Para marcar seu território, lançaram o excelente Seven Seals (2005), um poderoso manifesto que trazia o DNA do power metal, com peso e melodia nas medidas certas, transbordando talento mas apostando em experimentações e variações que deram um outro sabor ao seu som, mais sofisticado, mais épico. Parecia, de fato, um passo à frente do que os genéricos estavam fazendo.
Depois, no entanto, parece que a trupe comandada por Mat Sinner e Ralph Scheepers deu um passo atrás. Os discos seguintes, New Religion (2007), 16.6 (2009) e Unbreakable (2012), estão longe de ser obras ruins, entendam. É o Primal Fear sendo Primal Fear, e isso já é bem legal. Só que ainda é pouco. Apesar de alguns raros momentos de brilhantismo (como a emocionante faixa "The Man", por exemplo), nenhum deles pode ser considerado um marco. O mesmo acontece com Delivering the Black - que, detalhe, ainda sofre de um problema crônico de falta de punch. Demora a pegar no tranco. Demora, de fato, a começar a empolgar. E quando finalmente acontece, bingo, o disco termina. E não diz a que veio - à exceção de três momentos que merecem destaque.
Canções como "King For a Day" (que abre o CD), "Inseminoid" (que fecha os trabalhos) e a faixa-título representam a quase totalidade do álbum. Têm uma boa dose de porradaria, têm um trabalho competente do time de guitarristas formado por Magnus Karlsson e Alex Beyrodt e, obviamente, trazem o vozeirão de Scheepers em plena forma. Só que o grande problema é que são canções formulaicas. Que poderiam estar em qualquer disco do Primal Fear ou, em alguns casos, de qualquer banda de power metal mais talentosa. Falta-lhes personalidade.
A prova da personalidade que o Primal Fear consegue imprimir em seu trabalho quando quer pode ser brevemente vista, por exemplo, em "When Death Comes Knocking", faixa que ousa pisar no freio da aceleração máxima do power metal e que tem riffs de guitarra cheios de brilho, fazendo conexão direta com o som do Judas Priest. Ou na balada "Born With a Broken Heart", com participação de Liv Kristine (Theater of Tragedy, Leaves's Eyes) e na qual Scheepers arrisca um lado mais suave e sutil de seu potente alcance vocal.
Mas o melhor, a prova definitiva do tipo de música que o Primal Fear REALMENTE consegue fazer, ficou para o final, no épico de mais de 9 minutos "One Night in December". Um refrão avassalador, uma performance de bateria que dá gosto (Randy Black merecia um prêmio!) e a utilização, na medida certa, de elementos sinfônicos. Fácil, fácil, uma das canções mais belas da carreira dos caras. Um das grandes músicas de heavy metal do ano.
Dá para imaginar um disco no qual eles se arriscam tanto quanto em "One Night in December"? Arrisco dizer que, de partida, teria tudo para ser uma obra-prima.
Talento não falta ao Primal Fear. O que falta é eles começarem a se desafiar um pouco mais. Porque só quando um músico desafia a si mesmo é que ele começa a desafiar os ouvidos de sua audiência.
Nota 7,5
Tracklist:
1. King for a Day
2. Rebel Faction
3. When Death Comes Knocking
4. Alive & On Fire
5. Delivering the Black
6. Road to Asylum
7. One Night in December
8. Never Pray for Justice
9. Born with a Broken Heart
10. Inseminoid
Por Thiago Cardim
Não concordo com o Thiago quanto ao 16.6 o álbum passa longe do esquema tradicional, tem várias faixas com adição de grooves e baixas afinações.
ResponderExcluirParece que ele não lembrava do álbum! No mais boa resenha!
Concordo com a resenha, Primal Fear está acomodado, falta algo na banda.
ResponderExcluirTambém acho que o 16.6 foi um bom álbum, bem acima do "New Religion".
Porém, eu prefiro muito mais aquela fase mais heavy do PF, o álbum "Devil's Ground" pra mim é o melhor deles!!!
Ta aí uma banda que entra naquela categoria dos "agora vai" e....sempre fica no "não foi".
ResponderExcluirSei lá, tenho maior simpatia pela banda, fui em um show deles que foi muito bom mesmo....mas desde o Seven Seals não rolou mais nada de realmente legal. É sempre uma ou duas musicas legais e...nada.