Thor: crítica de Aristocrat of Victory (2013)

Sabe aquela rapaziada denim and leather que marca presença na Galeria do Rock (SP) usando coletes repletos de patches de bandas que você provavelmente nunca ouviu falar? Pois bem, a base de fãs do Thor compreende essa turma de profundos entendedores de metal, fundamentalistas da velha guarda que nas entrelinhas se proclamam a raça ariana da música pesada pelo simples fato de conhecerem (e idolatrarem) tudo que é obscuro nesse universo. Independentemente da legião de abobalhados que permitiu isto, o icônico Jon Mikl Thor construiu uma carreira sólida e, da mesma forma que muitos sobreviventes do período jurássico do metal, segue na ativa — muito mais como logomarca/personagem do que como artista, mas isso é outra história.

Recentemente caiu na net a mais nova coletânea do Thor e eu me senti na obrigação de conferir, afinal, apesar de não me encaixar no perfil do headbanger chato pra caraca descrito acima, acho o som (muito mais pelo caráter interpretação) realmente bacana. Com sua capa que parece ter sido chupada de alguma HQ, Aristocrat of Victory reúne dez10 canções que cumprem com o propósito de introdução ao artista/banda que toda coletânea carrega em seu âmago. Aos que estão antenados aos lançamentos do grupo — que provavelmente estão na Galeria do Rock enquanto escrevo este texto —, uma má notícia: nenhuma música inédita. Aliás, este CD aqui nada mais é que um apanhado do que foi julgado ser mais relevante em Thunderstryke, coletânea lançada em edição limitada em 2012 que consiste, basicamente, de sobras de estúdio de ontem e de hoje.

Com alto nível de epicidade, "Collider" anuncia a partida do herói, nos moldes de antigamente, com a bênção de Odin e o Mjolnir em punho. Aí "Metal Warriors" arregaça com um riff que é total back to the 80's. A banda vem do Canadá, mas o selo de qualidade é britânico, e se a voz está longe de ser um atrativo, eu insisto: a interpretação é o grande barato. Thor, o cantor, sobe ao palanque e, tal como um general, dá voz de batalha aos seus comandados. Um teclado pra lá de pasteurizado permeia "Thunderstriker", mas a letra é tão TRUE que nem mesmo o timbre irritante do instrumento é capaz de por sua masculinidade na roda. "Hey with You" soa genérica — lembra Sabbath, Purple, Zeppelin e tudo que veio em seguida — e justamente por isso, pode vir a ser apontada como a favorita dos saudosistas.

"Flight to the Stars" é Manowar com roupa de astronauta enquanto "That Girl is Poison" foge do âmbito metálico com sua levada rock 'n' roll de baile dos enxutos. Aliás, interessante a colocação dessas faixas em sequência, pois mostra dois extremos para os quais Jon Mikl Thor navegou em mais de três décadas de músculos de aço, couro e tachinhas. Outro som das antigas é a mal gravada — e por isso engraçada — "Crush the Skull". O encerramento vem com "Ceremony", e a figura do herói voltando dos campos de batalha vem logo em mente, com direito a tambores rufando, vozes entoando "hail, Thor!" e uma breve narração sobre o bem sucedido regresso pós-guerra. Irresistível... e impagável.

Nota 7
Faixas:
1. Collide
2. Metal Warriors
3. Thunderstrike
4. Hey With You
5. Flight To The Stars
6. That Girl Is Poison
7. Lady
8. Crush The Skull
9. Power
10. Ceremony

Por Marcelo Vieira

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