Mais de duas décadas e oito discos
depois, o quinteto sueco se estabeleceu como um dos maiores nomes do
heavy metal atual, sempre embalado pela recorrente temática viking
em suas letras, e o sentimento épico que transborda em cada
registro. Em 2013 eles lançam Deceiver Of The Gods,
seu nono álbum de estúdio, novamente pela Metal Blade Records,
focando prioritariamente em uma das mais populares figuras da
mitologia nórdica, o deus do fogo, Loki.
E logo nos primeiros segundos, a faixa-título começa a desenhar o espírito que dominará não apenas a
música de abertura, mas todo o álbum – e como isso poderia ser
diferente? É, de longe, a característica mais marcante na
sonoridade do Amon Amarth e um dos principais responsáveis por ele
ter o reconhecimento que tem hoje. Unindo isso a sempre presente
influência do heavy metal tradicional e da música extrema,
“Deceiver Of The Gods” mostra uma banda intacta em
questões musicais, e ainda assim trazendo de detalhes que
engrandecem as suas composições consideravelmente.
Mais acelerada, “As Loke Falls”
alterna entre momentos extremamente melódicos (evidentemente, dentro
dos padrões da banda) com andamentos que remetem aos seus
primórdios, quando as margens com o death e black metal eram menos
definidas. “Father Wolf”, a seguinte, poderia facilmente
se encaixar em algum disco da NWOBHM com toques de speed metal, não
fossem os vocais urrados de Johan Hegg e o tom extremamente baixo,
enquanto “Shape Shifter”... bem, é Amon Amarth até o
osso.
“Under Siege”, atmosférica
e cadenciada, com estruturas bem variadas, é digna dos momentos mais
épicos e contemplativos nas apresentações ao vivo dos suecos.
Aliás, é notável o direcionamento da banda em compor com foco nas
passagens que permitem uma grande interação, seja nas vozes ou nas
melodias instrumentais que praticamente clamam por um coro a plenos
pulmões. Isso pode ser visto mais do que claramente tanto na curta e
direta “Blood Eagle”, quanto no chamado para a guerra de
“We Shall Destroy”.
O andamento mais lento retorna na
soturna “Hel”, que conta com a participação de Messiah
Marcolin e invariavelmente acaba por resultar em um híbrido entre
melodic death metal e doom metal, sempre carregado. O ritmo volta ao
seu estágio típico em “Coming Of The Tide”, basicamente
uma preparação para “Warriors Of The North”, a maior
faixa já lançada pelo grupo até hoje, que com o seu excelente e
bem encaixado título pode facilmente ser considerada a epítome de
tudo que eles já fizeram de importante, musicalmente falando, em sua
discografia.
E isso demonstra bem o que é a banda
hoje: os suecos estão em uma situação extremamente confortável,
com um nível de confiança conquistado e estabelecido álbum após
álbum, que, se não apresenta grandes variações ou inovações
entre um e outro, concretiza cada vez mais a identidade do Amon
Amarth, e justifica o porquê de eles serem considerados um dos
grandes nomes não apenas do melodic death metal (ou viking metal,
como queiram), mas sim do heavy metal como um todo.
Deceiver Of The Gods pode
não ser exatamente uma progressão natural, mas sim praticamente
como outra parte, mais uma coleção de faixas dentro do estilo
adotado claramente desde o With Oden On Our Side, em um
longínquo 2006. Cansativo? De maneira alguma, já que eles ainda
conseguem compor músicas e mais músicas que, por mais que sigam uma
proposta em comum, recebem uma série de detalhes e um cuidadoso
trabalho melódico que garantem a heterogeneidade do álbum e o torna
memorável em diversos momentos.
Nota 8,5
01. Deceiver Of The Gods
02. As Loke Falls
03. Father Of The Wolf
04. Shape Shifter
05. Under Siege
06. Blood Eagle
07. We Shall Destroy
08. Hel
09. Coming Of The Tide
10. Warriors Of The North
Por Rodrigo Carvalho, do Progcast
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