Leprous: crítica de Coal (2013)

Dentre as mais recentes bandas do prog metal, os noruegueses do Leprous se destacaram rapidamente com a sua identidade visual e sonora bem singular, unindo um leque bem inesperado de influências e ainda assim garantindo resultados excepcionais, como pode ser ouvido nos seus três primeiros álbuns: Aeolia de 2006, Tall Poppy Syndrome de 2009 e Bilateral, um clássico instantâneo, de 2011.

Caminhando a passos largos, o quinteto lança agora em 2013 Coal, novamente sob a tutela da InsideOut, e elevando o Leprous mais alguns níveis acima em sua curta, mas praticamente obrigatória, discografia.

“Foe”, com apenas um par de notas, ritmos simples e extremamente repetitivos, comprova mais uma vez como o metal progressivo pode atingir resultados excelentes sem precisar apelar para músicas auto indulgentes, mas focando na agregação de novos elementos que criem uma sonoridade única. “Chronic”, a faixa seguinte, segue por um caminho muito mais complexo do que a anterior, com mudanças de andamento inesperadas que levam a sua sonoridade aos lados mais extremos do estilo (algo natural para uma banda norueguesa, convenhamos), enquanto a faixa-título, com sua esquisita sensação de urgência, traz inspiração em bandas como Tool, Meshuggah e um quê de industrial, dando luz a um híbrido no mínimo intrigante.

A lenta e atmosférica “The Cloak”, que rendeu um excelente vídeo, é uma belíssima e reflexiva faixa, com forte acento pop, embora não possa ser classificada genuinamente como uma balada, se considerar os seus moldes nada tradicionais. O mesmo ocorre com a seguinte, “The Valley”, que se envereda por passagens etéreas, com direito a um longo interlúdio flutuante em meio à jornada de quase nove minutos, e também com a curta “Salt”, que balanceia entre atmospheric rock, progressivo e sutis toques de jazz.

Essas mesmas influências se fazem presentes, ainda que apresentadas sob outro aspecto, em “Echo”, uma faixa dinâmica que explora uma numerosa gama de possibilidades sem fugir da linha guia arrastadíssima. “Contaminate Me” encerra o disco, e conta com a participação de Ihsahn em mais um momento em que o Leprous perigosamente se aproxima da sonoridade de bandas de death e black metal com toques progressivos, abrindo mais uma brecha para possíveis experimentações em seus próximos discos.

Até mesmo porque Coal já demonstra como o quinteto norueguês não define limites para a sua música, trazendo uma interessante inserção de elementos inesperados, dando mais um grande passo em sua ascensão como banda – algo importantíssimo, principalmente se considerarmos que Bilateral já foi muito elogiado em seu lançamento. 
 
Verdade seja dita, o grande destaque neste terceiro álbum é o dinamismo e a própria identidade que cada faixa adquire graças ao notável senso de composição da banda, montando uma sequencia memorável e homogênea, por mais diferenciada que seja, demonstrando evolução e amadurecimento desde o último trabalho como poucas vezes se viu.

Tranquilamente, mais um álbum a figurar nas listas de melhores do ano.

Nota 9

Faixas:
01. Foe
02. Chronic
03. Coal
04. The Cloak
05. The Valley
06. Salt
07. Echo
08. Contaminate Me

Por Rodrigo Carvalho, do Progcast

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