Desde que atingiu nível de reconhecimento entre o grande
público, a banda californiana Avenged
Sevenfold sempre esteve sujeita a algumas das reações mais exaltadas, seja
por parte do fanatismo (por vezes exagerado) de seus admiradores, quanto por
parte daqueles que preferem passar horas exercitando o seu preconceito contra o
trabalho do grupo.
Independente disso, o quinteto vem desenvolvendo uma
identidade musical praticamente única, partindo do metalcore padrão dos
primeiros trabalhos até se tornar um dos mais bem sucedidos nomes da heavy
metal americano atual, em especial após a segunda metade da década passada.
Três anos após Nightmare, seu último trabalho de
estúdio, e a recuperação após a perda de um de seus membros originais, o
Avenged Sevenfold propõe com Hail To The King uma renovação em
diversos sentidos. Produzido novamente por Mike Elizondo, o álbum marca a
estreia do baterista Arin Ilejay, e de acordo com a banda, deve ser encarada
como uma experiência extra musical (em conjunto com uma animação e um jogo,
ainda a serem lançados).
Iniciando o disco, “Shepherd of Fire” não traz diferenças
instrumentais tão exorbitantes se compararmos com os momentos mais cadenciados
e soturnos do Avenged Sevenfold dos dois últimos álbuns. Por outro lado, algumas
mudanças estão mais notáveis em três fatores: a simplicidade nas estruturas e
na composição, as letras focadas em temas fantasiosos e épicos, e a voz de M.
Shadows, mais contida e harmônica, um ponto extremamente positivo por todo o
disco.
Estes fatores ficam ainda mais claros em “Hail To The King”,
faixa que havia sido divulgada previamente, e segue caminho totalmente voltado
ao heavy metal tradicional até o osso, em um andamento quase... Manowar, beirando
algo extremamente genérico. Não muito diferente, porém voltada para o hard rock
oitentista, “Doing Time” soa praticamente sem inspiração ou melodias sequer
memoráveis.
“This Means War” traz a forte influência do Metallica que a
banda sempre carregou, estampada aqui com uma incômoda similaridade em relação
à faixa "Sad But Trueä, e apesar dos pesares, é um dos bons momentos no disco. O
mesmo pode ser dito sobre “Requiem”, aonde os americanos concentram ainda mais
os elementos épicos e sinfônicos, interessantemente casados com um ritmo
arrastado e melancólico.
Apesar de eles nunca perderem a mão no que diz respeito às
baladas de seus álbuns, “Crimson Day” não foge do padrão, nem apresenta exatamente
grandes novidades, enquanto “Heretic” tenta mais uma vez inserir a fórmula de
heavy metal e hard rock ao seu som já característico, porém de forma um tanto
quanto forçada e artificial, sem o sentimento devidamente necessário.
O álbum volta aos trilhos com “Coming Home”, carregada de
excelentes passagens que remetem diretamente ao Iron Maiden, principalmente se
comparada com os trabalhos mais recentes dos ingleses. A seguinte, “Planets”,
traz uma sucessão de mudanças de andamento a princípio desconexas e boas
intenções melódicas, principalmente na combinação entre ritmos cadenciados e
arrastados com arranjos orquestrais, mas por fim acaba se alongando mais do que
o necessário ao longo dos seus seis minutos. Com aquela sensação de
encerramento de jornada épica, “Acid Rain” é mais uma balada carregadíssima, e
para o bem ou para o mal, condizente com o espírito do restante da obra.
Como a própria banda já havia dito, a música em Hail
To The King seria mais direta, orientada por riffs e focada nas
influências clássicas. E se olharmos apenas por esse lado, não se pode negar
que eles cumpriram o objetivo. Porém, o grande problema no resultado final do
trabalho é que eles simplesmente deixaram de lado algumas de suas
características primordiais mais marcantes, praticamente negando boa parte da
identidade construída ao longo de sua discografia.
Não apenas isso, diversos momentos do disco deixam a
impressão de que o Avenged Sevenfold impôs
limites ao seu próprio estilo de composição, forçando uma simplicidade
artificial e deixando uma estranha sensação de que o potencial não foi
devidamente aproveitado. O trabalho de guitarras acaba por soar repetitivo
(calcado sempre nas mesmas ideias e estruturas), semelhante ao serviço do novo
baterista, Arin Ilejay: reto, maçante, simplesmente tentando soar como um bate
estaca em nossos ouvidos em vez de implementar com linhas criativas.
A bem da verdade, com raras exceções, as músicas soam
excessivamente genéricas, sem nenhuma característica marcante que a difira do
mar saturado de bandas medíocres que encontramos por aí (e isso eles já deixaram bem claro não ser). Mesmo as faixas que
chegam a se destacar, como “Requiem” e “Coming Home”, apesar de interessantes
não são necessariamente mais do que sombra das detalhadas composições
anteriores, principalmente as presentes em suas excelentes obras anteriores,
como no autointitulado, de 2007, e no já citado Nightmare.
Mudanças musicais e novos experimentos podem não ser apenas
elementos positivos na carreira de uma banda, mas muitas vezes são necessários e
rejuvenescedores à sua carreira. Porém, esse processo deve ser o mais natural
possível, e em Hail To The King, o Avenged
Sevenfold parece estar tentando enfiar goela abaixo de si
mesmo uma gama de influências sem saber muito bem o que fazer com elas, como se
estivessem querendo provar alguma coisa
– algo que já não é necessário para
eles. E há muito tempo.
