Apanhado sludge/doom/stoner/post-metal de maio


Mais uma edição do apanhado de notícias sobre o que aconteceu de interessante nos úmidos porões e becos do metal durante o mês de maio.

Neste último período, novidades sobre os pilares do estilo Down e Novembers Doom, o retorno do Godflesh, o The Atlas Moth com um dos melhores trabalhos de arte dos últimos anos e a banda que pode ser uma das mais brutais já surgidas na Finlândia. Vejam só:

Bongripper



Quem vê apenas a aparência dos músicos do Bongripper pode julgar que se trata de mais uma banda indie ou alternativa, e não os compositores do massacre instrumental de reverência a entorpecentes e ao inferno que pode ser conferido em álbuns como Hippie Killer (2007) e Satan Worshipping Doom (2010).

Três anos após seu último trabalho, o quarteto de Chicago retorna com Miserable, a ser lançado pelo próprio grupo nos próximos meses. Composto por apenas três músicas, o doom de boas doses psicodélicas da faixa "Endless" (e seus quase 18 minutos) pode ser ouvido no player abaixo. Confira:



Castle



Liderado pela vocalista e baixista Liz Blackwell, o trio Castle (de San Francisco, não o homônimo sludge de Minneapolis) soltou para audição completa o seu terceiro disco, Under Siege. Lançado pela Prosthetic Records dois anos depois do mais do que excelente Blacklands, o novo álbum mantém a parceria com o artista Denis Forkas (também responsável pela capa de The Satanist, do Behemoth) e apresenta a amálgama de heavy e doom metal de uma forma um pouco mais limpa do que anteriormente, sem perder nem um pouco de sua densidade. Uma versão mais polida e direta de bandas como Blood Ceremony, Witch Mountain, Demon Lung, Mount Salem e Jess and the Ancient Ones. Não tem como ser menos do que excelente.

Clique aqui para ouvir o disco completo e assista abaixo o vídeo para a música “Be My Ghost”



Down



O Down soltou o vídeo da faixa “We Knew Him Well”, uma das seis presentes em seu novo EP Down IV – Part II, lançado no dia 13 de maio. O trabalho é o primeiro a contar com Bobby Landgraf (do Honky), que substituiu Kirk Windstein e agora faz frente à Pepper Keenan no grupo de Phil Anselmo e Jimmy Bower.

Nada de muitos enfeites no vídeo, apenas a banda despejando seus riffs imundos – aquilo que se espera de um projeto formado pelas grandes mentes da música lamacenta de New Orleans. Assista:



Godflesh



G. C. Green e Justin Broadrick, os corruptores do industrial metal divulgaram a primeira música do Godflesh desde o álbum Hymns, lançado em um distante 2001.

Ringer estará no EP Decline & Fall, que deve ser lançado em junho pela Avalanche Recordings. Não apenas isso, um novo disco chamado A World Lit Only By Fire sairá até o fim do ano. O quão bom é isso?



Hush



Nascido da colheita cultivada por bandas como Cult of Luna e Neurosis, a banda americana Hush não deve soar estranha àqueles já adentrados a superfície do sludge e do post-metal. Claramente trabalhando com tentativa de soar diferenciada (além de trazer um interessante conceito) em seu disco de estreia, o quinteto ainda está em processo de desenvolvimento, mas o que pode ser ouvido em “Solus”, logo abaixo, mostra que o caminho está sendo trilhado mais do que corretamente.

Unexist deve sair no dia 24 de junho, lançado pela própria banda com uma intrigante capa.



Monarch



Túneis velhos, figuras sombrias mascaradas paradas, velas, cruzes invertidas, cortes rápidos, sangue, crânio, iconografia. Tudo em preto e branco e sobre aquele doom de proporções infernais e cataclísmicas, a lentidão funerária com a agonia drone conduzidas por berros ensandecidos? É aproximadamente o que pode ser visto no vídeo para a faixa “Mortes”, da banda francesa Monarch.

Essa cacofonia desesperadora estará em seu novo disco, excelentemente batizado como Sabbracadaver, que será lançado em 22 de julho pela Profound Lore Records. Veja logo abaixo, com certa cautela:




Mortals



O Mortals é um power trio de Nova Iorque, formado por Elizabeth Cline, Lesley Wolf e Caryn Havlik (as duas últimas fazem parte do Slaywhore, banda feminina tributo ao Slayer) que está lançando o seu segundo trabalho em 2014, chamado Cursed to See the Future. A ser lançado no dia 08 de julho pela Relapse Records, o novo álbum sucede o sludge punk apresentado em Encyclopedia of Myths (de 2009) e caminha para um lado mais doom e black metal da desgraceira sonora.

Abaixo, ouçam "The Summoning", nove minutos ruidosos e de várias mudanças de andamento, que será a terceira faixa do disco:



Novembers Doom



Entre as pioneiras (e sobreviventes) bandas do death doom americano, o Novembers Doom é conduzido pelo vocalista Paul Kuhr desde 1989, quando o grupo ainda atendia como Laceration. E em 2014 eles lançarão pela The End Records o seu nono disco de estúdio, Bled White. Produzido por Dan Swanö e Chris Wisco, será o primeiro trabalho desde Aphotic, a progressiva e brutal obra de 2011, e vem com a promessa de trazer uma mudança na sonoridade da banda. Aguardemos.

