Place Vendome: crítica de Thunder in the Distance (2013)

Ao lado dos insistentes e persistentes convites de Tobias Sammet para participar do projeto Avantasia, a participação como vocalista da banda Place Vendome é considerada uma das principais razões para Michael Kiske (o eterno ex-vocalista do Helloween) ter se convencido a voltar de vez pro mundo da música. Mas, mesmo depois de ter lançado dois ótimos discos, era dada como certa a extinção de suas atividades quando Kiske formou, ao lado do ex-companheiro Kai Hansen, o Unisonic. Ainda mais porque o baixista do Unisonic é o mesmo Dennis Ward (Pink Cream 69) que toca baixo e faz a maior parte das coisas tomarem forma no Place Vendome. E em 2013, bingo, fomos todos surpreendidos por Thunder in the Distance, terceira bolacha do grupo. "Mas … os dois grupos não seriam praticamente a mesma coisa, cara pálida?", você pode me perguntar. E eu te explico: não.

Quando surgiu, o Place Vendome era um AOR (adult oriented rock) com algumas pitadas de hard rock e um tantinho, mas bem tantinho mesmo, do metal melódico que consagrou o abençoado gogó de Kiske. Então, surgiu o Unisonic, que é um hard rock explosivo e que, em dado momento, passeia pelo metal melódico, com uma pincelada de leve. O que sobra, portanto, para o Place Vendome? Tornar-se ainda mais AOR, claro, e deixando boa parte do hard rock para os camaradas do Unisonic. É exatamente isso que fica claro nas treze faixas de Thunder in the Distance - cujo destaque, você já pode imaginar, é a cristalina performance vocal do cantor alemão, que parece simplesmente não sentir a ação dos anos que passaram e levaram a capacidade de muitos de seus contemporâneos, rasgando o coração em músicas como "Maybe Tomorrow" ou levando o pique lá em cima como na quase dançante "Never Too Late", que tem uma mensagem iluminada e positiva que se reflete ao longo de toda a audição, aliás. Falar de Kiske como ápice não quer dizer que o restante da trupe faça feio – pelo contrário, aliás, pois este é daqueles trabalhos que esbanjam bom gosto e no qual todas as peças parecem muito bem encaixadas.

"Talk to Me", por exemplo, abre os trabalhos com uma pegada totalmente anos 80, com um espírito meio Survivor, oferecendo um refrão grudento na melhor tradição do que o Place Vendome vinha apresentando até o momento. A mesma vibe pode ser sentida na gostosa e envolvente balada "It Can' Rain Forever", que tem aquele quê de Whitesnake e que poderia facilmente tocar nos créditos finais de qualquer filme memorável daqueles que marcaram a nossa infância na Sessão da Tarde. Enquanto o primeiro single, “Power of Music", usa e abusa da limpeza da voz de Kiske para construir uma canção doce e delicada, "Broken Wings" e "Lost in Paradise" convidam o guitarrista Uwe Reitenauer a dar umas palhetadas mais fortes – sendo que, nesta última, ele vem bem acompanhado pelo teclado de Werno, que se encarrega de dar uma cobertura retrô para a canção. Já "Break Out", sem dúvidas o ponto alto do disco, tem o riff mais delicioso e sedutor do álbum e, se bobear, um dos mais certeiros dos três momentos da discografia do Place Vendome. É aquele tipo de composição que eu colocaria para rodar se quisesse, de fato, animar o meu dia.

No fim das contas, ter Unisonic e Place Vendome existindo ao mesmo tempo é a garantia de que teremos dois ótimos trabalhos em andamento com Kiske nos vocais. O único porém é que, ao contrário do Unisonic, o Place Vendome não pretende subir ao palco e nos brindar com as versões ao vivo de suas canções. Isso, com certeza, eu pagaria para ver. E com prazer.

Nota 8,5

Faixas:
1 Talk to Me
2 Power of Music
3 Broken Wings
4 Lost in Paradise
5 It Can' Rain Forever
6 Fragile Ground
7 Hold Your Love
8 Never Too Late
9 Heaven Lost
10 My Heart is Dying
11 Break Out
12 Maybe Tomorrow
13 Thunder in the Distance

Por Thiago Cardim

Comentários

  1. Essa banda tem algumas coisas interessantes, o primeiro disco(único que escutei) é apenas bacana...nada mais que isso.

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  2. Como vc pode dizer que a banda tem algumas coisas bacanas sendo que vc ouviu apenas um disco?????

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  3. Eu tenho o disco anterior e acabei passando batido por esse lançado neste ano. Depois vou ouvir com mais calma.

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