Abaixo, Guilherme revela quais foram os dez melhores discos do ano na sua opinião, e também cita os seus favoritos em mais algumas categorias.
O novo álbum do Black Sabbath foi não apenas o mais aguardado do ano, mas também o melhor. Excelente como qualquer coisa que tenha a assinatura de Tony Iommi, 13 tem peso, melodia, passagens e letras obscuras, mistério e psicodelia. À frente de tudo, porém, está o que de mais maravilhoso há na música: os riffs lamacentos de um senhor canhoto que faz miséria com uma Gibson SG. Claro que não é superior a nenhum dos oito primeiros trabalhos com Ozzy, nem aos três com Dio. Se fosse, estaríamos diante não do disco de 2013, mas da década.
De tempos em tempos, geralmente após atingir o ápice, David Bowie precisa destruir e aniquilar sua própria arte para sublimá-la e dar início a um novo ciclo. Só que desta vez a metamorfose não apresenta indumentária, personagens ou alter-egos novos. É apenas Bowie, difuso, com o rosto atrás de um quadro branco que esconde a faceta de Heroes (1977) e o camufla em 14 estupendas canções que, na contramão do que se vê por aí, são inéditas e de autoria do próprio. Algo salutar e que o credencia como um músico que continua faminto.
Dois anos após a estreia tardia, porém magistral, o negão está de volta e mais uma vez pede passagem com seu vozeirão cativante e um soul digno dos maiores mestres do gênero. Em plena sintonia, a voz aveludada do cantor e os arranjos da Menahan Street, sua talentosa backing band, se completam e fazem jus ao preceito básico do soul: música que vem da alma. Simples assim e suficiente para evocar as melhores lembranças de Otis Redding, Curtis Mayfield, Marvin Gaye, Swamp Dogg, James Brown, Shuggie Otis ... Não é pouca coisa.
Guitarras gêmeas e riffs brutais são o carro-chefe de Surgical Steel, que tem em Bill Steer seu ponto alto. Tudo temperado com a influência de classic rock e NWOBHM. Em seu habitat natural, que é o da música extrema, não há dúvidas de que o retorno do Carcass se sobressai e praticamente oblitera a concorrência. Um verdadeiro marco na cena death metal como há tempos não se via. Além disso, um álbum para cooptar neófitos ao necrotério em que repousa incólume o legado da banda, assim como fez Heartwork, seu irmão mais velho, 20 anos atrás.
Superar o dito teste do segundo disco foi das tarefas mais fáceis para a Tedeschi Trucks Band. O casal Derek e Susan é realmente iluminado. Tão iluminado a ponto de, em apenas dois anos, retornar com um trabalho igualmente genial à estreia com Revelator (2011). Onze belas canções e uma mistura única de blues, soul, southern rock, jazz, country e generosas doses de pop. Destaque para a cantora, que mais uma vez dá um show e rouba a cena ao lado da guitarra incendiária do marido.
A mistura entre progressivo e heavy metal tem a capacidade de gerar algumas das bandas mais chatas do planeta. Felizmente, nada disso tem a ver com o Anciients, apesar de o grupo canadense fazer um som que prima justamente por essa fusão. Ainda que intrincadas, as músicas se desenvolvem naturalmente e apresentam vasto leque de referências: passagens prog, black metal, power metal, vocais limpos e guturais... Há de tudo no disco de estreia desses caras, que já chegaram com um dos discos do ano e ainda vão dar o que falar.
Scenarios of Brutality assume um papel peculiar. Ao mesmo tempo em que revigora toda a proposta da banda brasiliense, contribui também para destruir o que a mesma ajudou a criar, mas que, de certa forma, havia saído do controle. Uma aniquilação proposital daquilo que já não fazia mais tanto sentido. Além disso, apresenta novos caminhos dentro de uma sonoridade levada às últimas consequências. Como reflexo, enterra o desgastado revival thrash metal ao provar algo que já era claro: resgatar não é emular. E é bem fácil separar quem é quem.
Steven Wilson é a mente maligna por trás do que há de melhor no progressivo atualmente. Do alto de tal condição, é natural que nos brinde não apenas com um ótimo trabaho, mas com uma obra que ultrapassa sua mera condição de disco. The Raven That Refused to Sing (And Other Stories) é denso, opaco, minucioso e difícil, mas totalmente gratificante, exatamente como os grandes álbuns prog têm que ser. Música, literatura e contos de terror em um sincretismo exato e instigante. Com Alan Parsons na produção, então...
Metal demais para ser punk. Punk demais para ser metal. As duas afirmativas, comumente utilizadas para definir o Ratos de Porão, servem perfeitamente ao que Fenriz e Nocturno Culto se propuseram a fazer há pelo menos sete anos e que aprimoram a cada novo lançamento. Poucos realmente mergulham na porção abissal dos dois gêneros com tanto conhecimento de causa. The Underground Resistance chega como obra máxima e definitiva desse Darkthrone atual, que disseca as entranhas do som criado pelo Black Sabbath em 1970.
Posicionado estrategicamente no meio do caminho entre o doom e o psicodélico, o Uncle Acid & The Deadbeats é uma espécie de Tame Impala obscuro. Não tão lisérgico, mas injetando doses cavalares de peso e fazendo de Mind Control, terceiro álbum da carreira, uma espécie de trilha sonora de algum antigo filme de terror. Alternando faixas cadenciadas e atmosféricas com outras mais agitadas, acertaram a mão e pularam para a linha de frente do occult rock em 2013.
Só mesmo Tony Iommi e cia para conseguir tirar esse posto do Carcass.
Bom, mas muito aquém da estreia com Time to Repent (2011). Decepção é isso.
Ainda dá para sentir o cheiro de cada música até hoje.
Para assistir e ouvir ad aeternum. Quem viu de perto, sabe.
Finalmente em português a vida e obra do ser humano mais importante.
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Este do Charles Bradley despertou a minha curiosidade desde que li a resenha do próprio Guilherme aqui na Collector's Room. Na época era tanto lançamento pra ouvir, que acabou ficando pra trás.
ResponderExcluirMais um pra recuperar os álbuns que passaram em branco!
Aliás, gostei do equilíbrio da lista, estava esperando várias coisas do underground da música extrema hehehe.
Ouviu a versão dele para Changes, do Sabbath, Rodrigo?
ResponderExcluirTava ouvindo agora mesmo, Ricardo. Que coisa absurda, praticamente escorre feeling do disco girando!
ResponderExcluirSim. Como diz o Fabiano, que também escreve para o site, superou a original. Eu complemento: aniquilou.
ResponderExcluirPô, manteve a melodia intacta, adaptou a levada, e além de tudo com uma interpretação de cair o queixo!
ResponderExcluirA versão para Chances ficou foda!
ResponderExcluirChanges*
ResponderExcluirMeus parabéns pro Guilherme, pelo bom gosto e ótimo texto.
ResponderExcluirAté q enfim alguém listou o cd do Violator que é uma maravilha...
ResponderExcluirEstou sentindo falta do cd do Helloween... Vcs ñ gostaram dele?
sjr
Valeu, Daniel!
ResponderExcluirVí que também colocou Sabbath e Carcass... Não tem jeito. Ambos voltaram com tudo!
Abs!
S Jr,
ResponderExcluirBacana que tenha gostado do novo do Violator.
Quanto ao Helloween, adoro os primeiros da banda, mas confesso que o último que comprei e ouvi foi o Rabbit Don't Come Easy.
Vale a pena esse que saiu agora?
Abs!