Nestes oito anos, poucos discos realmente impactantes foram gravados na seara do power metal. The Black Halo, sétimo CD do Kamelot e um dos últimos álbuns a apresentar algo novo e refrescante para o estilo, saiu em 2005. Neste período, muito pouco foi feito de relevante para o gênero. Algumas exceções fugiram a regra, como Bible of the Beast (2009), In Shadows Lost From the Brave dos suecos Saint Daemon, Journey of Souls (2008) dos noruegueses Keldian e Axes of the Universe (2010) dos finlandeses Tiluland, além de At the Edge of Time (2010), do sempre influente Blind Guardian. No entanto, de modo geral, percebe-se uma estagnação criativa pairando sobre o power metal, com os principais nomes seguindo fórmulas já testadas em anos anteriores e que hoje soam inequivocadamente ultrapassadas aos ouvidos - caso de Helloween, Gamma Ray e Running Wild - ou migrando para outras sonoridades, notadamente o hard rock - caso verificado no Edguy e Avantasia.
Nessa realidade, o Persuader retorna para colocar certa ordem nas coisas. The Fiction Maze é um disco que atualiza o power metal para a realidade atual. Suas canções mantém as características marcantes do estilo - melodia, refrões fortes e o sempre presente tom épico - e as revigoram com doses elevadas de agressividade e um bem-vindo peso adicional. Percebe-se com facilidade a influência do thrash, death melódico e até mesmo do metalcore, tanto na construção dos riffs como na estrutura de algumas composições. Isso, somado à performance excepcional do vocalista Jens Carlsson, que alterna vocais limpos com passagens que beiram o gutural, e à produção exemplar, que entrega toques modernos e timbres muito bem definidos, abrem um novo universo para o power metal.
Em alguns momentos, a influência do Blind Guardian, presente também nos álbuns anteriores do grupo, é sentida de maneira gritante, notadamente através da semelhança no timbre e na maneira de cantar de Carlsoon, muito próximos do estilo de Hansi Kurch. No entanto, o Persuader possui uma música mais enxuta e menos barroca, sem tantos exageros e mais direta ao ponto - ouça a faixa-título e compare. A canção emblemática de The Fiction Maze é “Falling Faster”, que encerra o álbum de maneira brilhante com direito a riffs thrash e blast beats (forcei a memória, mas realmente não recordo de outro grupo de power metal utilizando este artifício) em uma agressividade repleta de melodia.
Ao abrir as portas do power e receber de braços abertos influências de outros gêneros do heavy metal, o Persuader mostra o caminho para renovar um dos estilos mais populares do metal, que anda dando voltas ao redor do próprio rabo nos últimos anos, requentando sonoridades consagradas no passado e que hoje soam deslocadas no tempo. The Fiction Maze é um disco excelente, e que mostra como é possível inserir renovação e novas influências a um gênero sem descaracterizar a sua essência.
Altamente recomendável, tanto musicalmente quanto como exemplo a ser seguido.
Nota 8,5
Faixas:
1 One Lifetime
2 War
3 The Fiction Maze
4 Deep in the Dark
5 InSect
6 Son of Sodom
7 Sent to the Grave
8 Heathen
9 Dragon Rising
10 Worlds Collide
11 Falling Faster
Por Ricardo Seelig
Oi Ricardo ...
ResponderExcluirnão curte o Powerwolf e o Sabaton ???
A mídia considera duas das bandas mais interessantes desta nova geração de power metal... o que vc acha ?
Powerwolf, Sabaton e o Hell lançaram bons discos nos últimos anos, mas, pessoalmente, acho a música dessas bandas muito exagerada para o meu gosto.
ResponderExcluirTenho problemas sérios pra curtir power metal...acho exagerado dentro de um estilo que já é exagerado por natureza ...então é o exagero do exagero rs rs rs rs rs
ResponderExcluirMas gosto de algumas coisas... principalmente de alguns discos do Blind Guardian que acho excelentes...o primeiro do Angra que é muito foda ...claro...os Keepers.... dentro das que misturam estilo acho Pagans Mind legal e algumas coisas do Kamelot... e acho que é só...Rapsody...Stratovarius etc nunca me desceram
Fábio, ouvi muito power metal durante muitos anos. Na verdade, para quem não tinha muita informação sobre o que estava rolando mundo afora, as revistas brasileiras passavam a impressão que tudo era dominado pelo power, exclusivamente. Acho que o exagero inerente ao estilo foi o que o tornou cansativo, somado à grande exposição que o gênero teve entre o público brasileiro. Resumindo, paralelamente ao fato de o saco ter enchido o saco com o PW e as bandas estarem soando todas muito parecidas, a riqueza que se encontra em outras áreas do metal faz com que, além se sentir que é um imenso passo para trás ouvir bandas veteranos do estilo, sinto-me bastante limitado com elas. E o Blind Guardian e o Kamelot são notáveis excessões nessa história toda, com discos fortes sempre - apesar da mudança de vocalista do segundo.
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