Confira abaixo o tracklist de Bled White:

1. Bled White
2. Heartfelt
3. Just Breathe
4. Scorpius
5. Unrest
6. The Memory Room
7. The Brave Pawn
8. Clear
9. The Grand Circle
10. Animus
11. The Silent Dark

Owl



O duo alemão Owl disponibilizou o seu novo EP Into the Absolute no último dia 12 de maio, pela Zeitgeister Music, e pode ser ouvido no player abaixo. O curto registro vem menos de um ano depois do conceitual e espetacular You Are the Moon, I Am the Night, clarificando e tornando ainda mais cristalino o doom metal profundo de lapsos death metal e baseado em níveis e mais níveis atmosféricos, ao longo de quatro curtas faixas (cuja duração total é aproximadamente o de apenas uma faixa do trabalho anterior).

Não que tenha se tornado uma banda de fácil assimilação, claro. Os ruídos incompreensíveis e grunhidos saídos do abismo permanecem os mesmos. Into the Absolute apenas soa como um epílogo – ou talvez o prólogo de algo que está por vir.



The Atlas Moth



The Old Believer é um dos álbuns mais aguardados de 2014 nos úmidos porões do heavy metal. E não é a toa, afinal de contas, os americanos do The Atlas Moth anunciaram o sucessor de A Glorified Piece of Blue-Sky (2009) e An Ache for the Distance (2011) para o próximo dia 10 de junho, a ser lançado pela Profound Lore Records. E considerando o que pode ser ouvido em “City of Light” e “Collider” logo abaixo, a espera será mais do que recompensadora.

Ah sim, e o trabalho artístico da capa também é um dos mais geniais dos últimos tempos.





The Swan King



O The Swan King é mais uma banda de Chicago, formada por Jamie Drier, Zafar Musharraf e Dallas Thomas, músicos que já fizeram parte de bandas como Planes Mistaken For Stars, Asschapel e Pelican (ora essa, Thomas substituiu ninguém menos do que Laurent Schroeder-Lebec, um dos fundadores dos pelicanos).

O seu segundo álbum, a ser lançado pela War Crimes Recordings em junho, se chamará Last So Long e traz as oito músicas abaixo, dando continuidade ao post-hardcore que parece saído de algum beco da década de noventa, sonoridade que já lhes rendeu shows ao lado de bandas como Indian, Black Tusk e Red Fang.

1. Explore The Void
2. At Who’s Expense
3. Closer To The Source
4. The Same Result
5. Built To Break
6. Returning To Haunt
7. Last So Long
8. As It Is

Trap Them



O Trap Them tem se mostrado uma banda cada vez menos inclassificável recentemente. Não que o seu som traga incontáveis influências, mas o híbrido entre grindcore, crust, hardcore, punk e sludge apresentado por este quarteto de Seattle parece cada vez menos comparável a de outras bandas. 

E isso ótimo, afinal de contas, aparentemente eles continuam a incorporar novos elementos em sua sonoridade, como podemos conferir em “Organic Infernal”, música com altas concentrações de caos alucinógeno que faz parte de Blissfucker, a ser lançado pela Prosthetic Records no próximo dia 10. Ouça abaixo:



Vainaja



Perigosamente autoproclamados como a banda responsável pelo “disco mais pesado já escrito no idioma finlandês”, o trio Vainaja liberou para audição a íntegra do seu debut Kadotetut, lançado pela Svart Records no dia 23 de maio. Exageros ou não a parte, é inegável a brutalidade arrastada quase claustrofóbica nas nove faixas que compõe o trabalho, personificadas na forma daquele doom death do início da década de noventa, de ritmos lentos, ritualísticos.



Por Rodrigo Carvalho

Comentários

  1. * Escutei todo EP do Godflesh com um grande sorriso no rosto lembrando os meus 18 anos... Discaço!
    Nada supera a antiga tríade: Godflesh, Ministry e NIN.
    Por mais que eu goste do jesu, Só o "Carne de Deus" pra saciar-me com o caos eletrônico aliado ao peso do Metal!!!

    * O Hush parece mesmo promissor... o 2º deverá ser melhor ainda!

    * O que mais me empolgou das bandas com vocais femininos foi o Mortals! Boa sonoridade. Sou meio chato pra curtir vocais femininos. Detesto Arch Enemy. Aprecio mais a vocalista do SubRosa.

    * Ainda estou em processo de apreciação do The Atlas Moth...

    * Ansiosamente aguardando o lançamento dos álbuns do Bongripper e Novembers Doom !!!

    * Gratíssima surpresa o Owl!

    * Enquanto várias bandas querem atingir "o bom gosto e refinamento musical" através do 'Progressive Rock', aparecem bandas como o VAINAJA chutando tudo com o "fora de moda" Death/Doom noventista!!!! Muito Bom!



    Valeu, Rodrigo!


    ps. Bandas q passaram batidas:
    Mammoth Storm - Rite of Ascension
    Fu Manchu - Gigantoid
    Bong Breaker - Mountain

    ps2. Não deixe este apanhado morrer!!!!

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