Eu cobri o julgamento de Randy Blythe a partir do momento em que ele foi preso, em agosto de 2012. Imediatamente, houve muita confusão e falta de informação sobre o que estava acontecendo, principalmente devido à barreira da língua. O julgamento de Blythe só estava sendo relatado pelos jornais checos, e com recursos limitados. Assim, eu e muitos jornalistas especializados em metal fomos forçados a utilizar ferramentas de tradução online para infomar fãs e leitores. Neste sentido, este documentário faz um trabalho incrível preenchendo todas as lacunas e espaços em branco sobre o caso, proporcionando a versão verdadeira da história.
O filme começa com um perfil sobre o Lamb of God e depoimentos de um fã colombiano e uma fã indiana, que discutem o impacto que a música da banda teve sobre eles. Adoro assistir histórias sobre a força do heavy metal em todo o globo, então essa parte foi emocionante para mim. Vemos também o Lamb of God viajando pela Europa e os enormes públicos que assistem o grupo tocar. Só aproximadamente aos 40 minutos do documentário é que chegamos no cerne da história, e o filme tem o início do seu segundo ato. Não vemos Randy ser preso, mas assistimos a um relato em primeira mão do resto da banda sobre tudo que aconteceu.
Enquanto o grupo se mantém relativamente calmo durante o julgamento, as emoções que os músicos sentiram durante todo o processo são derramadas neste documentário. O filme acompanha os quatro músicos restantes no período em que Randy estava tentando ser libertado mediante fiança, e mostra o turbilhão que tomou conta da vida de cada um. As câmeras estavam lá, acompanhando tudo. Elas mostram a banda escolhendo itens para leiloar e levantar fundos para libertar Blythe. Elas estavam lá quando os músicos receberam Randy no aeroporto após ele ser finalmente libertado, e esse é um dos momentos mais emocionantes do filme. Assistimos ao primeiro show do Lamb of God após todo o processo, no Knotfest (festival criado pelo Slipknot), e vemos o quão emocionante foi para Randy.
E, enfim, chegamos ao fatídico julgamento de Blythe na República Checa, com as câmeras mostrando uma quantidade enorme de imagens. Elas mostram os advogados do vocalista se preparando para o caso e como eles orientaram o cantor. Assistimos tudo de dentro do tribunal. Randy dá testemunhos honestos sobre como teme por sua liberdade. Certas testemunhas não são mostradas, apenas ouvimos os seus depoimentos, ajudando a montar o quebra-cabeças de um processo assustador. É uma história incrível sobre um dos maiores acontecimentos do metal na última década.
A parte mais reveladora acontece quando um fã fala ao tribunal e revela que o homem que aparece caindo do palco no vídeo utilizado como prova não era Daniel Nosek (cuja morte levou ao julgamento de Blythe), mas sim outro adolescente que estava no show e depõe defendendo o vocalista. Uma virada incrível, e que mudou totalmente o rumo do julgamento.
Assistimos também a declaração final do tio de Daniel Nosek, cuja fala é pra lá de emocionante. Ele deu um poderoso discurso onde defende que Randy, em última análise, não era totalmente responsável pela morte do jovem, mas que isso não impedia que a sua família sentisse uma dor imensa pela morte de Daniel. As câmeras capturam a declaração final de Blythe e a incerteza que o músico e seus advogados tinham sobre ele ser considerado culpado ou inocente.
Um dos momentos mais fortes do documentário acontece quando o veredito é lido. Inicialmente, Blythe mostra-se confuso devido à barreira da língua, não entendendo o que foi decidido, mas então seu advogado se inclina e informa-lhe a boa notícia. O momento exato em que Randy é enfim declarado inocente torna-se ainda mais forte devido à excelente trilha, composta pelo guitarrista do Lamb of God, Mark Morton.
A grande questão é: você deve assistir a esse filme? Se você acompanhou o julgamento, sim. Se você é um fã do Lamb of God, é absolutamente necessário que você assista ao documentário. Este julgamento é algo que será falado durante um bom tempo e aqui está o relato até agora mais contundente e definitivo sobre o calvário que a banda atravessou. O filme mostra um olhar incrivelmente honesto sobre o que aconteceu com o grupo e a montanha-russa vivida pelos músicos e pela família de Nosek.
As the Palaces Burn estreia em 14 de fevereiro, e aqui você confere a lista completa com os cinemas que o exibirão, incluindo salas brasileiras.
Por Robert Pasbani, do Metal Injection
Tradução de Ricardo Seelig
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