Idealizado pelo guitarrista Ben Bruce em 2008, o Asking Alexandria tornou-se um dos
grupos britânicos que teve uma das mais rápidas ascensões no mercado norte-americano (tratando-se de post hardcore). Com uma proposta muito bem
estabelecida, altamente influenciada tanto pelas bandas de metalcore quanto por
aquele hard rock despojado da década de oitenta, o quinteto investiu fortemente
em atingir o público dos Estados Unidos, atingindo expressivos resultados com
seus dois primeiros discos: Stand Up and Scream, de 2009, e Reckless
& Relentless, de 2011, ambos pela Sumerian Records.
Desde o ano passado, porém, os ingleses começaram a dar
pistas de que o seu novo trabalho, From Death to Destiny, apresentaria
uma mudança na linha de raciocínio, inclinando mais para o que é comumente
categorizado como “radio-friendly”, aonde as suas influências mais farofeiras viriam
à tona. Novamente produzido por Joey Sturgis, o terceiro álbum do grupo foi
descrito por eles como uma mescla entre Mötley Crüe e Slipknot, e bem, não
estão completamente errados ...
Logo no início, com “Don’t Pray For Me”, já é possível notar
uma banda se distanciando aos poucos do metalcore predominante dos álbuns
anteriores e sutilmente invertendo os papéis com os elementos de hard rock que
sempre estiveram presentes em suas composições. Com passagens ainda mais
simples e carregadas de melodias fáceis, o álbum prossegue cadenciado com
“Killing You”, que apesar de manter as típicas alternâncias entre vocais
rasgados e limpos, fica no mesmo trilho iniciado na primeira faixa.
“The Death of Me”, porém, retorna àquela estilização do post
hardcore americano, com ligeiras inserções eletrônicas em suas várias e bem
encaixadas mudanças de andamento. O mesmo pode ser dito de “Run Free”, aonde os
efeitos tomam um pouco a frente e geram insistentes melodias, memoráveis apesar
da tolice da letra. Aliás, estes efeitos dubstep se apresentam como os
personagens principais na excelente “Break Down the Walls”, com uma batida
tipicamente de bate-estacas servindo de base para uma faixa perfeitamente
composta para figurar nas apresentações ao vivo da banda.
E essa definitivamente parece ser o grande foco do Asking Alexandria aqui, que já teve as
suas performances de palco severamente criticadas, em especial no que diz
respeito às vozes, e agora parece ter encontrado um meio termo equilibrado, em
um tom mais natural para o vocalista Danny Worsnop, como pode ser conferido em
“Poison”, que soa como a continuação da faixa anterior, e “Believe”, retomando moldes
mais tradicionais do post hardcore.
Esbarrando um pouco com o lado mais heavy metal da sua
sonoridade, em certos momentos é possível observar similaridade entre o
apresentado em “Creature”, a faixa seguinte, e o Avenged Sevenfold em seu
período transicional (estabelecendo as devidas proporções, claro). E, caso não fosse
o suficiente, a semelhança atinge níveis quase gritantes em “White Line Fever”
e seu andamento extremamente cadenciado, com um bom trabalho de guitarras.
“Moving On”, por outro lado, é praticamente uma ode às baladas do hard rock
farofeiro oitentista, e, por incrível que pareça, não soa deslocada em relação
ao restante do disco nem por um segundo sequer.
Em seguida, “The Road” segue caminhos um pouco mais
tortuosos e arrastados, que quebram de forma considerável a linha ascendente
pela qual o álbum vinha até o momento, e apesar dos pouco mais de três minutos
de duração, deixa a impressão de prolongar-se mais do que o devido. As coisas
voltam a melhorar com “Until the End”, aonde o andamento mais lento realmente
funciona, em parte pela participação de Howard Jones e pela criação de um
contraste notável com o restante do álbum, como uma ressaca interminável pela
manhã. O trabalho ainda conta com uma faixa bônus, nada mais do que uma mixagem
diferente para “The Death of Me”, que traz as guitarras e a bateria mais pra
frente, dando um tom mais agressivo (e nada realmente considerável).
Até porque, considerável mesmo é como o Asking Alexandria soube trabalhar os pontos em suas composições que
mais o prejudicavam, e como a banda reverteu isso em uma sonoridade
relativamente nova, sem distanciá-la do já apresentado anteriormente. A
simplicidade e o foco nas melodias, bem como o propósito de trazer os efeitos
eletrônicos e os elementos de hard rock para desempenharem papéis mais
importantes (não coincidentemente, a banda lançou um EP apenas com covers de
bandas do estilo no ano passado), tornou as composições mais inteligíveis, com
características e momentos marcantes, sem se perder na confusão desenfreada na
qual o ouvinte eventualmente se encontrava ao longo dos primeiros álbuns.
E talvez estes sejam os maiores pontos positivos em From
Death to Destiny: uma banda que não apenas está adquirindo tempo de
estrada, mas está sabendo como lidar com as experiências e como melhorar
gradativamente a sua sonoridade, diferentemente de certa parcela de outras
bandas de post hardcore que parecem eternamente presas a uma única fórmula,
repetindo-se a cada novo disco. O Asking
Alexandria lançou um trabalho que é por vezes intencionalmente despreocupado, e até
inocente em certos quesitos, mas com um excelente raciocínio ao criar uma atmosfera e uma sucessão de músicas para servir de trilha
sonora em diversos momentos.
Pois é, o hard rock está mais presente aqui do que se
imagina.
Nota 8,5
Faixas:
01. Don’t Pray For Me
02. Killing You
03. The Death Of Me
04. Run Free
05. Break Down The Walls
06. Poison
07. Believe
08. Creature
09. White Line Fever
10. Moving On
11. The Road
12. Until The End
13. The Death Of Me (Rock Mix)
01. Don’t Pray For Me
02. Killing You
03. The Death Of Me
04. Run Free
05. Break Down The Walls
06. Poison
07. Believe
08. Creature
09. White Line Fever
10. Moving On
11. The Road
12. Until The End
13. The Death Of Me (Rock Mix)
Por Rodrigo Carvalho
Isso sim é uma critica de verdade , parabens pela critica muito madura
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