Nota 4
Faixas:
01. Shepherd of Fire
02. Hail To The King
03. Doing Time
04. This Means War
05. Requiem
06. Crimson Day
07. Heretic
08. Coming Home
09. Planets
10. Acid Rain
01. Shepherd of Fire
02. Hail To The King
03. Doing Time
04. This Means War
05. Requiem
06. Crimson Day
07. Heretic
08. Coming Home
09. Planets
10. Acid Rain
Por Rodrigo Carvalho, do Progcast
Sou obrigado a concordar. Apesar de ter achado o CD divertido, ao ouvir cada música, outra banda me veio a cabeça. O que não aconteceu no ótimo Nightmare, que trazia o DNA da banda. Em Hail To The King, as músicas, apesar de boas, são muito genéricas, o que é estranho para uma banda que vem se tornando um dos principais nomes do heavy metal nos últimos anos. Espero que no próximo trabalho deles, eles reencontrem sua personalidade, que ficou lá atrás com Nightmare.
ResponderExcluirConcordo com a questão de a banda estar forçando uma mudança nela mesma. Mas isso não significa, pelo menos pra mim, que a música esteja "ruim".
ResponderExcluirEu curti demais esse álbum e diria que é o mais maduro do Avenged Sevenfold.
Não tem nada a ver com o estilo deles, mas vai cair na graça de muita gente que sempre torceu o nariz pra eles.
Não achei o álbum ruim, mas esperava alguma coisa com mais cara de Avenged. Não digo que eles precisavam se repetir, mas como dito, deixaram a identidade deles pra trás.
ResponderExcluirsempre achei essa banda fraquissima e legitima banda de ''modinha'' , quando vi entrevistas dos caras falando das influencias no disco fiquei um pouco curioso pra ouvir , e no final é um disco bem honesto e legal. pra mim nota 7.
ResponderExcluirEsta nota aí não faz justiça ao disco; a banda está em grande forma com otimos riffs e performance vocal impecável. Para ser melhor faltou uma musica a mais pro disco não ficar muito curto, e que fosse bem rápida no estilo Natural Born Killer do ultimo disco ou Bat Country; talvez o novo batera não tivesse a habilidade necessária pra tal.
ResponderExcluirDou nota 8/10 pelo peso, qualidade de produção, vocais e a proposta da banda de partir prum som mais raiz.
Arin Ilejay Não gosto desse novo baterista, sei la´... deixa muito a quem do The Rev. que Deus o tenha...
ResponderExcluirOs trabalhos anteriores , com certeza, são mais criativos, mais "gostosos" de serem ouvidos e tem muito mais prazer no que se refere em fazer músicas pelos A7X. Eu sou fãn assumido do A7X, mas tenho que concordar com o que está escrito aqui na página, concordo com plenamente com tudo o que diz por aqui... E ouso mais em dizer, eu sinceramente não gostei de nenhuma faixa no novo albúm do a7x! Dá até para ouvir, pois como já disse, sou fãn. Mas sem prazer. Não sei se a saída do Mike Portnoy fez cair o nível da banda em termos de composiçao "musical" - na parte estrumental mesmo-, prefiro pensar que não, porém, o Arin Ilejay está deixando a desejar, ou então a banda está mesmo querendo propor algo "novo" e simples de fato. Agora só me resta esperar o próximo album deles , que sabe lá Deus quando vai sair, e me contentar com o que temos da banda...
Para mim a nota foi 3,5.
os outros albuns só tenho a dizer isso , nota :100000000000000000000000000000000000000000!
A implicância fortíssima por parte de fans da oldschool do heavy metal talvez tenha afetado bruscamente os caras sabe? Por que, essa gente que não evolui e se prende a uma era do rock n' roll que já passou e por mais que tenha sido ótima não foi absoluta, a música está em constante desenvolvimento e não pode parar. Claro, os dois primeiros albuns não foram nada demais, mostraram um pouco da personalidade e criatividade deles, ams nada digno de nota, mas o self-titled, City of Evil e Nightmare foram sensacionais, mostraram uma criatividade bem original que nunca tinha visto em outras bandas de heavy metal e me agradou bastante, flertavam com o prog, misturavam com influencias antigas, usavam coisas do jazz, música latina, orquestral e o escambal, e nesse albúm eles acabaram por se prender a um único etilo de composição que já estava por demais desgastado, afinal, já temos os dinossauros do metal pesado para nos animar, as linhas de bateria ficaram muito repetitivas, sem empolgação ou originalidade, o Synyster não mostrou metade de seu talento e potencial, o baixo foi masterizado para soar exatamente como o de bandas antigas, como a supracitada Manowar,e enfim, não foi um album ruim, se tivesse sido lançado na mesma época que o Metallica, Black Sabath ... estivessem em ascensão seria um sucesso imenso, mas hoje?
ResponderExcluirEsperava mais, mas ainda aprecio a atitude deles e vejo como uma homenagem às suas influencias.
vcs ficam reclamando do novo baterista e talz... mais ele toca bem, uma prova disso é q ele consegue tocar até chapter four
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