Persuader: crítica de The Fiction Maze (2014)

O último álbum da banda sueca Persuader, When Eden Burns, foi lançado em 2006. O grupo retorna com The Fiction Maze, seu quarto disco, disponibilizado em 17 de janeiro pela Inner Wound. Oito anos separam um trabalho do outro. Neste período, o power metal, estilo executado pela banda, perdeu força no cenário metálico mundial, deixando de ser um gênero extremamente popular e encolhendo em um nicho específico, habitado, em sua maioria, por grupos europeus.

Nestes oito anos, poucos discos realmente impactantes foram gravados na seara do power metal. The Black Halo, sétimo CD do Kamelot e um dos últimos álbuns a apresentar algo novo e refrescante para o estilo, saiu em 2005. Neste período, muito pouco foi feito de relevante para o gênero. Algumas exceções fugiram a regra, como Bible of the Beast (2009),  In Shadows Lost From the Brave dos suecos Saint Daemon, Journey of Souls (2008) dos noruegueses Keldian e Axes of the Universe (2010) dos finlandeses Tiluland, além de At the Edge of Time (2010), do sempre influente Blind Guardian. No entanto, de modo geral, percebe-se uma estagnação criativa pairando sobre o power metal, com os principais nomes seguindo fórmulas já testadas em anos anteriores e que hoje soam inequivocadamente ultrapassadas aos ouvidos - caso de Helloween, Gamma Ray e Running Wild - ou migrando para outras sonoridades, notadamente o hard rock - caso verificado no Edguy e Avantasia.

Nessa realidade, o Persuader retorna para colocar certa ordem nas coisas. The Fiction Maze é um disco que atualiza o power metal para a realidade atual. Suas canções mantém as características marcantes do estilo - melodia, refrões fortes e o sempre presente tom épico - e as revigoram com doses elevadas de agressividade e um bem-vindo peso adicional. Percebe-se com facilidade a influência do thrash, death melódico e até mesmo do metalcore, tanto na construção dos riffs como na estrutura de algumas composições. Isso, somado à performance excepcional do vocalista Jens Carlsson, que alterna vocais limpos com passagens que beiram o gutural, e à produção exemplar, que entrega toques modernos e timbres muito bem definidos, abrem um novo universo para o power metal.

Em alguns momentos, a influência do Blind Guardian, presente também nos álbuns anteriores do grupo, é sentida de maneira gritante, notadamente através da semelhança no timbre e na maneira de cantar de Carlsoon, muito próximos do estilo de Hansi Kurch. No entanto, o Persuader possui uma música mais enxuta e menos barroca, sem tantos exageros e mais direta ao ponto - ouça a faixa-título e compare. A canção emblemática de The Fiction Maze é “Falling Faster”, que encerra o álbum de maneira brilhante com direito a riffs thrash e blast beats (forcei a memória, mas realmente não recordo de outro grupo de power metal utilizando este artifício) em uma agressividade repleta de melodia.

Ao abrir as portas do power e receber de braços abertos influências de outros gêneros do heavy metal, o Persuader mostra o caminho para renovar um dos estilos mais populares do metal, que anda dando voltas ao redor do próprio rabo nos últimos anos, requentando sonoridades consagradas no passado e que hoje soam deslocadas no tempo. The Fiction Maze é um disco excelente, e que mostra como é possível inserir renovação e novas influências a um gênero sem descaracterizar a sua essência.

Altamente recomendável, tanto musicalmente quanto como exemplo a ser seguido.

Nota 8,5

Faixas:
1 One Lifetime
2 War
3 The Fiction Maze
4 Deep in the Dark
5 InSect
6 Son of Sodom
7 Sent to the Grave
8 Heathen
9 Dragon Rising
10 Worlds Collide
11 Falling Faster

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Oi Ricardo ...
    não curte o Powerwolf e o Sabaton ???
    A mídia considera duas das bandas mais interessantes desta nova geração de power metal... o que vc acha ?

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  2. Powerwolf, Sabaton e o Hell lançaram bons discos nos últimos anos, mas, pessoalmente, acho a música dessas bandas muito exagerada para o meu gosto.

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  3. Tenho problemas sérios pra curtir power metal...acho exagerado dentro de um estilo que já é exagerado por natureza ...então é o exagero do exagero rs rs rs rs rs
    Mas gosto de algumas coisas... principalmente de alguns discos do Blind Guardian que acho excelentes...o primeiro do Angra que é muito foda ...claro...os Keepers.... dentro das que misturam estilo acho Pagans Mind legal e algumas coisas do Kamelot... e acho que é só...Rapsody...Stratovarius etc nunca me desceram

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  4. Fábio, ouvi muito power metal durante muitos anos. Na verdade, para quem não tinha muita informação sobre o que estava rolando mundo afora, as revistas brasileiras passavam a impressão que tudo era dominado pelo power, exclusivamente. Acho que o exagero inerente ao estilo foi o que o tornou cansativo, somado à grande exposição que o gênero teve entre o público brasileiro. Resumindo, paralelamente ao fato de o saco ter enchido o saco com o PW e as bandas estarem soando todas muito parecidas, a riqueza que se encontra em outras áreas do metal faz com que, além se sentir que é um imenso passo para trás ouvir bandas veteranos do estilo, sinto-me bastante limitado com elas. E o Blind Guardian e o Kamelot são notáveis excessões nessa história toda, com discos fortes sempre - apesar da mudança de vocalista do segundo.

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