fazer parte do disco de estreia do Device, lançado pela Warner Bros Records no dia 09 de abril - o que assegurou a presença de diversos convidados especiais e uma massiva divulgação do trabalho.

"You Think You Know", faixa que dá início ao novo projeto não apresenta grandes novidades a ponto de impactar quem já conhece o trabalho de Draiman no Disturbed. Aliás, talvez tenha sido exatamente escolhida como a abertura para criar uma ponte entre a sonoridade de sua antiga banda e o Device, pois soa exatamente como uma versão mais eletrônica do que vinha sendo apresentado em seus últimos registros, Indestructible, de 2008, e Asylum, de 2010. Sem extrapolar muito, a faixa seguinte "Penance", já mostra um dos caminhos mais alternativos da sua proposta, sendo possível perceber toques de Nine Inch Nails camuflados, enquanto "Vilify" invariavelmente parece ter saído de algum registro perdido há quase dez anos, quando do ápice e da saturação do nu metal norte americano.

Com participação de Lzzy Hale, o Device reinterpreta o clássico farofento "Close My Eyes Forever", originalmente um dueto entre Lita Ford e Ozzy Osbourne gravado para o terceiro disco solo da cantora, lançado em um distante 1988 (interessante notar como a atmosfera industrial conseguiu atualizar a faixa, com notável destaque para a interpretação de Hale). Mais um destaque vem em seguida, na faixa "Out Of Line", que além de Serj Tankian dividindo as vozes com Draiman, ainda conta com o baixo de Geezer Butler (não que seja exatamente perceptível na música em si, claro).

Carregadíssima de sons e ruídos eletrônicos, "Hunted" é uma daquelas típicas faixas que não atrapalham e tampouco acrescentam algo ao álbum, e durante a audição ela simplesmente preenche um espaço entre outras e passa sem soar exatamente interessante. A atenção volta apenas em "Opinion", uma cadenciada e melódica música com participação das características e únicas linhas de guitarra de Tom Morello, que simula os efeitos e acrescentam positivamente ao instrumental relativamente simples.

Apesar de ter sido alegado que o objetivo do Device era se enveredar por caminhos mais modernos ligados ao industrial metal, o apresentado em "War of Lies" e "Haze" está muito mais próximo do dubstep, lembrando vagamente (ainda que aqui esteja representado de forma mais sutil) o que o Korn fez no seu último trabalho, The Path Of Totality, porém sem o mesmo impacto. A balada "Through It All", com a impensável participação de Gleen Hughes, encerra esse debut com pontos positivos, graças ao contraponto entre os agudos do ex-líder do Black Country Communion e a voz grave de Draiman.

Em resumo, o disco de estreia do Device talvez não traga muitas novidades, tampouco soa singular ou ambicioso na maior parte do tempo, por mais agradáveis que as composições possam ser. E mesmo contando com um interessante time de convidados especiais (que convenhamos, é o principal motivo para as pessoas conferirem o álbum), o trabalho oscila severamente em alguns momentos, não por ser fraco ou ruim, mas simplesmente por ficar abaixo do esperado em relação à forma como vem sendo apresentado e não trazer elementos suficientes para que se ouça mais do que algumas vezes.

Por outro lado, este pode ser apenas um primeiro passo de um projeto que tem tudo para virar uma banda propriamente dita (afinal de contas, o futuro do Disturbed permanece incerto), e a fórmula ainda pode ser muito aperfeiçoada e devidamente equilibrada.

Nota 6,5


Faixas
1. You Think You Know
2. Penance
3. Vilify
4. Close My Eyes Forever
5. Out of Line
6. Hunted
7. Opinion
8. War of Lies
9. Haze
10. Through It All

Por Rodrigo Carvalho (Progcast)

Comentários

  1. O Device é interessante, lembra o debut do Disturbed, e está um pouco mais distante do que eles vinham fazendo nos dois últimos plays.

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  2. As linhas vocais do Draiman são todas iguais, desde o Disturbed...o cara canta em "soquinhos"...uma pena, pois ele tem um timbre bacana.

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