É exatamente essa a
impressão que se tem ao ouvir o mais recente projeto do baterista norte-americano
Matt Sorum, que ganhou fama após uma carreira de sucesso empunhando as baquetas
para bandas do calibre de The Cult, Guns N’ Roses, e mais recentemente, para o
Velvet Revolver. Com a indefinição sobre um novo vocalista e a pausa nas
atividades de sua última banda, Matt compôs uma série de canções que ganham a
luz do dia sob o nome de Stratosphere,
o debut do projeto solo Matt Sorum’s Fierce Joy.
A curiosidade sobre o nome da banda vêm por conta
de sua origem, surgido quando Sorum substituiu temporariamente o baterista
Mickey Dee no Motörhead, em 2009. Em uma conversa com Lemmy Kilmister, o
veterano líder do trio disse sentir uma “alegria feroz” em ainda estar
gravando e fazendo turnês. Com a autorização do velho lobo, o baterista decidiu
utilizar o nome em seu projeto que já vinha tomando forma desde então.
Um aviso de antemão: não espere nada do que você já ouviu
antes de Sorum! A fúria do baterista em composições do mais puro hard rock de
outrora em suas bandas anteriores deu lugar a um clima intimista, sereno e com
uma veia totalmente voltada para o pop rock, em alguns momentos flertando com o
folk e o progressivo. Percebe-se em Stratosphere
influências de Beatles, Neil Young, Bob Dylan, David Bowie e, em certos
momentos, até mesmo de Pink Floyd. O line
up é formado por músicos pouco conhecidos na cena como Randy Ray Mitchell (guitarra,
lap steel e slide), Paul III (baixo), Scott Breadman (percussão), Damon Fox (teclados,
órgão, mellotron e mini-moog), Brian McCloud (bateria), Lili Haydn (violino),
Cameron Stone (violoncelo), Sussan Deyhim (vocais de apoio) e arranjos
orquestrais de Thomas Morse. Matt Sorum aqui aparece
produzindo, gravando os violões e vocais principais. E não é o cara leva jeito
para a coisa? Seu timbre de voz grave se encaixou muito bem com o clima de cada
canção, aliado à preferência de Sorum por timbres limpos e cristalinos,
violões, arranjos de cordas e pianos em uma ou outra canção. Em Stratosphere, riffs ferozes dão lugar a
acordes soltos e músicas com despretensão e sutilezas desconcertantes, com um
clima ideal para apresentações em casas de show menores, em detrimento das
grandes arenas por onde Matt Sorum já tocou com suas bandas anteriores.
Stratosphere é um disco predominantemente acústico, que tem início com a cinematográfica “Intro (Stratospere Part 1)”, para vir na sequência com “The
Sea”, primeiro single do projeto, com seu apelo pop e guitarras lap steel de Ray Mitchell ao melhor estilo David Gilmour,
típico para se ouvir em um belo amanhecer ensolarado. Aliás, esse clima
predomina ao longo das quatorze canções distribuídas nos pouco mais de
cinquenta minutos de Stratosphere, o
que o torna sua audição muito agradável e prazerosa. Em seguida, como o título
sugere, vem a “bowiana” e excelente “What Ziggy Says”, forte candidata a uma
das melhores do disco, juntamente com “Lady of the Stone”, que mescla sons
limpos de guitarra e dissonâncias com um belo arranjo de cordas e mudanças de
andamento, flertando claramente com o progressivo.
O caráter experimental do projeto fica explícito no clima tranquilo e atmosférico de “The Lonely Teardrop”, onde Sorum soa como um trovador espacial, mesclando vocais sussurrados com sons da natureza, como gotas d’água e canto de pássaros. Outras canções que merecem destaque em Stratosphere são as belas “Goodbye to You” e “Blue”. “Outro (Stratosphere Part 2)”, continuação da primeira parte, encerra o disco da mesma forma como começou, como se o próprio Sorum sobrevoasse a estratosfera em órbita a bordo de uma nave espacial contando suas impressões à Terra sobre essa viagem em forma de música um tanto inusitada que foi.
O caráter experimental do projeto fica explícito no clima tranquilo e atmosférico de “The Lonely Teardrop”, onde Sorum soa como um trovador espacial, mesclando vocais sussurrados com sons da natureza, como gotas d’água e canto de pássaros. Outras canções que merecem destaque em Stratosphere são as belas “Goodbye to You” e “Blue”. “Outro (Stratosphere Part 2)”, continuação da primeira parte, encerra o disco da mesma forma como começou, como se o próprio Sorum sobrevoasse a estratosfera em órbita a bordo de uma nave espacial contando suas impressões à Terra sobre essa viagem em forma de música um tanto inusitada que foi.
Não se sabe se o projeto irá vingar, nem quais os rumos que Matt
Sorum dará á sua “alegria feroz”. Mas é certo que o músico recomeçou com um
belo trabalho digno de nota, que dá vontade de ficar ouvindo por horas e horas,
contemplando e pensando na nossa própria existência terrestre. Só por isso Stratosphere já
vale a audição!
Nota 8
Faixas:
1 Intro (Stratosphere Part 1)
2 The Sea
3 What Ziggy Says
4 For The Wild Ones
5 Goodbye to You
6 Gone
7 Lady of the Stone
8 Ode to Nick Drake
9 Blue
10 Josephine
11 Land of the Pure
12 Killers n’ Lovers
13 The Lonely Teardrop
14 Outro (Stratosphere Part 2)
Por Tiago Neves
Parece bacana! Gostei do que li. E a capa também é bem legal.
ResponderExcluirFiquei curioso, será uma surpresa descobrir que o gênio do Guns'n'Roses era o baterista substituto que batia com a cabeça no gongo...
ResponderExcluirDisco surpreendente, audição muito agradável. E excelente texto do Tiago.
ResponderExcluirComprei o disco no Itunes imediatamente após ler o texto. Gostei bastante. Mais uma vez agradeço à Collectors pelo excelente trabalho. Sempre nos mantendo atualizados, cientes das coisas boas que surgem no universo musical. VALEU!
ResponderExcluirPatrick, Alixvaldo, Ricardo Seelig e André Victor, é muito gratificante ler opiniões como a de vocês a respeito da crítica. Isso nos motiva a sempre trazer boas novidades aos nossos leitores, sempre indo além do óbvio.
ResponderExcluirMuito obrigado pelos comentários!
Texto do CARVALHO!!! Parabéns! Irei dar uma conferida.
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