Michael Angelo Batio: crítica de Intermezzo (2013)

Michael Angelo Batio é daqueles que possuem mais detratores do que admiradores. Tal ódio é justificado por uma sequência de álbuns ruins que comprovam que, em se tratando de guitarra, velocidade não é tudo. Ser considerado o guitarrista mais rápido do mundo o elevou ao status de divindade do rock — pelo menos na sua cabeça — e a preocupação com o aspecto musical de seus lançamentos foi relegada ao segundo plano. Parecia ser mais legal — e lucrativo — se manter no esquema clínicas/workshops, servindo de garoto-propaganda de modelos de guitarra sem potencial de vendas e, indiretamente, desencorajando jovens guitarristas a abandonarem o instrumento.

Diante desse background mais desfavorável que qualquer outra coisa, é normal que todo material lançado por MAB seja recebido com um misto de desconfiança e quase certeza de lixo sonoro. Mas em Intermezzo, lançado no finalzinho de 2013, Angelo mostra um senso musical que não se ouvia desde No Boundaries (1995), com foco total nas composições e não apenas no exibicionismo que data dos tempos do Nitro — quem não se lembra da guitarra de quatro braços no clipe de "Freight Train"???! Pela primeira vez em muito tempo as instrumentais não soam como composições de Yuzo Koshiro para games de Mega Drive, por mais que em alguns momentos a bateria programada ninguém possa negar.

Para se manter nos eixos, MAB contou com uma extensa lista de convidados — algo que ele já havia feito anteriormente, mas sem resultado positivo — que inclui Michael Romeo, George Lynch, Craig Goldy e até mesmo o cada vez mais ermitão Chris Poland. A principal faixa do CD, "8 Pillars of Steel", inclui solos de seis outros guitarristas além de Michael. Uma levada jazz pra lá de gostosa dá as caras em "5 Four Ever". Já o encerramento com "Overload" é puro speed metal, com direito a um riff de guitarra monstruoso e uma mistura certeira de efeitos e alavancadas. Essa, se fosse mais curta, certamente disputaria como instrumental do ano. Que Batio se mantenha neste caminho — ou o aprimore ainda mais — nos próximos discos!

Nota 7,5

1. Intermezzo
2. Kaleidoscope Images
3. Oceans of Time
4. I Pray the Lord
5. 8 Pillars of Steel (feat. Elliott Dean Rubinson, Dave Reffett, Jeff Loomis, Rusty Cooley, George Lynch, Andrea Martongelli and Craig Goldy)
6. The Possession – A Tone Poem
7. 5 Four Ever (feat. Alex Stornello and Guthrie Govan)
8. Juggernaut (feat. Chris Poland, Dave Reffett, Annie Grunwald, Guthrie Govan, Mike Lepond and Michael Romeo)
9. Overload Intro (feat. Florent Atem)
10. Overload (feat. Tobias Hurwitz, Ken Burridge, Darren Burridge, Bill Peck, Peter Ema, Joe Rose, Joe Stump, Florent Atem and Maxxxwell Carlisle)

Por Marcelo Vieira

Comentários

  1. Esse CD dele ficou melhor que o Hands Without Shadows, compra certa! Demorei pra achar à venda e quando achei comprei na hora

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